sábado, 25 de dezembro de 2004

2004

Sexta-feira, Dezembro 31, 2004


Mensagem de FIM DE ANO?? 
Ah... posso fazer uma mensagem de começo de ano amanhã? Eu realmente acredito em boas esperanças, desejos, fé que as coisas podem melhorar! Acredito que se não tivessemos essas pequenas esperanças a gente se matava mais cedo. 25 e todo mundo morto. Eu realmente acho é uma boa saída acreditar que tudo pode melhorar, que eu tenho uma nova chance pra fazer o que ainda não fiz, ou fazer algo totalmente novo apenas porque é ano novo. Ano Novo!!! Quais são as chances que temos de encontrar a cada 365 dias algo totalmente novo? Que venha um ano novo de vez em quando, uma roupa nova de vez em quando, familia reunida de vez em quando, comidas boas... afinal, o que não mata, engorda, de vez em quando! 
Ah! então tá bom: 
Queridos, que seja um ano, no minimo, de bons feitos. Não grandes, nem inesquecíveis, mas que se faça coisas que valham a pena! É o mínimo, né?! Divirtam-se também! 
UM 2005 PROVEITOSO!!!
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Terça-feira, Dezembro 28, 2004


Bala, gelatina, bombom, chiclete, pudim, pipoca, passeio no parque, filme no cinema, casa na árvore, passarinho, gato, cachorro. Importa? Blusa de seda, meia de lã, calça de moletom, cama de casal, tapete persa, assoalho de madeira, sofá de couro, estante marfim, tv 29 polegadas. O que? Banho de mar, mergulho na piscina, banho de chuveiro, de mangueira, banho de chuva. Importa... Sapato de salto alto, salto 15, salto agulha, anabela, plataforma, mule. O? Manicure, pedicure, cabelereiro, alongamento nos cabelos, cirurgia no nariz, silicone na boca, nos seios, lipoaspiração, redução de estômago, limpeza de pele. Quê? Refluxo, lombriga, bicho geografico, unha encravada, cefalite, bronquite, miopia, gagueira, dislexia, laringite, hepatite, bulemia. 

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Segunda-feira, Dezembro 27, 2004


Hoje eu fui contar sobre nós. E descobri que nós não temos história. 

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Domingo, Dezembro 26, 2004


Eu estava dentro de uma festa. Típica. Com banda feliz, pessoas felizes cantando, pessoas felizes dançando. Típica, já entenderam, né?! E eu, quieta... braba até, porque estava sozinha, e apesar de aquele ser um velho conhecido lugar, as pessoas tinham envelhecido, quando não sumiram, mudaram, ou eu é que não reconhecia mais tudo aquilo. Alguém pôs a mão no meu ombro, estava feliz por eu estar ali. Eu não. Eu sabia que eu não pertencia mais. Como conjunto matemático "milena não pertence ao conjunto B". A outra pessoa que eu fui se encaixava ali. Eu não sei quando foi que eu mudei. Logo, parecia que meu estômago, meu fígado e meu esôfago tinham se transformado numa coisa só que girava cinco vezes pra direita e vinte e cinco pra esquerda. Tonta! Eu gosto de parecer com os outros, de saber qual é o traje da noite e estar com a cara que esperam que eu tenha. E eu não conseguia sorrir, não estava feliz por estar ali, não acreditava em nenhuma palavra. Se eu tivesse levado meu livro, sentava num canto e esperava a noite acabar. Se eu fosse mais corajosa, saía de lá e não voltava mais. Será que os outros estavam felizes mesmo? Onde é que eles compraram aquelas fantasias? Meu pescoço dói. E começa a esfriar. Ainda falta uma hora pra eu voltar pra casa. Fui escrever pra ver se o tempo passava mais rápido. Perdemos uns seis minutos.
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Sexta-feira, Dezembro 24, 2004


Entrou no banheiro, antes de dormir. 

... 

(contraditoriamente ouvindo "Everythings not lost" - Coldplay)
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Quinta-feira, Dezembro 23, 2004


Por que todas as ultimas vezes que eu sentei pra escrever nos ultimos dias me deram muita vontade de dormir? Será que eu chegeui no estado em que eu mesma me causo sono? 
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Segunda-feira, Dezembro 20, 2004


Po, cara! As vezes as coisa fica meio confuso, né?! As vezes a gente num intende nada e fica zanzando feito barata tonta por aí. Po! Nós qué melhorá, andá pra frente, com a cabeça erguida mas os cara aparece e encrenca com tudo! Cê tá ligado? Eu tava seguindo na minha, susse, e aparece neguinho pra desbirocá de vez. Assim num dá! Os cara num tem respeito não? Acha que é só chegá, bate um papo mole e já sai levando? Qualé? Po! Pió que, vo falá coisa de mano pra mano, coisa que num queru que ninguem mais saiba, falô? Pió qui esses papinho entra na caxola e fica lá martelando. Cê qué i dormi e aquela coisa tá lá. Vira prum lado, proutro, nada! Desce pra tomá um copodagua e a coisa ainda tá dentro da cabeça. Também, né, o cara fica alugando alugando alugando... dificil esquece as coisa que ele fala. Po! Num sô de ferro, né?! Quando eu tava a toa num apareceu ninguem, agora isso... As vezes dá vontade de explodir com tudo isso aqui. Jogá uma bomba, tá ligado, e acabá com o mundo! Po! Já tá tudo virado mesmo, né?! Tá, foi mal, eu disviei... É que num to acustumado a ficá falando di mim assim. Po! Dificil pácas! Acha não? Entáo vem aqui. Começa você a falá! Num rola, né?! Beleza, eu to ligadu nas paradinha. É complicado, maninho. Eu to numa sinucadibicu, acha não, num mato sem cachorro, to fudidu e mal pago! Agora eu vo te que chegar pro malandro e abri o jogo? Cláquinão! Num falo. Morro cego mas num abro essa boca! Ixi, ficá dando tiro nu iscuro? Nem a pau! Piá tem mó cara di qui faiz dessa o tempo todo! Eu to fora! Só num to conseguido dormi. Isso pq ele nem fez nada, só falô! Po, to fora! To muito fora! 
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Domingo, Dezembro 19, 2004


Senhor Nó. 
Eu tenho vontade de encostar em você. De te passar a mão no ombro, nas mãos, na cabeça. Eu quero te apertar forte e repetir várias vezes que gosto de você. Porque pra mim, antes, era impossivel. Hoje não. Hoje eu tive vontade de colocar meus dedos entre os seus, de poder pedir pra ficar em silêncio contigo e apagar as pessoas que sorriam ao nosso redor. Silêncio. Um minuto nosso. Eu quero muito poder dizer "nosso". Eu, muitas vezes, não quero. Eu não quero ficar feliz em falar você, em ver teu nome, ler sua voz. Eu não quero que meu pote de felicidade esteja cheio de moedinhas com a sua cara. Eu sinto ciúmes de você! Eu me fecho em ciúmes! 
Eu preferi te imaginar sempre como a pessoa que convive comigo. Eu anulei o mundo ao seu redor e o seu passado. Esqueci que longe de mim você tem seus próprios laços. Eu criei um você. Um você meu. Fui eu, eu, quem atou o nó. E quando eu vi você no seu mundo, me senti fora, solta. Eu me senti engasgada, com um sorriso amarelo, querendo perguntar pra onde você tinha ido, mas amarrada pela certeza que você nunca tinha estado só comigo. Eu queria não ter errado de novo. 
E eu sou cega, tenho ataduras nos olhos! Eu não vejo o mundo como ele é - se é que ele tem uma forma própria e única. Eu fantasio. Pinto tudo de cor-de-rosa-choque e acho que posso pisar em algodão. Eu engulo seco. Tenho os olhos baixos, os ombros caídos, os dedos lentos e uma saudade de você. Uma saudade do que se foi apesar de nunca ter sido. Um embrião de história que foi enforcado antes de iluminar o mundo. Eu sei que por enquanto, por enquanto enquanto eu escrevo, enquanto choro, e sinto, e morro, você fica sendo você, porque esse é você longe de mim. Porque você não sou eu e nem parte de mim. Porque por enquanto você é esse nó na garganta, esse chute no estômago, esse frio na pele, o salgado nos olhos. Pra mim. Em mim. Você foi a esperança e o fim. Por enquanto. 

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Quarta-feira, Dezembro 15, 2004


Em geral, as coisas estão sempre mudando e são sempre as mesmas. Esse ano, eu fiz grandes e velhos amigos. Outros, eu evitei. Eu deixei muita coisa guardada na gaveta. Eu criei outras. Eu ainda tenho a sensação de que vou ser sempre a mesma pessoa. Eu ainda quero esquecer muita coisa em mim. Tive vontade de dizer te amo, o que já é bom, mesmo que a vontade tenha passado mais rápido que o reconhecimento da não-veracidade do sentimento. Eu cortei meu cabelo. E pintei. Umas cinco vezes, pelo menos. Agora eu uso vermelho nas unhas e aprendi a ir ao cinema sozinha. Aprendi a gostar de mim sozinha. Eu passei no vestibular, ganhei uma bolsa de extensão, tranquei um curso. Eu realmente fiz vários amigos. Às vezes, eu me sinto capaz de amar. Eu tomei chá duas vezes num único dia. Eu escrevi mais e não fui sincera. Chorei. Chorei vendo filmes, lendo cartas, ouvindo músicas, dormindo. Esse ano vai acabar diferente do outro, e vai continuar tudo igual. Eu ainda tenho muito medo, ainda perco muito o sono, ainda durmo demais. Eu ainda gosto de falar de mim. Ainda não encontrei as respostas.
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Domingo, Dezembro 12, 2004


Sabe qual é o seu problema? 
SUPERVALORIZAÇÃO!!!! 
Eu não sou tão especial! 

