domingo, 25 de dezembro de 2005

2005

Quinta-feira, Dezembro 22, 2005


Comunicação Social Jornalismo 
NOME 
ALISSON CASTRO GEREMIAS 
LARISSA PRISCILA JORGE 
MILENA F. E.
RENAN DELLATORRE BRAGGIO CARREIRA 


Demorou, talvez o caso de maior persistencia da história, mas, tá lá: agora eu faço Jornalismo na Federal. 
Ok, talvez eu seja forte.
--------->comenta, vai: 7 

Sexta-feira, Dezembro 09, 2005


Mais uma noite para dormir. Amanhã vou acordar, como há três manhãs, e acreditar por três felizes segundos, que a vida voltou ao normal. Ficar feliz com o sol, pensar que tenho boas coisas esperando para serem feitas e boas pessoas para encontrar. No quarto segundo eu vou acordar, olhar e ver que ainda são nove e pedir por tudo para voltar a dormir. Com sorte, eu durmo. Durmo e sonho sonhos confusos, tento fugir de céus de telas e, pela primeira vez, consigo. Salas e portas e janelas e telas e buracos e corredores e quartos e tubos e fuga e fuga e fuga. Na minha cama suada, maldizeres. Uma última reza, um último pedido, a esperança de que posso mudar o dia que começa igual.
--------->comenta, vai: 5 

Sexta-feira, Dezembro 02, 2005


Ela, por muitas vezes, se considerava forte. Sentia-se capaz de enfrentar o mundo e tinha certeza de que nada a impediria. Ela, por vezes, cansava de lutar. Desejava parar um pouco, esperar a banda, deitar para dormir depois do almoço e não ter pressa para levantar. Iludia-se: fingia estar recuperando as forças e, invariavelmente, só voltava à vida por necessidade. Ela, ultimamente, estava desconfiada. Esqueceu-se de si. Descobriu-se outra pessoa incapaz, fraca e inválida. Estava só e lidava mal com as circunstâncias. Estava longe dos seus planos, das metas, do passado. Ontem, saiu de casa, beijou mal o marido e pegou o ônibus errado. Deixou-se entrar por caminhos diferentes dos diários, viu pessoas diferentes das diárias, desconheceu-se e se calou. Como não era literatura, ela não se reencontrou. Desceu, pegou outro ônibus e voltou pra casa vazia. Vazias ela e a casa. Achou que se comesse passava. Achou que se dormisse passava. Achou que falar e que calar e que andar e que voltar passava. Como não era literatura, não passou. Ela, raramente, pensava em se acabar. Ontem não. Ontem ela foi arrumar o armário.

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

2005

Quinta-feira, Novembro 17, 2005


Eu vou envelhecer como as mulheres que esperam os ônibus nos terminais. Eu também vou conversar sozinha, ter as mãos pequenas em relação às orelhas, descolorir os cabelos e vê-los crescer brancos. Eu também vou descombinar as roupas, desalinhar os eixos, perder os dentes como elas. Nunca mais vou ler as poesias, me emocionar com os filmes, chorar à toa. Meu rosto também ficará duro. Vou entrar nos ônibus segurando sacolas com pequenos presentes para netos que não sabem quem sou eu. Eu também não vou sorrir, não vou ter pressa, não vou ter ânimo. Vou ser pesada, inflexível, dormir pouco e cedo. Eu serei olhada por alguém que ainda se acha distante e diferente de todo o mundo ao seu redor, serei olhada por estranhos que não podem me ver. E eu andarei pelos ônibus procurando encontrar meu reflexo perdido em alguma mancha nas janelas coletivas, vou virar a cabeça e arrumar mais uma mecha que caiu sobre os olhos e voltar a olhar-me. Eu também vou cochilar entre uma parada e outra enquanto ando em círculos durante o dia. Vou envelhecer como essas mulheres ao meu redor e entre mim e elas não haverá nada diferente. 
--------->comenta, vai: 7 

