quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Amaro

Meu porteiro me paquera. "O que vc ta fazendo aí no escuro, Amaro?" Ele esconde os dentes. "Ah! Tá ouvindo jogo..." Dou a mão pra ele apertar. Ele sempre se demora. E ri, tímido. "Quer ouvir mais eu?"

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Corrida maluca

Desde doze anos dirige carros tendo apenas o irmão caçula como companheiro. Nunca nestes anos posteriores conseguiu controlar o que fazia ali dentro. Não evitava estar no banco do motorista mesmo sabendo que não poderia controlar o que viria pela frente. É sempre com muita dificuldade que encontra o volante e procura pelo freio. Por outro lado, o carro está sempre acelerando, sempre em alta velocidade, desgovernado, com vontade própria. Pedindo para ser dominado. Se pudesse, estacionava. Se pudesse, esperava um pouco até aprender a usar todos aqueles mecanismos juntos. Tenta isso desde novinha, é como se suas noites fossem grandes loopings ansiosos. E isso é apenas mais uma das esquisitices que não pode evitar.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Sobre nada

É da falta de escrever que vem a sensação de que nada sido muito marcante (se é que tem que ser assim). É como se mil coisas tivessem acabado, mas, por dentro, ainda tinha outras mil indecentes e imorais (se é que é possível não guarda-las). É de uma música ruim que sabe que nasceu como qualquer pessoa e que vai penas pelas mesmas pequenezas. E como se não estivesse claro, pega um HB grosso e, no segundo dia do novo ano, rabisca a agenda com seus próximos objetivos, disfarça para si mesma a incapacidade de sonhar. E, numa lista, certifica-se que é maior a sua inabilidade de realizar (como se fosse houve algo hábil).