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porque eu nunca fui desenhada antes... 
 
...fiquei toda cheia de mim quando vi esse rascunho...
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Terça-feira, Dezembro 07, 2004


Estava entrando na sala e não sabia o que estava fazendo ali. Notou que o teto estava muito mais baixo que o normal. Com certeza não era ela quem havia crescido. Olhou no fundo da sala, que, aliás, diminuía de altura à proporção que entrava naquele ambiente. Por detrás de uma coluna, que fazia a sala ser ainda menor, de tantos em tantos, viu um formato de corpo conhecido. Roupas conhecidas. Pensou em como aquela memória teria sido evocada depois de tanto tempo. Continuou andando, sem entender. Racionalmente, teria fugido daquele encontro como já tinha feito tantas e tantas vezes naqueles dois anos. Ele se abaixou, sua grande cabeça contornava a coluna e olhava em sua direção. Não tinha como ele te-la visto, pensava, mas lá estava ele, sorrindo. Foi a primeira vez que ele parou para falar com ela. Todos os outros encontros tinham sido rápidos, pela necessidade real ou pela pressa criada. Sorriu. "Oi!" Ela deu a bochecha para que fosse beijada, como sempre (ser beijada era muito mais interessante, ela pregava). Confusão de faces. Suas testas se encostaram, quase, os lábios. "Oi." Ele começa um diálogo inesperado enquanto ela tenta assimilar aquele ambiente nublado, as paredes que diminuem, a presença daquele homem em seu território. Ele: "você está abatida, está tudo bem?" Ela: "É claro que não! Se eu nego que sinto sua falta, meu corpo me entrega. Eu não estou bem há muito tempo.", ela pensou. Ficou muda. Não poderia encontrar uma resposta rápida e eficaz para aquilo. Ela sabia que estava abatida, mas não sabia que podiam ver. "Você me convidou para ir blurghming (simplesmente esqueceu a palavra que saiu da boca dele e não conseguia lembrar que convite era esse), eu fui e você não estava." Agora sim deveria estar abatida. Que conversa era aquela?, ela pensava, fazia meses que não se viam e ele a trata como se tivessem conversado ontem. "A gente tem que conversar", tomou coragem e falou. Na sua cabeça, uma sucessão de fotos de mais de quatro anos de vida juntos passava em alta velocidade, formando um filme sem sentido, ligado apenas pela palavra "nós". Já não era verdade isso. Eles não eram nós desde que uma outra ela entrou naquelas pessoas. Na sua cabeça, apenas uma vontade imensa de contar o quanto estava angustiada naquele ambiente minimizado, queria poder abraça-lo novamente e se sentir tão não-só. "Você quer ir lá em casa?" E começou a chorar. Ela sentiu, assim, saudades, muitas. Chorou. Queria ir na casa, queria conversar com a família, queria sentar naquele mesa e falar do passado, queria que aquilo tudo tivesse sido real. Acordou chorando e, às três da manhã, chorava por ter a capacidade de se enganar até em sonhos. 

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* Se você achou esse blog muito prolixo e metido a ser profundo, vá para o Blog da MilAna

*idéia de Eduargo Baggio 
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Segunda-feira, Dezembro 06, 2004


- Milena, essa historia de hoje é sobre o Lost In Transation? 
- É, quer dizer... 
- hehehehe 
- Ah! Mas que saco* também, fiquei irritada... 
- Ei, você tá morrendo de ciúmes!!! 
- Ah! Eu nem... Saco*!!! 
- hehehehe 
- Saco*!!! 

(*toda sorte de x/?/chingamentos, negações e depreciações jogadas ao ar) 

**** 

Acordei hoje e queria que o mundo morresse. A câmera não ligava (e nem desligava), o quarto tinha virado uma sauna, minha cachorra latia e eu tinha acordado depois de 5 horas de sono, apenas. Fui no Juizado de Pequenas Causas, no Banco, na Faculdade e passei a tarde ouvindo um tiozão falar sobre a eletricidade e o mundo (ou, desde a usina do itaipu até as nossas casas...). Tinha tudo pra querer explodir com o primeiro "bom-dia" que ouvisse. E, sabe? Passou, apenas isso... A vida deve ser mesmo assim. 

**** 

Adoro calor e a disposição de ficar muito tempo debaixo do chuveiro! 

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Às vezes eu sou eu, às vezes, não. 

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Eu me sinto uma peça barata num antiquário. Eu me sinto como uma bonequinha de porcelana e não entendo quando foi que construí essa imagem. Eu sou muito bonitinha, muito queridinha, muito espertinha, muito fechadinha, muito sozinha e todo mundo acha isso engraçadinho. Qualquer dia, de peça de antiquário eu viro atração de circo. Eu to me sentindo idiota por ter escolhido você. Entenda. Escolhido. Não foi decisão emocional, eu acreditei que isso valia a pena e depositei meu tempo ali. E agora eu sou uma jóia que não pode ser comprada. Uma pequena raridade a quem não se deve nem perguntar o preço. Eu odeio esse papinho "vamos elogiá-la e mostrar o quanto eu GOSTO dela, tadinha." Eu cheguei em casa triste hoje. Eu não quero mais rir das suas piadas, ouvir suas historias, ser bacana com seus amigos. Eu não quer ser LEGAL. Eu já passei por isso antes e foi o suficiente para saber que o veneno pra matar essa florzinha custa muito caro. Eu chorei. Eu vou me mudar pro Groenlandia. Vou colocar uma placa de "procura-se" na porta da minha casa. Em 48 horas, eu vou desistir de você. Eu me sinto uma barata no antiquário.
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Domingo, Dezembro 05, 2004


Ela estava com os braços queimados do sol, e com uma faixa branca no pulso esquerdo, marcas do primeiro ano de seu relógio marrom, de largas pulseiras de plástico e dono de um tique-taque perene, digno de um despertador de corda. Quando vestia saias, sentia-se uma estrangeira num país tropical. Podia, com pouco esforço, ver as próprias veias da perna, e sabia que poderia morrer de vergonha se algum dia alguém comentasse sobre elas. Nunca quis ser tão transparente. Ela gostava do resultado de seu olho escurecido pelo uso do lápis e de muito rímel. Gostava de olhar as pessoas nos olhos. Não por buscar a sinceridade entre o discurso (¿ah! Os clichês...¿ ela pensava), mas para apreciar o embaraço da presa frente ao caçador. Tinha apreço, também, pelo dedo mindinho do pé direito, que escondia uma pinta de nascença. Ela tinha várias pintas de nascença e nunca entendeu como se deu a formação delas. Com os anos, muitas desapareceram, outras surgiram, e outras aumentaram tanto que foram extraídas daquele corpo maior. Maior. Ela foi a maior da turma até a segunda série, e durante anos ficou com uma imagem alterada de si mesma. Ela se achava grande. Só se viu menor do que o imaginado quando tentou pular por cima de uma árvore e faltaram-lhe pernas. Olhou para o lado e não tinha ninguém. Encostou-se ao barranco e chorou. Hoje a tarde, ela estava conversando sobre o cenário musical paranaense. Ela entende de música as sete notas, se bem que de dó a dó sempre vão oito. Prestava atenção nos outros braços, pensava se as pernas daquelas pessoas seriam tão brancas como as dela. Pensava que sol, mar, amor eram palavras que nunca estavam juntas numa mesma música curitibana. Como podia querer que suas pernas fossem bronzeadas se fazia meses que ela não tirava a calça jeans? De repente, ouviu, "eu vou embora". Eu vou embora. Essa frase e um frio. Um arrepio. Ar-re-pio de pan-ca-da. Pan-ca-da de ar-re-pio. Cantarolando assim, tinha saudades do tempo em que se separavam corretamente as sílabas. Ele foi embora. Em seguida, sentiu-se invadida por dois sentimentos opostos e completamente necessários, entendeu. Seria possível que não desejava que ele se fosse? E, que maravilha! Estava tão triste por perder aquela presença, triste de dar um aperto entre o umbigo e o encontro das costelas. "Não, fica...", era a sua vontade. Tão triste. E tão empolgada por, enfim, dizer "não, fica...", por poder sentir aquela tristeza romântica, por desejar encontrar, enfim, as pernas maiores que a ajudariam a sair de detrás do barranco. Ele foi embora, ¿tudo bem...¿, nunca acreditou em telepatia. Nunca quis ser tão transparente. Hoje a noite, olhando-se no espelho ¿ o resto de maquiagem nos olhos proporcionava-lhe um uma sensação particular ¿ via-se bela e triste como o fim de um dia de sol. Descobriu uma pinta nova.
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Quarta-feira, Dezembro 01, 2004


FELIZES SÃO OS INFELIZES DOS CÃES, QUE PELO MENOS SABEM SE AFASTAR DE QUEM NÃO PRESTA. 