Quarta-feira, Novembro 09, 2005


Ela não era boa em nada. Não boa o bastante. Pensou em escrever sobre isso porque já fazia muito tempo que não escrevia algo, mas era incapaz de escrever. Sua poesia era pobre, seus temas comuns. Ela não emocionava ninguém. Tinha espírito de artista mas não tinha capacidade de se expressar. 
Angústia. Vontade de ser mais do que isso tudo. Impotência, fracasso. Vontades que não serão realizadas. Conformar-se com a insapiência, a falta de brilho, de gosto. Melancolia, fome, um pouco mais de atenção. 
Era como aquela moça que atravessou a rua, aquela outra que estreou uma peça de um dia só, ela era o Robin, o Tom, um Silva ou Souza. Ela é a escada, o meio, a soma, a massa, a estatística. Nunca bonita o bastante, nunca inteligente, criativa, nunca boa o bastante.

terça-feira, 25 de outubro de 2005

2005

Quinta-feira, Outubro 27, 2005


"Dor de crescimento" - foi o diagnóstico. 

Ontem você me disse sobre as coisas que eu quero. Foi bom te ouvir falando sobre mim dessa vez. Voltei ao médico hoje, o mesmo que fui até os oito anos, quando sentia dores nos ossos e nas articulações. Disse que tinha voltado a doer e pedi que ele fizesse parar. Suspirou, me olhou com aquele olhar compreensivo e balançou negativamente a cabeça. ¿Mas você fez parar uma vez!¿, insisti. As dores agora, ele disse, eram minhas. Eram minhas as enxaquecas, as palpitações, as certezas e as não, os cansaços, o músculo, a vontade, a desistência, a responsabilidade era minha. Era como quando eu tinha oito anos, mas sem relaxante. Disse que eu podia desistir também, se eu quisesse. ¿Você quer o quê?¿. Ia sair da sala, preferira o uso do martelinho pro reflexo a essas pequenas questões. Mas ele sempre teve razão, sempre esteve certo: o diagnóstico mais inicialmente inaceitável sobre as dores de crescimento era consistente. Doeu muito por pouco tempo, mas eu também só cresci até os 12! Ah se eu pudesse mudar isso! Então eu fui te encontrar e você falou das coisas que deseja pra mim, falou comigo depois de muito tempo, senti um carinho que parecia perdido e tive coragem. Coragem. Depois de molhar um pouco o rosto, me senti como a mulher mais cheia de potencial que já viveu. As articulações voltaram a doer e eu agüentei firme. Agora deixo o recado na porta de casa: Estou aceitando ajuda para chegar a 1,75m. 

"It's not going to stop... 
It's not going to stop, 
Till you wise up." 
(Wise Up - Aimee Mann, porque eu estou muito musical...) 


--------->comenta, vai: 2 

Segunda-feira, Outubro 24, 2005


Você já sentiu MEDO? 