EU NÃO SEI.

quinta-feira, 25 de novembro de 2004

2004

Terça-feira, Novembro 30, 2004





Não era assim que eles falavam (eu ainda não ando com um caderninho anotando as belas frases que são soltas pelo mundo), mas no finzinho do filme, tem um lance do Ariel (esse carinha da esquerda, na foto) falando: 

"hoje eu sonhei que era pai. Sabe quando você sonha que está voando ou que está caindo? Temos a sensação de estar acontecendo, apesar de, de alguma maneira, saber que não está. Mas, sentimos aquilo. Hoje eu acordei com a sensação de ser pai e a contade de abraçar alguém que eu não conhecia." 

(eu posso ter desvirtuado a mensagem original, a lembrança da coisa pode estar baseada no que eu entendi sobre ela e não nela mesmo, enfim, grande pedida!!) 


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ANALFABETA FUNCIONAL 
01) Quantos anos você tem? 
R.: 21. 
02) Qual seu nome? 
R.: Milena. 
03) Elabore uma frase com as duas respostas acima. 
R.: Milena... 21... dedos? 
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Segunda-feira, Novembro 29, 2004


BALANÇO DO DITE: 
3 cataflans pra combater a inflamação no dente (sim, a dor no ciso é, na verdade, uma dor na parte e cima da gengiva que cobre o dente), 3 paracetamols (com intervalo de de 40 minutos entre cada um) pra acabar com a dor de cabeça que a dor no dente me causou, 1 comprimido de guaraná pra me deixar acordada depois de tantos remédios (porque amanhã tem prova e o ser aqui precisa estudar), 1 propanolol pro coração ficar sobre controle depois de tantos remédios e ativadores. 
Isso sem contar da água oxigenada 10 volumes e a seringa no banheiro (pra desinflamar o dente), coca-cola e café pra combater o sono durante a tarde e o que vai vir agora, sonho de doce-de-leite, biscoito de manteiga e outros docinhos pra me distrair dos textos e Amelie Poulain no rádio na hora de tomar banho. 
Daqui a três dias meu corpo pára de me boicotar e eu volto a ser a Milena de antes (até que ponto isso é bom?...)! Paciência, meus amigos... foi isso que eu pedi aqui em casa!
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Domingo, Novembro 28, 2004


Tem dias que eu me sinto um zero 
Tem dias que eu me sinto um dente 
Tem dias que eu sou MilenITE 
[o que pode ser pior que estar em boa companhia, servido de boa comida, ouvindo um bom papo? 
Isto: não entender nada da conversa, estar com vontade de ir ao banheiro, parecer a antipática porque está sentindo tanta dor no ciso (siso? sizo? cizo? siso? ssiso?...) que nem consegue rir de uma piada que já perdeu (porque estava pensando no dente) e ficar se sentindo a idiota da mesa] 
Tem dias que eu deveria ter saido de casa maquiada 
Tem dias que eu sou a própria inflamação
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Quinta-feira, Novembro 25, 2004


Devia ter uma música pra este momento. Devia ser uma dessas do Wandula, que acabei de conhecer, ouvir, ver, sentir. Devia ter um termômetro de confiabilidade nas pessoas. Devia ter um alerta dizendo quando elas vão te surpreender. Devia ir dormir porque amanhã o dia é longo. Devia mandar tudo à merda. Se eu fosse um signo, devia ser algo com leão. Preciso perder essa mania de enfiar as mãos no cabelo quando fico nervosa e sem rumo. Preciso parar de morder meus dentes. Tenho que me lembrar de ser mais cética. Sim, mais. Preciso de uma música pra dizer por mim agora. Meu corpo dói das estrepolias de ontem. Desde os olhos, passando pela bochecha, queixo, ombros, braço, mãos e pontas dos dedos, sinto um peso que quase me impede de chegar na cama. Me impede de terminar de escrev 
(ainda tenho forças pra pedir uma música... "Sam...")
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Segunda-feira, Novembro 22, 2004


Viu? 
Às vezes, 
tudo o que pessoas como eu precisam 
é de um pouco mais de 
E S P A Ç O ! 


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Quinta-feira, Novembro 18, 2004


Roteirizardecuparproduzirfilmareeditar = 1 vídeo + inventarimagensparatrêsminutosdeumevento = 1 vídeo pro Putz +entrevistacomPróreitoraparaarrumarumprojetoantesdadocomoconcluído = 1 vídeo + assistirSalomé = 1 prova +assistirOPovoContraLarryFlint = 1 trabalho de Sociologia + lerumtextoeescrever = 1 resenha + lembrardeaulasperdidas = 1 prova de Legislação + xunxarumtrabalhojáfeitosobreimprovisação = 1 trabalho de Interpretação +umacoreografiademúsicaafricana = 1 trabalho de Dança + lertrêstextoseanotaçõesdeaula = 1 prova de Teoria da Comunicação = nervosismolatenterugasnatestacabelospracimamauhumoriminenteespinhasunhasroidas perdadanoçaodomundoexteriormaisumpoucodemauhumorpontofinal 
Tem coisas que não tem preço... 
Paratodasasoutrasvocêfingiloucuraouenlouquecedevezetentaratestadodeummédico 
psiquiátricopraaumentarseusprazosdeentregadetrabalho: 
INFERNO ASTRAL: Sempre 20 dias antes do último dia de aula do ano! 

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Constatação do dia (com duas rugas de tensão frisadas na testa): 
Eu tenho a mente de um velho reacionário de 61 anos. 

Frase do dia: 
"Onde esse mundo vai parar, meu Deus?" 

Pensamento do dia: 
será que eu sou um personagem do Nelson Rodrigues? 

Almoço do dia: 
beterrabas, com muito sal. 

Música: 
"michelly, ma belle, son de mon qui von tre bien ansan" 

Constatação 2: 
desistir de falar francês.
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Domingo, Novembro 14, 2004


Dois xisbúrgueres e um milquecheique de ovomaltine. ...
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Sexta-feira, Novembro 12, 2004


Estava no ônibus, novamente. Novamente, lendo. Engraçadinha, seus amores e seus pecados. No segundo tubo, ele embarcou. Havia lugares vagos. Por algum vago motivo, ele decidiu ficar em pé ao meu lado. Sentada, só enxergava até metade do seu tronco. Calça marrom, camisa azul, algum sapato vagabundo preto, uma bolsa atravessada no corpo. "Deus prefere os afogados." A leitura prosseguiu até que pude sentir o cheiro dele. Como aquele homem podia estar com aquele frescor àquela hora da noite? Eram quase onze, afinal. Ninguém, às onze, tem cheiro novo de perfume, de desodorante. Ele voltava do trabalho, de uma sexta-feira cheia, quente até, e cheirava. Uma pausa. Sim, era, mais uma vez, aquela fragrância conhecida. Uma vez, talvez na sexta série, aprendi que a única memória que não conseguimos enganar é a olfativa. Deixo registrado que sou praticamente uma deficiente olfativa, cheiro pra mim, ou não existe, ou é tudo igual. Até hoje, há apenas dois que nunca se foram: o cheiro de biarticulado novo, e esse. Aliás, como nunca perguntei se era de desodorante ou de um vidro de perfume? Voltemos. Sim, eu precisei parar um momento. Como aquele homem tinha aquele cheiro àquela hora da noite e ainda tinha a petulância de ficar em pé ao meu lado? Não pude olhar pra ver seu rosto. Fantasiei um conhecido. Alguém que me conhecesse sob a influência daquele cheiro nas minhas memórias, e depois dela. Ao pôr do sol, achei que tivesse visto seu perfil no meu Chinês. À noite, através da janela, o mesmo perfil ficou mais real. Real e ignorado. Às onze, no ônibus, mais uma chance de reviver você. Engraçadinho. O ônibus vai fazer o retorno da coca e penso porque, periodicamente, sua imagem, cola. Princípio de raiva. Vejo a minha imagem no reflexo do vidro. Eu, novamente, mudei. Sorrio. Obrigada, senhor, seu cheiro me fez lembrar que nunca gostei mesmo dessa química. Próxima parada, terminal... Olhei o rosto: 40 anos, moreno, sofrido. 
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Domingo, Novembro 07, 2004