--------->comenta, vai: 1 

Sábado, Outubro 15, 2005


PRIMEIRO ANDAR 
Eu decidi, eu preciso ir. Sei que era o que você queria pra mim, mas meu medo de deixar para trás tudo o que nós conseguimos era tão grande que me impedia de ver o lógico: é preciso ir. Ontem, ontem depois que deixei a tua casa e peguei o trem uma clareza inundou minhas idéias e resolvi assinar aquele papel. Agora eu vou. Vou porque estou muito ligada a você, muito dependente daquelas outras pessoas e incapaz de deixar minha segurança conhecida para aproveitar essas novas oportunidades. Talvez não dê certo. Talvez quando eu voltar você já não esteja mais aqui, ou talvez esteja, mas já tenha se acostumado com a sua vida sem mim. E talvez isso seja duro, imaginar essas mudanças já doem muito mais do que eu pensei. De repente, as férias que tanto esperamos vão ser deixadas pro ano que vem e eu posso nunca saber o que é estar com você, calmo. E essa decisão. A verdade é que estou com medo. Um medo tão grande que eu não quero enfrentar, que eu poderia deixar passar porque não há algo que realmente me obrigue a ir. Daí, quando eu voltava pra casa ontem, depois de um dia difícil e cheio de impressões ruins, entendi que nada na minha vida vai mudar se eu não for embora agora. Você pode me entender? Tem muito pouco a ver com você, mas se eu passar por isso agora, são as nossas vidas que podem melhorar. Isso se nós pudermos esperar. E eu não sei o quão forte nós somos. Eu fiquei tão feliz quando o sol voltou a brilhar nessa cidade, parecia que eu estava mofando como as paredes, desejei mais que tudo poder viver num local que me deixasse sempre disposta como naquela quarta-feira. E lá não vai ter mensagens enviadas no começo da manhã, não vai ter um almoço rápido no meio da semana só pra matar um pouco das saudades. Eu não sei se eu estou pronta. Não sei se é questão disso também. Mas hoje está tudo tão difícil aqui, tudo tão cheio de mentiras, de dependências, de loucura, tão cheio de tudo que eu não quero mais, tão cheio de coisas que não sou eu mesma. E eu acho que pode mudar, que sou eu quem pode fazer isso. Me desculpa, mas eu vou ter que deixa-lo aqui. 

Ou, em outras palavras: 

Já vou, será 
eu quero ver 
o mundo eu sei não é esse lá 
Por onde andar eu começo por onde a estrada vai 
e nao culpo a cidade, o pai 
Vou lá, andar 
e o que eu vou ver eu sei lá 
Não faz disso esse drama essa dor 
é que a sorte é preciso tirar pra ter 
perigo é eu me esconder em você 
e quando eu vou voltar, quem vai saber 
Se alguem numa curva me convidar 
eu vou lá 
que andar é reconhecer 
olhar 
Eu preciso andar um caminho só 
vou buscar alguém que eu não sei quem sou 
Eu escrevo e te conto o que eu vi 
e me mostro de lá pra você 
guarde um sonho bom pra mim.
--------->comenta, vai: 6 

Terça-feira, Outubro 11, 2005


Tô com tanta raiva de algo que não deveria estar. 
Perco a calma por motivos idiotas e não consigo encontrá-la depois. 
Coço a testa pra conseguir três segundos de ar puro. Não passa. 
Agora me tornei uma invejosa e egoísta também. Mas isso não faz parte da raiva. É constatação das coisas podres que poluem a minha existência e que fico espalhando por aí. 
Prendam-me. 
--------->comenta, vai: 2 

Domingo, Outubro 09, 2005


- As coisas são mais do que isso, entao?! 
- É, não é bonito? 
- Vou precisar que você cuide de mim. 
- Ah, você não vai precisar. Fique tranquila. 
- Tá tudo bem, só quero ter certeza que se algo der errado você vai estar de olho. 
... 
Não vai dar pra contar, né? 
- Você nem conseguiria. Deixa entre nós, eu entendo, eles entendem... 
- Talvez eu nunca mais consiga expor nada, contar algo, escrever. 
- Relaxa, você consegue contar as outras coisas ainda, você é boa nisso. 
- ... tá tudo tão bonito hoje, tão macio...
--------->comenta, vai: 0 

Domingo, Outubro 02, 2005


E de repente você me manda embora. E eu não posso mais dizer que ela sou eu, como sempre fomos a mesma pessoa. E pelo jeito tudo vai acabar logo, talvez estejamos com dias contados. E se eu quiser voltar? Quer dizer, e se eu não quiser ir? Mudar-nos-emos. E depois? E se eu ainda quiser você? Agora eu não penso nisso, agora eu te imagino comigo, longe. Agora eu me engano, faço de conta que tudo vai ficar como está e sonho com a seqüência dos dias que virão até tudo entre nós se esgotar. 