Um pouco antes de morrer (eles sabiam que aconteceria inevitavelmente), ele implorou para que a cerimonia fúnebre fosse rápida, sem músicas nem fotos, apenas o necessário para satisfazer familiares e curiosos. Queria ser cremado. E queria, ao lado do seu corpo no caixão, que algumas coisas fossem queimadas com ele. Seu "corpo" - era assim que ele sempre se referia a ele mesmo depois da morte. Era possivel que tivesse clareza que, depois do fim, aquela carne só seria a representação do que ele "foi", só seria um corpo, e não mais todo ele. Toda aquela junção de sonhos, esperanças, raivas, protestos, lembranças e feitos não seria ele. "Ele" iria continuar, malfeito, inacabado, fora de si, sem pouso, mas ia keep walking. Na cama do quarto deles, onde seu corpo permaneceu por instantes depois do fim, ela relutava em satisfazer seu desejo. Era essa dubiedade mesmo. A cama deles, os corpos deles, os desejos deles. Ela desejava acreditar que ele ainda estava presente apesar do frio no corpo, apesar da imobilidade. Queria ficar ali por mais alguns dias, queria reunir forças para se separar do corpo amado, do seu cheiro ainda tão vivo, das suas mãos e daqueles cabelos tão lisos como o dela nunca pôde ser. Queria ser forte para poder colocar dentro do caixão todas as cartas e presentes que havia recebido dele. Esse era o combinado. Combinaram não reviver seus momentos juntos, combinaram queimar a lembrança física e deixar que o resto se apagasse com o tempo. Ele achava que seria justo com ela. "Justo?", ela pensava agora. Justo seria que ele ainda estivesse lá, que seus corpos não viessem nunca a se separar. Nunca. Não gostava dessas palavras com efeitos generalizantes. Uma vez, contou-lhe um ditado budista (a verdade é que ela já não mais lembrava a origem do dito - seria esse o primeiro indício da verdade sobre as memórias dos vivos?), algo como "amar é saber viver sem a pessoa amada". Ela entrou em pânico, ele, calmamente, disse acreditar que se fosse para ela ser um pouco (que fosse) mais feliz longe dele, abriria mão de sua presença. Ela, ainda em pânico. Ele tentando explicar sua crença num amor doador, ausente. Eram essas diferenças que a tinham atraído. Traído, agora. O corpo tinha sido levado ao cemitério sozinho. Ele não carregou nada de seus cantos e crônicas de amor. Não foi nem queimado. Todas as promessas foram traídas pela agonia de queimar o fim. Desejou ter morrido primeiro. Queria ter podido decidir pelo fim. Queria que aquele fosse o seu corpo. Queria, ao menos, poder saber onde o corpo estava, queria cartas pra ler, fotos. Queria poder ler seu nome numa pedra e poder enfeitá-lo com coroas de orquídeas. E, agora estava só, era ela quem decidia. Escolheu ter um lugar pra regar com lágrimas.
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Quinta-feira, Novembro 04, 2004


Ai que sono! AI que sono! ai, QUE sono! Ai, que SONO!!! Ai, QUE SONO!!! AI QUE SONO!! ai que sono... aaaahhhhh!!!! que sono.... Ai que sono! AI que sono! ai, QUE sono! Ai, que SONO!!! Ai, QUE SONO!!! AI QUE SONO!! ai que sono... aaaahhhhh!!!! que sono.... Ai que sono! AI que sono! ai, QUE sono! Ai, que SONO!!! Ai, QUE SONO!!! AI QUE SONO!! ai que sono... aaaahhhhh!!!! que sono.... Ai que sono! AI que sono! ai, QUE sono! Ai, que SONO!!! Ai, QUE SONO!!! AI QUE SONO!! ai que sono... aaaahhhhh!!!! que sono.... Ai que sono! AI que sono! ai, QUE sono! Ai, que SONO!!! Ai, QUE SONO!!! AI QUE SONO!! ai que sono... aaaahhhhh!!!! que sono.... Ai que sono! AI que sono! ai, QUE sono! Ai, que SONO!!! Ai, QUE SONO!!! AI QUE SONO!! ai que sono... aaaahhhhh!!!! que sono.... Ai que sono! AI que sono! ai, QUE sono! Ai, que SONO!!! Ai, QUE SONO!!! AI QUE SONO!! ai que sono... aaaahhhhh!!!! que sono.... Ai que sono! AI que sono! ai, QUE sono! Ai, que SONO!!! Ai, QUE SONO!!! AI QUE SONO!! ai que sono... aaaahhhhh!!!! que sono.... Ai que sono! AI que sono! ai, QUE sono! Ai, que SONO!!! Ai, QUE SONO!!! AI QUE SONO!! ai que sono... aaaahhhhh!!!! que sono.... Ai que sono! AI que sono! ai, QUE sono! Ai, que SONO!!! Ai, QUE SONO!!! AI QUE SONO!! ai que sono... aaaahhhhh!!!! que sono.... 
sim, sim, sim, eu gosto MESMO de dizer o que eu to sentindo... 
Por que quanto mais eu dumo, mais eu QUERO dormir, e quanto menos eu durmo, MAIS eu quero dormir? 
É, a vida não é mesmo lógica...
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Segunda-feira, Novembro 01, 2004


Acabei de me pegar na frente do espelho, sem fazer nada, apenas pensando em por que estou tão sem energias. Por que tem momentos em que uma tristeza e desanimo tão grandes me atingem? Por que eu me sinto uma fracote desinteressante e superficial? Há minutos, acabei de me flagrar observando uma espinha que está surgindo na ponta inferior do meu nariz. Metade de mim amaldiçoava a acne e a outra pensava nos motivos que me tranformaram num monte de trapinhos. E, como num momento de iluminação, senti que eu sentia medo. Que estava com medo pelos motivos mais tolos que podem haver. Estou sentindo medo por antecipação, prevendo (como se isso fosse possível) que logo logo vou tropeçar novamente. Olhando pra ponta do meu nariz, de repente, admiti que estou colocando todas as pessoas dentro do mesmo saco e querendo provar que o gosto do suco que vai sair vai ser sempre com aquele azedo já conhecido. E não tenho coragem pra me provar o contrário. Agora estou aqui, comendo um pão com requeijão, olhando pra tevê, olho pesado, cabeça pesada, miolos chuviscando... Enquanto troco os canais, procuro ouvir de algum apresentador de telejornal a previsão do tempo. Fico à espera. Hoje à noite, espero reaver minhas forças, espero passar umas semanas, espero ficar firme, e sem medos.

segunda-feira, 25 de outubro de 2004

2004

Domingo, Outubro 31, 2004


Não tenho conseguido escrever, é verdade. Abaixo, uns pensamentos sem qualidade: 
Essa semana, uma amiga minha da faculdade morreu e, como de praxe, isso me incomodou bastante. E eu tenho tentado não remexer em certas dúvidas e questões que eu já tinha abandonado (da onde eu vim? pra onde eu vou?). Difícil. Também tenho tentado não pensar que adiei um papo com ela, como faço sempre com muita gente, e que foi difícil me perdoar por isso. Como todo ser de 20 e poucos anos, não consigo lidar com a finitude da vida. Morte, pra mim, é um tema complicado. Mais complicado ainda é pensar que tem coisas que eu "não posso". Eu REALMENTE sou do tipo de pessoa que acha que pode tudo. Não é só arrogância, é achar que não há nada realmente impossível pra mim. Eu acho que posso colocar um elefante dentro de uma peça minha no Guaíra, eu acho que vou estudar em Cuba, acho que vou conhecer o Tarantino e coisas assim... sim! E daí uma pessoa que tinha te dito "ei, Mi, to com saudade de você... faz tempo que a gente não conversa.." morre e eu não posso fazer absolutamente nada. Isso é muito estranho. Como uma pessoa pode estar aqui e depois não mais? De repente eu descubro o quão pequena eu sou nesse mundo todo. Eu, uma coisinha que, de verdade, não controla nada! Daí você se sente uma peão dentro de um jogo. Só isso, como se alguém tivesse as rédeas de tudo e você fosse calvalgando. A gente pára e pensa "pra quê?", faz aquela cara de paisagem e não encontra a resposta. Cara de paisagem de novo. E de novo. Chora um pouco por causa da pessoa que se foi (pra onde?), promete que vai mudar sua postura com seus outros amigos vivos, faz outra cara de paisagem (que foi revolvida um pouco pelo vento), dorme. Inchada, acorda, volta à rotina, igual como sempre. Merda.
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Quarta-feira, Outubro 27, 2004


Mãos que se tocam. Imagens entrecortadas como filmes, como sonho. Sim, sonham. Sonham em repousar a mão na pele do outro. As imagens são quase reais. Foram, quase. Não sabe. Sentiu frio na pele. Um frio franco. Não buscava esquentá-la. Não buscava nada. Ela ansiava pela franqueza que ele oferrecia. Ansiava pelas mãos. Mãos mudas, francas e frias. Estiveram sentados lado a lado numa proximidade obrigada. "Obrigada!", ela pensa. Ainda não tinha sonhado com o toque da outra derme. Tinha, há tanto tempo, tocado outros tons, tinha tombado num trote, tinha prometido abstenção. Agora quebrara a própria promessa. "Obrigada!", ela diz. "Oi?", ele não entende. Pobre. Não entende o bem que causa. "Não foi nada". Não foi nada que intimamente ela não desejasse, ela admite. As luzes somem, eles resbalam uma vez. Uma vez acontece. Segunda, se afastam. Terceira, se tocam com mais tempo. Quarto. Sonha. Riso matutino inédito. Desperta, obrigada.
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Quinta-feira, Outubro 21, 2004


Estava eu no ônibus, como sempre, lendo meu livro, como sempre, sentada de costas, como sempre. A mulher na minha frente (pausa: ligeirinho, onzeemeiadanoite, só um daqueles ferrinhos separando o meu par de banco do dela): "olha! eles estão brigando!" Um brilho escancarado no olhar sendo disfarçado por um pequeno sorriso se acendeu naquela mulher. Ela se inclinou pra frente, o cotovelo catucava a colega: "olha...". Fiquei envergonhada porque eu também estava encantada com a idéia de saber que tinha (provavelmete) um casal discutindo a alguns bancos do meu. Olhei. Como? Eu não via nada. Voltei pra mulher da minha frente, ela ainda brilhava. Resisti. Voltei ao livro. O Tomas ainda pagava por causa de um artigo que ele escreveu contra os comunistas da Russia, deixava de ser um cirurgião respeitado pra virar lavador de vidros. A mulher irradiava em curiosidade e sadismo. Ah! "A Insustentável Leveza do Ser" apenas uma pessoa que sai de casa de manhã, trabalha, volta pra casa e se incendeia por observar a agonia de um outro ser! Ah! A sinceridade inescrupulosa da massa! Ah! Eu, um ser tão humano como os outros. A que não olha pra briga no trânsito mas imagina centenas de motivos para ela! Olhei, disfaçando, mais uma vez na direção dos raios do olhar da mulher, não vi nada. Volto a ler. O capítulo acaba, o ônibus pára, a mulher desce, não vejo rostos de casais que brigaram. Desço. Volto pra casa e começo a me preocupar com a infinidade de coisas a fazer. Também eu vou dormir cedo, acordar pro trabalho, voltar pra casa e me preocupar com algum grande-nada. Há minutos, pensava que eu tinha mais sorte por não ser o casal que brigava, a mulher que se alegrava, o ônibus. Sou tão pequena quanto. 
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Quarta-feira, Outubro 20, 2004


 

ouvindo - O Velho e o Moço. "Ah, ora, se não sou eu quem mais vai decidir o que é bom pra mim? Dispenso a previsão! Ah, se o que eu sou é também o que eu escolhi ser aceito a condição." 

PS> sim, foi bom pra caramba! e, to resistindo pra não fazer o momento "diarinho", mas, que fique registrado, foi BEM bom! (como SEM-PRE!) 

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Segunda-feira, Outubro 18, 2004


O bom de se ter 1,75m de altura é que quando te chamam de "pequena" você acha o vocativo mais gentil do mundo. 
O mesmo vale para "fofa"! 

ouvindo - Ultimo Romance, Los Hermanos.
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Sábado, Outubro 16, 2004


Ok. Eu confesso: 
Eu tinha uma casquinha (daquelas de ferida de machucado) que eu adorava catucar. Aquelas coisas de criança mesmo. A casquinha tá quase fechando, daí eu ia lá, passava a mão por cima só pra senti-la, daí não conseguia parar, e quando se via, já tinha aberto a ferida de novo. As vezes, a casquinha nem tinha começado a fechar ainda, e eu não resitia e já cutucava. Enfim, a ferida estava sempre exposta e cada vez mais feia, menos acostumada a fechar. 
E tem daqueles amigos nojentos e sádicos que pediam pra tirar a casquinha. Tá, eles nem eram sádicos, mas tiravam a casquinha também. E eu, deixava. 
E aquele machucado não fechava nunca, dava pra ver que era um daqueles antigos e (eu pensava) incuráveis. Eu achava que todo mundo tinha marcas daquelas, e não me importava muito com isso. 
Bem, houve um dia em que eu quis colocar uma roupa nova, um vestidinho leve de verão, que deixava a casquinha bem a vista. Droga! Não era normal ter marcas como aquela. As outras pessoas tinham - se se olhasse bem - pequenos pontos que diziam que algo foi ferido, mas nada como aquele machucado que eu, de certa forma, cultivava. 
Era tudo o que eu precisava pra tomar uma decisão. Eu precisava querer vestir uma roupa nova. Foi tão mais fácil do que eu pensava. Pois, fui na farmácia, comprei mertiolate, algodão, esparadrapo e estou cuidando da ferida. Simples assim. 
Ontem a noite deu uma vontade de cutucar a casquinha, vontade pesada, e eu resisti. Eu, com a roupa nova, com o band-aid que tava em cima da marca.... ixi! junção milagrosa!
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Quinta-feira, Outubro 14, 2004


Algumas vezes eu não entendo que tipo de pessoa eu sou. Por quê, por exemplo, eu sinto ciúmes (isso mesmo!) de pessoas com as quais eu não tenho nada mais que o número do telefone? Quer dizer, coisas que não me pertencem de forma alguma e que ainda assim eu acho que posso querer alguma coisa delas? Por quê, por exemplo, EU QUERO? A minha lista de coisas que desejo é, bem, invejável! E tenho problemas pra escolhas. Quer me ver sem dormir é me dar várias opções pra algum caminho. E já cafuquei esse meu cérebro pra saber onde é que tudo isso começou. Não acho. Nesse momento, tô de bico sentada na frente do computador, esfregando os olhos e pensando onde eu quero chegar? Como eu consigo ficar seis dias em casa e não ler um texto, fazer um trabalho, fazer algo de "útil"? Por que eu não tenho o controle que eu queria sobre mim? Ou, por que eu não perco todo o controle de uma vez e faço algumas outras coisas que também deveriam ser feitas? Muitas vezes eu sinto que preciso de alguém muito forte do meu lado. Alguém que possa estar comigo quando, secretamente, eu desabar. Qualquer pessoa que sinta o mesmo peso que eu, mas que seja forte por nós dois. É isso, hoje, com o olho ardendo, com a unha na boca, com a cara de bunda, eu queria poder desabar.
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Terça-feira, Outubro 12, 2004


Sentimentos de satisfação como os que me aprazem agora são raros. Chegar em casa e descobrir que você está feliz por aquele momento e só, é raro. É raro ter vontade de rir, e só. É raro não estar bobo, nem alcolizado, e ainda assim me sentir bem. Apenas, bem. Bem como quem acorda às 10 da manhã de um sábado de sol e não tem nada marcado pra fazer o dia todo. Bem como quem coloca uma boa música no repeat do som e canta com todo vigor até enjoar. Bem como quem ganha um presente bobo e se satisfaz por ter ganhado algo. Bem como quem ouve um elogio inédito e acredita nele. Bem como se o dia estivesse apenas começando. 
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Eu tenho medo dessas crianças que aparecem na tv e falam que nem adulto, que decoram nomes de capitais do mundo todo, que querem ser médicas da marinha, que dizem que já são modelo e é isso que querem ser quando crescer. 
Eu tenho medo delas, nos shoppings. 
Eu tenho medo quando elas começam a chorar e bater o pé no chão. A cara delas fica vermelha e parece que elas podem explodir a qualquer segundo, até que sua vontade seja atendida! 
É 12 de outubro, dia das bruxas!!
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Sábado, Outubro 09, 2004


Fui num casamento, na quinta, e fiquei me perguntando pra quê tudo aquilo. Estranho, pq sempre achei essas festas lindas, mas, acho que de uma maneira geral, eu tenho me desiludido com muitas questões criadas quando se tem 7 anos de idade (amor, felicidade eterna, principe encantado, blablabla). A festa era estilo judaica e tava bem bonita mesmo (com direito a noiva desesperada levantada em cima da cadeira). E eu me questionando pra quê tudo aquilo. Pra quê? Pra eu ver uma moça grávida, que, durante a cerimônia, sentiu o bebê chutar. Mais que imediatamente, ela olhou pro marido que colocou a mão na sua barriga pra sentir o empurrão da criança. E não é que esse foi um daqueles momentos em que o mundo parou? De repente, não importava mais o casório, a pompa, as pessoas em volta, exceto, o casal grávido. Ela, sentindo os movimentos, olhava apaixonadamente pro marido. E era um casal de seus trinta e poucos, com cara de que estavam a tempos juntos. E ela, apaixonada pelo pai do filho. Não sei se apaixonada pelo homem que ele era, pelas suas façanhas no mundo dos negócios, pela maneira como ele agia, mas, estava apaixonada pelo homem que proprocionou a sua maternidade, aquele sentimento único de ter um ser dentro dela, aquela criaturinha estranha que ela já amava antes mesmo de ela nascer. E no meio de um casamento eu descubro que sim, o amor é possivel, é possivel mesmo sem a festa, mesmo sem a beleza, mesmo sem o brilho, ele é possível. É possível vê-lo, mesmo que ele seja etéreo. Ele está lá. Talvez nem todos consigam, não sei. Talvez aquele casal verdadeiramente não sejam apaixonados, mas, naqueles três minutos, tenho certeza, eles ESTAVAM. E, talvez, bem, talvez o mistério da humanidade seja esse: o amor não é. Ele está. E isso, se certo, pode começar a esclarecer muitas coisas. Ou, talvez, seja uma boa forma de eu me contentar. 
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Terça-feira, Outubro 05, 2004


Imagine que você faça uma mudança radical (no cabelo, por hipótese, apenas). E que todo mundo aceita bem a tal mudança, elogia e tal. Apenas imagine. Imagine que, não satisfeito (a), você resolve ir além. Vai áo além (no cabelereiro, por hipótese novamente) e pede pra aumentar a mudança (seguindo as suposições, cortar um pouco mais o cabelo). E, o que acontece? O resultado é 100% negativo. Em 20 minutos (exemplo, gente) tudo foi por água (tesoura) abaixo. 
Imaginou? 
Então, o que você faria? Cair em prantos me parece uma boa saída!! Mas, não! Vamos pelo caminho mais difícil: 
PEDIR PRESENTE DE DIA DAS CRIANÇAS!! 
Você, caro ouvinte, tem várias opções: 

a) (e já adianto: a mais lógica) espera 2 meses que cresce. enquanto isso, me convida pra ver um filme (em casa), pra jogar dama, indica livros, presenteia a mizinha com alguns... 

b) compra pra mim várias faixinhas, lenços e tic-tacs coloridos ou não. 

c) compra um secador e uma mega escova profissionais. 

d) pode ser uma chapinha mesmo. 

e) me apóia a raspar a cabeça de vez, se encher de piercing e dizer que é estilo. 

f) ajudar a mandar cartas explicativas de aviso para os amigos. 

g) aproveita o visual "homo" e sai comigo, porque masculina desse jeito eu vu acabar atraindo mulheres daqui a pouco. 

h) diz que é coisa da profissão, que estou ensaiando um papel brilhante de homem com um quê de feminilidade. 

i) compra maquiagens mil que ajudam a afinar o rosto. 

j) me manda uma lista de mandingas secretas da sua família para fazer crescer o cabelo mais rápido. 