domingo, 25 de setembro de 2005

2005

Terça-feira, Setembro 27, 2005


Chuva e frio e sem sono e querendo escrever e parada na cama e com uma dor de cabeça sempre presente e precisando escovar os dentes e repensando a vida. Eu pedi pra que você se fosse. E te avisei que era perigoso ficar comigo. E por que você não vai embora agora? Já não sei se há mais tempo mas pode ser a mesma coisa. Meu vocabulário está acabando e graças a isso aqui estou sentindo um pouco de sono. Não queria ter que voltar pro mundo e me despedir de você. É diferente do que eu disse há dois minutos, mas e dai? Vontades simultâneas, sensações, anseios. Enquanto eu escrevo, uma sombra sua perambula, e se senta. Põe a cabeça no meu pé, nesse exato instante. Agora você pode ler.
--------->comenta, vai: 3 

Quinta-feira, Setembro 15, 2005


Dois de Novembro. 
Eu briguei com você e a culpa foi do passado. Eu briguei, mas foi com aquela parte de mim que ainda não tem dezessete anos. E agora vou ficar esperando: quarenta e oito longos dias até que você volte! Volta. Quero você do meu lado respirando fundo enquanto eu ajeito minha cabeça no seu ombro pra dormir e, rangendo os dentes, quero acordar assustada com o seu barulho, puxar o cobertor até o pescoço e te olhar sem que você saiba. Quero: saber que eu vou agüentar, estar forte mesmo sem você, mesmo com você. Briguei hoje pela primeira vez e vinte minutos depois as pazes foram feitas. Eu: chorando, pensando ter encontrado em você uma outra pessoa, aliviada por ela já ter ido embora. Acho que era eu. Acho que eram meus olhos corrompidos pelas tristes histórias de outras pessoas que imaginam sempre uma pequena miséria a cada tropeço pequeno. Mas nós não somos elas, não somos assim. Nós: ainda estamos decidindo, ainda podemos estragar tudo, ou ainda podemos consertar, ainda temos força. Ainda podemos tudo: se você puder voltar e estender o braço pra eu deitar, eu ajeito seu cobertor. 

--------->comenta, vai: 4 

Terça-feira, Setembro 13, 2005


Blusa de algodão, blusa de lã 1, blusa de lã 2, jaqueta de nylon. Corri para pegar o ônibus. Mãos vermelhas, eu não sou desfragmentada. Ontem, ela conseguiu oficialmente acabar com uma coisa. Sentiu-se. Queria encher a casa dele de bilhetes, escrever em todos os cantos, preencher cada espaço vazio e cada espaço ocupado. Poderia se mudar pra lá. O pé estava molhado por causa da chuva que caía a três longos dias. Às vezes, mente para a família, compra um doce de amendoim escondido, rói as unhas. Às vezes deseja ser outra pessoa, deseja outras pessoas. Olha-o como se fosse um privilégio, pega com força nos seus braços, nas suas costas, no pescoço, tem vontade de chorar. E choro. O sonho que teve enquanto dormia fez com que se sentisse culpada e achou que ele poderia desconfiar. E o que mais? Gostava do peso do cão nas suas pernas: aquela mania compartilhada por ambas. Lembrou que gostava de Linguagem, de Teatro, de escrever. Preciso sair de casa. E se chover demais? Vai, vai que o tempo foi. Esqueceu um cobertor na viagem e agora se arrepende. Sempre se arrepende. Quando estou com você, sinto ser eu mesma, mesmo sendo um clichê. Ela não precisa esconder o frio exagerado, a unha roída, a ruga pregada, o medo, o medo, o medo. Cheguei em casa e fui correndo trocar as meias. Amanhã não vai ter sol de novo, disseram. Amanhã ela vai te ligar, vai dizer mais uma vez tudo aquilo que já disse antes e vai sorrir se você disser tudo de novo pra ela. Muitas coisas, e quase nada no fim. 
--------->comenta, vai: 1 