*** Minha opção única no momento: 
Sorri e diz: FODA-SE!! 

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To com problemas nesse "comentários" de novo... 
alguém que tenha meu email pode me ajudar???
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Domingo, Outubro 03, 2004


Informe cultural: 
Los Hermanos no antigo bingo Ventura (ãhm? ãhm?!!), hoje, Curitiba Art Center, dia 15/10. Tragam a vasilha!! 20 pila a partir de terça nas Livrarias Curitiba!!! (quem vai comigo?? hein?) 

**** 

Sem ironia, os fins são totalmente lícitos: 
"Por que O Poderoso Chefão é tão aclamado?" 
E, por que os homens, em geral, dizem que esse é o top one? 
(vi o Godfather nesse fim de semana tentando entender a mente dos homens...) 

**** 

Rápidos esclarecimentos: 
1- não estou morrendo, não vou me matar, não estou com vontade de cortar os pulsos. 
2- lieson, eu sei que tô te devendo o tal conto aqui. (droga!) eu estou tentando cumprir com todas as coisas que prometi ultimamente. 
3- e, não! eu não votei no cara da calcinha!! 

**** 

Primeiro reconhecimento público: 
02/10/2004 - "ah! você faz cênicas?! tava falando com minha amiga ali, tinha certeza que te conhecia... cê fez uma na rua, né? na santos andrade?" 
Pra mim, um marco histórico!
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Sexta-feira, Outubro 01, 2004


Agora: to sentindo um daqueles mal estar que não tem nome... sei lá... uma não vontade de ir dormir, uma não vontade de encarar os fatos, uma não vontade de nada. Não é dor, não é ressentimento, não é inveja, não são essas coisas... são sentimentos de coisas passadas. São sensações novas de coisas velhas. Uma realidade que não me pertence. A náusea, talvez. Vou fazer minha tese de qualquer coisa sobre a relação da melancolia em Sartre com as peças do Nelson. E dizer, na conclusão, "ok, ainda não me encontrei". E rir por não ser aprovada. É, é tudo beirando o falso. Eu finjo que rio. Finjo que caio. Finjo que vivo. Até eu acredito em mim. Acredito que amo alguém. Acredito, pior, que não amo. Adoro dizer "eu odeio". E deletar email (ou arquivos vazios) de pessoas indesejadas é realmente uma grande terapia. Eu estou confusa agora. Agora mesmo. À uma da manhã. Amanhã vai ter passado. Amanhã vai ser passado. Amanhã eu vou pintar o cabelo, fazer a unha e parecer mais bonita. A noite eu tomo um chocolate quente e vou pra casa com a sensação de ter tido um grande dia. Depois, acordo vazia numa manhã cinzenta de sábado, me peguntando qual é o sentido do mundo e desistir de encontrá-lo no primeiro telefonema. Depois, eu me vejo em lutas que não são em mim mesma. E fico aliviada. Feliz por saber que eu sou mais uma. Apenas mais uma. Um número, uma estatística, qualquer massa que não esse todo que me constitui. Esse encontro de questões, de medos, de pesos. E, por momentos, eu sinto ter encontrado uma direção superior. Sei que preciso de ombros pra esquecer de mim só um pouco. Queria não ser eu mesma todo o tempo. Queria não ter consciência. Queria subir num palco e ser outro ser pulsante por 40 minutos. Queria saber que eu sou tudo, ou, boa parte daquilo que dizem que sou. Queria poder me apoiar nisso de vez em quando. Vai chegar o dia em que as meninas não ficarão mais sozinhas a noite, enquanto choram. É o que dizem. Eu queria ter fé. Acreditar no por quê de tudo. Dizem que existe um. Outros dizem que existem vários. 

"Se você crê em Deus, erga as mãos para os céus e agradeça 
Quando me cobiçou, sem querer acertou na cabeça 
Eu sou sua a lma gêmea, sou sua fêmea, seu par, sua irmã 
Eu sou seu incesto 
Sou igual a você, eu nasci pra você 
Eu não presto, eu não presto 
Traiçoeira e vulgar, sou sem nome e sem lar, sou aquela 
Eu sou filha da rua, eu sou cria da sua costela 
Sou bandida, sou solta na vida, e sob medida pros carinhos seus 
Meu amigo se ajeite comigo e dê graças a Deus. 
Se você crê em Deus encaminhe p'ros céus uma prece 
E agradeça ao Senhor, você tem o amor que merece." 
(cantando na cabeça, Sob Medida, do Chico.)

sábado, 25 de setembro de 2004

2004

Quarta-feira, Setembro 29, 2004


Reedição de texto. 
Afinal, os sentimentos volta-e-meia se repetem também. 

O fim pode ser só o começo para uma outra coisa. 
Foi assim que ele acordou hoje, depois de ter chorado muito na noite anterior. Acordou ouvindo gemidos, com a cara fechada, mas, de alguma maneira, seu peito estava aberto. Saiu de casa. 
Sabia que dentro de sua própria casa havia um pequeno monstro. Sabia, mas não confessava a ninguém. Como alguém que sabe que seu câncer é maligno, mas esconde da família pra evitar que eles sofram também. A Coisa estava lá, presa num quarto. Mesmo que há tempos não a alimentasse, ela continuava viva, e, por vezes, arranhava as portas, batia nas paredes, lembrava que ainda estava lá. E, ULTIMAMENTE, COMO ARRANHAVA... Por mais que precisasse e tivesse essa vontade inúmeras vezes, ele não estava pronto para matá-la, de alguma forma, existia uma esperança, a idéia de que ela não era de todo má e que, depois de tanto tempo de reclusão, poderia se tornar um ser melhor. 
Na casa dele, a indicação da saída de emergência piscava para longe, para algum lugar em que o monstrinho não mais se remexesse. Faltavam forças. Pois foi quando acordou ouvindo os grunidos da coisinha. Aquilo não teria fim, sentiu. 
Saiu de casa. Não fez as malas, não deixou bilhetes, não se preparou pro frio da noite. Uma vontade de correr sobrepôs-se a qualquer pensamento racionalizável. Talvez aquela fosse a saída indicada a tanto tempo. Seguiu as luzes. Cada passo que o distanciava de sua própria casa era como se o aproximasse de uma nova vida. E quão mais velozes fossem aqueles passos, mais cedo ele deixaria de ouvir os gritos dela, que, de alguma maneira, sentiu falta do seu cheiro, e gritava, apavorada. 
Era isso. Era a simples proximidade entre eles que não permitia fazê-lo um homem livre. A coisa se alimentava da esperança existente entre eles. Dele, que ela poderia voltar a ser uma princesa, e dela, que ele se entregaria a ela de uma vez por todos. Longe, a coisa morreria. 
"E ele também", sentiu, quando as pernas não conseguiram mais correr. A distância entre os dois também traria a morte dele. Uma ligação mitológica entre o sol e a lua, como os ácidos e as bases, doce e amargo. 
Mas, não voltou. Sem movimentos e com a noite perto, escolheu ficar no meio da estrada até que alguém pudesse socorrê-lo. Deserto pra todos os lados. E frio. Sabia que era o fim, e decidiu por ele. Escolheu morrer tudo de uma só vez. 
Nunca se orgulhara mesmo de ter prolongado aquela dor por tanto tempo. 


*** 

E, bem, pra animar... 

Tem gente que gostou da história das calcinhas!! 
(com vcs, meu irmão!) 

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Segunda-feira, Setembro 27, 2004


"QUANDO SE ACHA QUE JÁ VIU DE TUDO NA VIDA..." 

 

no mínimo o Dr. Rey Fortes deve ser ginecologista... 
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Domingo, Setembro 26, 2004


Eternidade e efemeridade. 
A primeira vez que ouvi "efemeridade" eu devia ter uns 14 ou 15 anos, devia estar me preparando pra fazer vestibular em breve, devia estar atenta. Devia, porque me lembro de ter guardado que era o tema da redação da PUC e da repercussão que teve porque as pessoas não sabiam o era efêmero. Nem eu. Efêmero era o contrário de eterno e eu não sabia que existia o oposto de eterno, que tinbha um nome certo. Também não ia saber que efemeridade provocava um sentimento. Se se sentir eterno é como eu me sentia todos os dias, como ia saber que existia o não-eterno? E que era uma sensação mais motivadora e mais agonizante do que o ser-eterno. 
"Foi só por um segundo, todo o tempo do mundo, e o mundo todo se perdeu." 
As palavras nascem juntas com as coisas ou vêm depois? Primeiro se descobre uma cor e depois a chama de magenta, ou, primeiro formula-se o magenta e daí vê no que dá? É possível que eu sinta algo que não tem nome e fique sofrendo porque não sei como se chama - mesmo sabendo como é o sentimento? É possível que eu gaste uma fortuna com um analista pra descobrir o que é tal coisa e, depois que eu me mudar pra um país com uma língua estranha, fique doida porque todos eles sabem o que é o que eu sinto, pq todos eles sabem dizer que "isso" tem nome... Enfim, o que vem primeiro? A coisa ou o conhecimento nomeado da coisa? É possível que eu já tenha me sentido efêmera antes de saber o que é efemeridade? 
Confusão. 

**** 

O mistério do "Alecrim e Hortelã" foi resolvido, pra quem acompanhou. 
Espírito barriga verde do Dazaranha no ar inspirou-o a adotar a tal alcunha. 
Tudo bem. 
Mas ainda odeio os "anônimatos". 

**** 

Hoje eu me dei conta de quanta sorte eu tenho quanto aos meus amigos. 
Nunca encontrei tantos deles ao mesmo tempo. Nunca consegui juntar gente de lugar mais diferente. Nunca tinha parado pra pensar que eu tenho muita sorte em ter as pessoas que tenho ao meu redor. Guilherme, Chin, Lielson, Pablito, Elisa, João, André, Gabriel, Manuel. Gente que esteve bem perto esses dias. Que me fizeram chegar em casa e sorrir de cansaço. 
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Sexta-feira, Setembro 24, 2004


 

E esta daqui eu gostei muito, mas não consegui colocar na historia!! Bem, vai aqui mesmo!!! 
Chama-se "Metafotografia" - ou? Como é que diz quando uma foto quer falar dela mesma? Foi o momento inspirado em "A Vila", do Hitchicock - hehehe. Ok, foi uma tentativa fúnebre mas acho que nem tão frustrada. Lá estou eu, no meio, e dois amigos. Os nomes são do Memorial dos mortos-do-Cerco-da-Lapa. Olha a quantidade de João e José só nessa parede!! 

 

Ai, será que o nome certo é <>? hum... 

"Eu fui fazer um samba em homenagem a nata da malandragem, que conheço de outros carnavais. Eu fui a Lapa e perdi a viagem, que aquela tal malandragem não existe mais" - Homenagem ao Malandro - Chico Buarque
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Segunda-feira, Setembro 20, 2004


Tinha uma vontade especial de chorar. Eram 2 horas da manhã de domingo (nunca soube se falava duas da madrugada de sábado ou duas da manhã de domingo) e em geral não acredita que pode haver movimentação criativa dentro de si depois de 20 horas acordada (20 horas meu Deus... o tal comprimido de guaraná realmente funciona). Continuava a ler um livro de capa preta e letras vermelhas que emprestara de um amigo na última quinta-feira prometendo que devolveria no dia seguinte. Gosta de cumprir com suas promessas, mas, já que ele não tinha cobrado o livro, ela adiou um dia, depois dois, e assim conseguira o final de semana de prazo para apreciar sua leitura. Entendeu que a (não) movimentação (criativa) era barulho - balburdia, como dizia seu professor de Português (com nome em gerúndio) da sexta série. Entendeu que tinha ficado muito tempo sem dormir, que pretendia muitas coisas para o mesmo tempo, que estava sozinha num quarto de 30 metros quadrados, que era pequena demais para tudo aquilo. Sabia que as vozes (sim, os pequenos entes sem cor ou vulto que a visitavam sem regularidade, mas com freqüência) não vinham sozinhas, nem que saiam apenas de dentro dela. Já conhecia o timbre das suas, das que sempre a visitavam. Aquelas eram diferentes (mais envelhecidas, com fraco sotaque inglês denunciado pela dificuldade em pronunciar o til), mas que recitavam os mesmos versos. Estaria ela enlouquecendo? Eram duas da manhã e as vozes vinham-na visitar? 
¿Então deve ser assim enlouquecer¿, pensou. ¿Você perde as esperanças num dia¿ (sempre considerou esperanças palavra para título de filme) ¿no outro o sono, no outro a vida¿. 
Sabia que era abençoada por não precisar cuidar do seu almoço, da sua roupa, da sua casa (casa... ela tinha amor e aversão por voltar a ¿sua¿ casa todo dia depois do dia). Sabia que, contudo, estava enlouquecendo. Sabia que as novas vozes que chutavam seu estômago às duas da manhã de um domingo quase primaveril de setembro iam carregá-la pela mão até algum rochedo próximo e se preciso impulsiona-la. Era tão fácil culpar o livro de capa preta. Dizer que terminado, as vozes vão. 
Foi assim da primeira vez. Da primeira vez em que sentiu aquela necessidade (sim, era necessidade, pois a falta traria o fim) estava no banho. Lembra ainda do cheiro do sabonete misturado com o pinho de lavar o vaso. Lembra que a água estava tão quente quanto gostava e que caia solta, larga, forte, fazendo rápido seu trabalho pra que pudesse chegar logo a ser parte de algo maior, de alguma cachoeira ou lagoa, de um afluente ou foz. Lembra como as lágrimas se confundiram com o banho. Lembra que o sal tinha cheiro de pinho. Lembra que sentiu seu rosto inchado quando saiu do banheiro, exatos 31 minutos depois, e registrou num guardanapo (gostava de pegar os guardanapos timbrados de hotéis e restaurantes e fazer pequenos estoques na bolsa) deixado em cima da cabeceira: ¿a paz não vale a pena se não temos chances de viver¿. E essa loucura? Ela valia a pena? Ela não conseguia responder. Ainda existia aquela necessidade do choro que se sobrepunha a qualquer outra sentença lógica. 
Na manhã dominical do dia seguinte (ou, do mesmo dia, tinha sempre as mesmas dificuldades em relação às palavras, não sabia, por exemplo, se dizia ¿nunca vi ninguém assim¿, ou, ¿já vi ninguém assim¿, ou, ¿nunca vi alguém assim¿) acordou indisposta, cansada como se aquele sono fosse o mais árduo dentre todos os trabalhos de Hércules. Não olhou sua imagem no espelho, mas sentiu as pálpebras semi-abertas, ainda lacrimejantes, a voz grave, o nariz entupido. Tinha chorado o choro dos justos, apesar de ainda se sentir pecadora. 
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Quinta-feira, Setembro 16, 2004


Às vezes dá vontade de parar. Sentar numa escada na beira da rua e ficar vendo a vida parar.Você se questiona como teve forças pra chegar até aqui. Como conseguiu? Sua motivação até ontem era qual? E não passa nada de útil, nenhum momento bom, nada. Como conseguiu? Às vezes tudo perde a luz, tudo parece extremamente normal, esperado, previsível como se a perspectiva (essa palavra que nem pronunciar direito eu sei) de cada dia que vai vir fosse a mesma que para o dia de hoje. E alguém vem até você e dia que te falta alma ("palavra constangedora, sentimental, mas de que outra forma chamá-la? - a parte que talvez, quem sabe, sobreviva à morte do corpo."*). Eu evito viver pra não me frustar (ela era aprisionada todos os dias, já se acostumara a esticar os punhos ao carcereiro, achou que as algemas eram simbolos de segurança...). 
E sinto que faço merda cada vez que decido ir na minha própria contra-mão. E, de repente, tudo o que tinha construído sobre mim desaba com a simplicidade e facilidade de um sopro doente. Debaixo dos escombros, eu tento reavaliar qual coluna foi mal levantada. Todas. Tanto tempo gasto pra pensar sobre mim e sobre quem eu sou, e qualquer abalo faz com que eu duvide de tudo. Me odeio por precisar de reforço externo. Por ter que assumir que preciso mesmo de um grande espelho. Ou, poetando, preciso de um bom par de olhos, que não os meus. Tá tudo bege. Procurando algo que eu deveria ter em estoque por aqui. 
Ah! E hoje eu pude ver o quão curtas são as minhas pernas. 
Em pouco tempo eu enxergo outras coisas. 

* do livro que comecei a ler hoje e já adorei, "As Horas", Michael Cunningham. Sim, é a história antes do filme! 