Quinta-feira, Setembro 01, 2005


Não consigo mais. To fugindo disso. Não estou pensando e to cheia de medo. 
Hoje chorei quando você não tava em casa. Que mania essa! 
Tá vendo? Eu não consigo mais. Perdi aquilo. Perdi as pequenas frases incitantes, a ironia, a analogia. Você? Não escrevi sobre nós. 
E você não foi. Queria ter te visto, ter sorrido pra você também. 
E uns pesadelos sem sentido enquanto eu estava do seu lado hoje. 
Por que eu me importo tanto? Quero tirar você dessa casa e te levar pra um lugar sem memória. E eu não consigo. Não. Eu não sou mais nada daquilo. 
Geléia. Eu estou imersa numa grande geléia de uva preta.

quinta-feira, 25 de agosto de 2005

2005

Terça-feira, Agosto 30, 2005


Acontece no dia 31 de agosto, na Cinemateca, o lançamento do curta Fotos de Família, de Eduardo Baggio e Carlos Rocha, premiado no concurso Ação 4:3 

Será lançado nesta quarta-feira (31), na Cinemateca, a produção curitibana Fotos de Família. Dirigido por Eduardo Baggio e Carlos Rocha, o curta-metragem recebeu o prêmio de melhor projeto no concurso Ação 4:3, realizado pela Fundação Cultural de Curitiba. 


O curta mostra a história de Ana Luiza, uma estudante universitária que busca construir um passado. Para isso, Ana rouba fotografias de pessoas das quais se aproxima com o intuito de obter o registro de uma história familiar. Fotos de Família é um recorte da vida dessa personagem que se envolve com Carlos, um jovem universitário que se vê atraído por Ana, mas confuso em relação às reais intenções dela. Com Luciana Dal Ri, Val Castro Salles e a participação de Dirce Fernandes Ramos. 

A premiação de "Melhor Portfólio e Projeto" pelo Ação 4:3 permitiu aos diretores Eduardo Baggio e Carlos Rocha ¿ ambos já premiados em festivais brasileiros e internacionais ¿ a viabilização do projeto. Além da conquista do prêmio, o apoio de empresas locais, desde gráficas até lojas de móveis, contribuiu para o resultado que poderá ser conferido, gratuitamente, às 20h. 


FICHA TÉCNICA 

Roteiro: CARLOS ROCHA, EDUARDO BAGGIO, JASON BRITO PESSOA e MILENA EMILIÃO 
Direção: EDUARDO BAGGIO e CARLOS ROCHA 
Assistência de direção: ADRIANO JUSTINO 
Preparação de elenco: ADRIANO JUSTINO e MILENA EMILIÃO 
Direção de fotografia: FERNANDO AGUIAR e ISAIAS EMÍLIO 
Assistência de fotografia: MARCIA C. RUY 
Direção de produção: TACIANA FORTUNATI 
Assistência de produção: MILANA BERNARTT 
Direção de arte: VERGÍNIA GRANDO, LUAN VOIGT e RENATA PETERLINI 
Figurino: CELINA CHAVES 
Produção executiva: CARLOS ROCHA, EDUARDO BAGGIO, TACIANA FORTUNATI 
Som direto: ROSELI S. RIBEIRO 
Microfonista: ODAIR DA SILVA 
Músicas: Ruído / MM 
Edição de som: DEMIAN GARCIA 
Edição: EDUARDO BAGGIO 
Continuista: MILENA EMILIÃO 
Eletricista chefe: FUMAÇA 
elétrica e maquinaria: ANDRÉ OLIVEIRA, ANDERSON QUINSLER E SAGÜÍ 
Video assist: ANDERSON SANDERS 
Estagiárias de produção: MARIANA FRANCO E MÔNICA LETÍCIA DIOCONDE 
Motorista: GILBERTO LUIS GAGEL 
Making of: ROBERTO SVOLENSKI 
Fotografia still: OSVALDO SANTOS LIMA 
Design gráfico: IRAISI GEHRING 
Assessoria de comunicação: SOLANGE LINGNAU 