"Tem dias que a gente se sente Como quem partiu ou morreu A gente estancou de repente Ou foi o mundo então que cresceu" (Roda Viva, Chico)
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Quarta-feira, Setembro 15, 2004


E se eu te ligasse e dissesse: "ei, acho que estou sentindo algo diferente."? Hein? Ia fugir como todos? Ia se esconder em algum lugar? Acabo me acostumando com a tua presença por aqui, em algum lugar que você não estava antes, um lugar que estava vazio até você se aproximar... E se eu te ligasse? Apenas pra dizer "oi, como foi o dia?..." Apenas pra dizer que foi voce aqui nas redondezas que permitiu um cheiro novo, um gosto novo, aquela alegria ao sair de casa, aquela alegria ao voltar. Uma luz. É, e se eu te ligasse? Se eu pudesse dizer a mim mesma, dizer que esse frio que isso me causa é bom, é restaurador, esse frio no ventre me aquece. Contrário como tudo na vida. Contrário como nós. Tão opostos. Instigante. Pois eu sorrio quando ouço teu nome, quando falam de ti. E se eu te ligasse? 
"Eu hoje joguei tanta coisa fora, eu vi o meu passado passar por mim, cartas e fotografias, gente que foi embora... A casa fica bem melhor assim" (Tendo a Lua, H. Vianna)
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Segunda-feira, Setembro 13, 2004


Nestes dias cinzas 
Acho que sou psicossomática, hipocondríaca e neurótica. 
Tenho pálpebras que tremem e um estômago em degradação. 
Enxaqueca e tendinite. 
Espinhas, cravos e aftas. 
Tenho desconfianças, dúvidas e descrenças. 
Um metro e sessenta e dois centímetros. 
20 unhas encravadas. 
Muitas ocupações para 24 horas. 
Muitos amores. Muito platônicos. 
Acho que gosto de filmes com efeito catártico. 
Gosto de carinho na cabeça, com as pontas dos dedos passando bem devagar. 
Gosto de dar opiniões e de não tomar decisões. 
Esqueci de dar parabéns pra um amigo. 
Já sonhei em ter uma caixa de madeira de 100 lápis de cor da Faber Castell. 
Pensei em ser veterinária, presidente da república, mutante do x-man. 
Me contaram que meu nome significa "testemunha". Eu nunca entendi. 
Pensei que um dia ia conseguir ser mais irresponsável. 
Queria que apenas respirar fundo pudesse responder a todas as perguntas.
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Domingo, Setembro 12, 2004


E HOJE, EM CARTAZ... 
 
Que simpáticos, não?! fotos retiradas dos sites de campanha são sempre tão felizes... 
Estou aceitando sugestões, opiniões pessoais, partidárias, qualquer coisa que me esclareça ou que me bote mais em dúvida! Dúvida não! Total escuridão! Putz! Eu não vejo horários políticos, tá certo..., mas, nem que eu visse! Pelo que contam, tá duro mesmo... E eu que odeio o "vou me abster", vou acabar fazendo campanha pro voto nulo! Tô pedindo socorro!!! (olhem bem pras fotinhos... em último caso posso escolher alguém só pelos belos olhos azuis... é, como se isso fosse do meu tipinho!) 

***** 

Engraçadissimo eu escrever um post sobre indecisão política hoje. Acabei de tomar uma atitude e agora estou hiper insegura em relação a ela. Ia dizer, se tivesse escrito isso há trinta minutos, que tomar essa escolha era bom, porque, mesmo não sendo racional, estava baseada em algo que eu queria/sentia e que me parecia bom. Há 30 minutos eu estava bem em relação a tudo isso. Agora, com a decisão assinada, me sinto bem mal. Já vejo que hoje vai ser como nas noites anteriores em que dormi mais que mal. Agora fico me perguntando "pq eu não pensei mais um pouco" em relação a tudo, antes de dizer "sim, eu topo". Agora, aquela mesma emoção que eu permiti que tomasse uma decisão, está me traindo e me fazendo sentir culpada. To com um bolo no estomago. Uma insegurança que me faz tremer. E me perguntando por que eu valorizo umas coisas tão pequena, por que eu não consigo tomar decisãoes simples sem pensar muito antes. Ou, mesmo pensando, fico com medo de ter feito a coisa errada. 
Começo a invejar um amigo que adora sentir remorso. 
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Sexta-feira, Setembro 10, 2004


Bem do meu tipinho mesmo... 
depois de um dia muito cansativo, sabendo que tem ainda muita coisa para fazer, chegar em casa preocupada, mas se alegrar por ver em cima do balcão da cozinha uma cartela cheia de Dorflex. 
E coca-cola!
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Quarta-feira, Setembro 08, 2004


Por que as pessoas morrem? Ainda não entendi por que as vidas têm que ter um fim. Infantil? Dane-se. Eu não lido bem com perda, não me acostumo com a falta, não vivo bem sozinha e ainda não aprendi a sentir prazer em me arrepender. Não entendo bem os tais "ciclos da vida". Pra mim, as coisas sempre se repetem, porque não consigo resolvê-las da primeira vez. Eu lembro de datas e sinto coisas como se o passado pudesse retornar. Tenho medo dos dias. A aproximação dos aniversários me assusta. Eu mexo em objetos de mortos, se dependesse de mim, eles não descansariam em paz. Aqui, jaz... nada! Nada morre. Posso ressucitar o que eu quiser. Mas, mesmo assim, elas voltam a morrer. 
"Infelizmente, minhas peças não são obras-primas. Se o fossem, teriam o direito de ser podres." Nelson rodrigues. 

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Se minha cabeça fosse um PC, eu mandaria formatar. 
Se bem que os vírus são sempre os mesmos. 

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Eu, no copo. 
Poderia ser uma metáfora. 
Ou, sei lá, uma passagem de Alice... 
 

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Não deixem que seu cachorro suba no andar de cima do beliche! 
Ontem, num momento "eu posso tudo", minha cachorra se jogou do beliche e quebrou a unha (não sei como não foi a pata inteira)!! Coitada! Um baita escândalo quase de uma da madrugada! 
Ah! E quando forem dar o analgesico, naum enrolem num presunto. No outro dia, além de uma cadela deficiente, terão uma cadela com vômitos de grávida! 
Alias, a Maia será a nova estrela das fotonovelas... aguardem! 

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Balanço do feriado: PRODUTIVO 
Unhas feitas, cabelo hidratado, visitinha a Antonina, cinema com sacão de pipoca-porca-capialista, conversa no bar, dormir, dormir, dormir. Ah! teve sol! Mas minhas pernas ainda não sabem disso!
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Domingo, Setembro 05, 2004


Eu não amo você. 
É isto, se meu amor foi um peso colocado em suas costas, respire: você está livre. Livre das esperanças que depositei, das imagens que criei, dos sonhos que tive. Sua foto não está no meu porta-retrato e tudo o que foi teu está encaixotado. Eu não te amo mais. Amo, ao contrário, o eco do que poderia ter sido as nossas vidas. Me desculpe, eu projeto vidas. Não consigo apenas ser a incógnita, eu quero saber quanto vale "x" . Mas, eu não te amo. Sou egoísta demais para ter um sentimento puro. Incapaz de te ver ao longe e não desejá-lo. E sou mimada, sabe, uma pequena que quer tudo. Vou sentir falta de você nos domingos. Você está livre, também. Eu não te amo, e agora, não sei mais no que me inspirar. Eu te usei. Você foi meu Dorian Gray. Verdadeiramente, eu não te amei. Amei em mim a mudança que aconteceu ao te encontrar. Amei a pessoa que eu fui. Amei ter algo por que lutar, algo pra zelar, pra conquistar. Você não me reconheceria mais. Você me ajudou a chegar em um ser dentro de mim que por muito tempo eu neguei. And now, I´m more than that. Eu não amo você, me sinto livre. E vejo cores por aí.
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Sábado, Setembro 04, 2004


Às vezes, a vida realmente vale a pena. 
Poderia, agora, colocar um monte de pequenas lembranças da noite. 
"Viver, como se diz, dá medo", da Milena que sente. 
"Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro...", preciso dizer? 
"Teus sinais me confundem da cabeça aos pés mas por dentro eu te devoro. Teu olhar não me diz exato quem tu és, mesmo assim eu te devoro", da Milena devoradora. 
"Não há como doer pra decidir, só dizer sim ou não, mas você adora um se...", da Milena que sofre pra escolher entre qualquer coisa. 
"Vem pois já nasce o dia esqueçamos tudo de ontem, o que eu não faria para apagar o que eu disse de nós dois", da Milena que ainda não conhecia a letra e ficou pensando "é... (suspiros)"... 
E por aí vai. 
Queria estar calma pra fazer um post bem bacana contando de como me senti ótima no show do Djavan, hoje. De como era importante ir, de como estava com medo de reacender sentimentos, de como não queria parecer uma solteirona com dor de cotovelos que chora ao ouvir Oceano... Mas, fato: fui, foi lindo, cantei "eu sou o homem que pode lhe dar além de calor, fidelidade" olhando pro meu neguinho predileto e agora, me sinto ótima!
No mais, estou viva. O sumiço foi por falta de tempo até para responder emails nessa semana. Feriadão em casa. Lendo Nelson e, com muita boa vontade, os textos chatos da faculdade. Que mais? Opa! Amanhã, pra deixar o final de semana melhor, Los Hermanos na Cultura, 15h! 
Prometo voltar a ativa! "Meu povo, não me deixem só!" hahaha 
(eu fico "meio" idiota quando to muito feliz!) 
 
bati fotos minhas, uhu!, quando revelar, eu coloco aqui!