Serviço 
31 de agosto (quarta-feira), 20h 
Cinemateca de Curitiba
 
Rua Carlos Cavalcanti, 1174 - Centro 
Entrada gratuita 

Ah, e depois da exibição, tem festa no Wonka Bar (fica na Trajano Reis, onde era o Birinites) com discotecagem dos integrantes do ruído/mm (banda que cedeu duas músicas para o curta). O bar abre às 21h e a entrada é gratuita até a meia-noite.
--------->comenta, vai: 3 

Sexta-feira, Agosto 26, 2005


Sabe que a parte mais interessante da noite foi voltar de moto pra casa e sentir minha cabeça balançando dentro do capacete na BR? Eu esqueci de te contar isso. Esqueci de te perguntar se vc está melhor, se ainda tem muitas coisas pra fazer, se quer minha ajuda. Eu gosto de ajudar você, já notou? Gosto dos nossos pequenos momentos e de ficar pensando se nao te magoei agora. Parecem sinais de amor. Amor daquele tipo que faz perder a hora no trabalho, do almoço, faz perder as ligações importantes. É, acho que é assim mesmo: um tal de abrir mão. É, afinal, o que é isso? Quando eu me permitiria assumir: "vou ligar, pergunto se ele se importa, se isso for fundamental, eu posso não ir." É, mulherzinha boba e apaixonada.... 

"Quem te viu, quem te vê" 
--------->comenta, vai: 0 

Terça-feira, Agosto 23, 2005


Sabe aquilo de ter amigos pra toda hora? 
Sabe Los Hermanos? 
Entao... 
Helena Cogumelo, a grande, me convidou pra ser "o par" dela no show que vai ter na quinta. Isso! Promoção do site: um par de ingressos + um passeio no camarim = um monte de preocupações futeis de tiete. 
HE! 
É isso... ELE VÃO ME CONHECER!!! 

Por isso hoje, apenas uma boa imagem dos meninos, mas não esqueçam, semana que vem, FOTOS DE FAMÍLIA! 

 
Milena, a sexta hermana rindo à toa... 

--------->comenta, vai: 4 

Segunda-feira, Agosto 22, 2005


Copie e cole! 

 

--------->comenta, vai: 0 

Domingo, Agosto 21, 2005


FOTOS DE FAMÍLIA 
Estréia do curta-metragem mais esperado do ano! 
Dia 31 de agosto, quarta-feira, na Cinemateca de Curitiba, às oito da noite. 
(Rua Carlos Cavalcanti, 1174 - Alto São Francisco) 


E agora, um solo: 

 
Ana Luiza e Carlos, naporta da Cinemateca. 

--------->comenta, vai: 0 

Sábado, Agosto 20, 2005


Primeiro dia depois da promessa e já ia esquecendo... 


 
A primeira conquista de Ana Luiza. 

 
Ana e Carlos na Cinemateca. 


FOTOS DE FAMÍLIA 
Quarta, 31 de agosto, na Cinemateca (Rua Carlos Cavalcanti, 1174 - quase Centro). Ah! Às 20h.

--------->comenta, vai: 1 

Sexta-feira, Agosto 19, 2005


Então. Talvez seja tempo de férias. Talvez ele precise morrer, descansar, dormir por tempo indeterminado. E eu precise de novas fontes de inspiração, de novas cargas e descargas. Mas talvez. Eu queria aprender a escrever frases longas que não tivessem tipo de frases longas e contassem uma pequena história a cada nova não-vírgula. Mas eu não consigo. Talvez seja o fim, uma relação longa que me expôs muito e que incomodou alguns alguéns. E quem sabe seja mais fácil parar do que eu imagino. Vamos ver. Eu não sei mesmo o que eu quero fazer quando eu crescer, tanto faz se eu mudar de idéia. 


*************** 

FOTOS DE FAMÍLIA, o filme. 
(sabe aquele? aquele que eu falei um monte? aquele que eu enganei o diretor do filme? lembra? po, eu contei... acabou virando meu estágio da escola técnica e eu me revelei o maior fracasso como continuísta de todos os tempos. lembrou? então...) 
Estréia dia 31/08/2005 (quarta) às 20h na Cinemateca, você não paga nada pra ir ver e ainda me alegra! (chantagiiiista!) 
Daqui até lá, pelo menos uma nova foto por dia. Cenas do filme: privilégio para os leitores (??) do FinadoFelizes. 

 
Carlos e Ana Luiza, de costas. O encontro. 

 
Ana Luiza e a senhora, na cena final. 

--------->comenta, vai: 3 

Sexta-feira, Agosto 12, 2005


Decepcionada com muitas coisas e não ligando muito. Fiz sim, e agora? Agora você aceita, porque é só isso que você pode fazer. Lamento dissuadi-la dos seus planos para a minha vida, mas, ops!, a vida é minha. Sim, estou sendo irônica nesse momento. Achando que esse drama não vai nos levar a lugar algum ou apenas aumentar sua dor de cabeça. Mas, que saco, perdoe minha falta de paciência e tolerância, mas pra mim você é crescidinha demais para esse tipo de reação. Fiz. E não me arrependo. Se quiser apontar o dedo, fica olhando e espera a hora que posso precisar novamente de você. Se quiser se recolher e não se meter mais, tudo bem. Eu vou continuar. Sabe, é isso que você devia ter feito. E eu não posso fazer de mim o que você queria que tivesse feito com você mesma. Agora não. Escolha outro ou desista. Não fomos feitos, de verdade, à sua imagem e semelhança. Seu mundo caiu? Eu não sou responsável! Eu não tenho culpa. Eu não estou me sentindo mal e não vou fazer mais nada além de lamentar um pouco por esse teu sofrimento infame e infantil. Eu não estou errada. Todas as outras vezes eu podia estar. Agora não. Chega, vai dormir. 

**** 

"Rifkin vivia uma existência fragmentada, disjuntada. 
Há muito ele chegou a esta conclusão: todos sabem da mesma verdade; nossas vidas consistem de como nós escolhemos distorcê-la. 
Só o seu escrever era calmo. Sua literatura, de várias maneiras, salvara sua vida." 
Desconstruindo Harry, Woody Allen . 

--------->comenta, vai: 4 

Sexta-feira, Agosto 05, 2005


Fui esvaziar meu armário hoje. Segunda tinha ficado triste porque descobri que não estaria mais com eles e que teria que me adequar à nova realidade e às regras do novo. Liguei pra pedir socorro e você riu de mim. Eu não gosto de mudanças, já tinha dito isso tantas vezes e há tanto tempo. Dois anos e acabou agora. Você apareceu pra mim nesse tempo. O outro foi, enquanto eu via suas sombras e ouvia seus risos, daí resolveu voltar e foi embora de novo. E o que sobrou de tudo? Algumas boas pessoas, algumas boas companhias, algumas boas razões. Não achei que sentiria falta. Não achei que você riria. Aliás, sobre você, não achei muita coisa. Mas não importa. Alias, hoje não importa quase nada além do que há agora. E o que é isso? O mudado, esse novo, os próximos dois anos e tanto e você. E eu. Eu preciso saber de mim nisso tudo. E preciso de uma ajuda. Eu fui lá pra esvaziar o armário e as pessoas não se lembravam de mim. 
--------->comenta, vai: 6 

Quinta-feira, Agosto 04, 2005


Recado na secretária - Insônia 

Todo o meu corpo está achando que vai encontrar você hoje a noite. E eu vou passar a noite toda tentando convencer cada pedacinho dele de que isso não vai acontecer. Não hoje. 

(Esse texto é da Helena, mas podia MUITO BEM ser meu. Aiai!!)
--------->comenta, vai: 4 

Quarta-feira, Agosto 03, 2005


Eu também tenho medo. Eu. Também é difícil pra mim. Mas arrisquei. Muito. Já. Tudo o que tinha também. Não tenho medo de dizer. Não mais. O que penso, o que quero. Pra mim. Muito mais do que outra coisa nomeada. Que se dane o nome que as coisas tem. Que se dane. Nomes, nomes, nomes. No princípio era o verbo. E o verbo se fez carne. E habitou entre nós. Verbos, pra mim.
--------->comenta, vai: 1 

Segunda-feira, Agosto 01, 2005


Eu quase te amo. E quase mudei hoje quando você encostou em mim. A sua grande mão no meu braço, com medo, fazendo carinho devagar e leve. Um esfregãozinho só com os dedos. Pequenos apertos em todo o braço esticado no banco, a mão caída, sua pele na minha. Um filme passava e isso há tempos não era mais importante. Sentir o pouco de você que me encostava e esquecer que eu não podia. Queria ficar te olhando jogado no banco, um nervoso nas mãos que aumentava o tempo, que deixou tudo tão pequeno - pequeno como aquele beijo cheio de beijinhos destinado apenas a pessoas especiais. Não vou dar o próximo passo. Mas teu braço na minha pele hoje. Depois minhas costas sendo aquecidas pela tua mão capaz de ocupar todo meu corpo. Eu amaria você. Eu amaria você se eu já não soubesse o fim. Eu amaria você se fosse essa a primeira vez para amar. Eu amaria você se pudesse ter a tua mão no meu braço, todos os dias até ela esfriar.

segunda-feira, 25 de julho de 2005

2005

Terça-feira, Julho 26, 2005


Eu não queria gostar tanto assim. Não queria me sentir dependente e ter vontade de estar em cada minuto insignificante da minha vida. Eu não queria ter que ficar procurando e pensando onde está sem mim. E chorar quando não está. E esperar. Eu não queria gostar tanto assim. Eu não. E mudar minha vida e aceitar de bom grado abandonar-me por causa. Eu deixei que entrasse, mudasse, vivesse comigo sem saber se seria assim só pra mim. Porque mais uma vez eu só consigo ficar pensando: você, você, você... Mas eu não quero. Eu não quero gostar tanto assim.
--------->comenta, vai: 2 

Domingo, Julho 17, 2005


Fica comigo hoje? 
Eu não posso voltar assim. Eu quero você como nunca. Te dizer tchau foi me separar de uma parte do que eu não aprendi a viver com essa nova parte que não está aqui. To sentindo a tua falta como se nunca tivesse te visto na vida, como se você fosse um colega de escola que tivesse morrido, um pássaro que cantava todas as manhãs, uma mão no meu corpo que não está mais lá. To sentindo a tua falta como se nunca mais fosse te encontrar. Fiquei andando com o celular pela casa, aquela onde você não está. Fiquei imaginando você chegando na sua, sozinho, quieto, indo tomar um banho quente e tendo que ler páginas e páginas de um livro que você vai assinar. Meu pequeno talento. Aquela cidade que vai ter sempre o seu sorriso de canto. Eu perdi o controle. Eu não tenho mais medidas e te amo desesperadamente. Fico torcendo pra que os dias passem rápido, pra que a vida mude, pra que eu esteja ai. Mas voltei pra casa, você me deixou aqui, e ouvi vozes que gritavam, que não eram as tuas doces, as sussurradas, as adormecidas. Dormi vendo televisão por dez minutos, acordei num colo que não era teu, mas tinha certeza que tua mão é que estava na minha cabeça, que era no teu corpo que eu descansava e abri os olhos chorando, de novo, porque de você, só o cheiro na minha mão, que desde ontem insiste em não sair. Quer casar comigo? Ver minha cara inchada de manhã, dividir o café e reclamar da minha mania de sair de casa com o cabelo molhado? Deixar esse cheiro todos os dias, a ansiedade suprida pela sua presença, a lágrima seca porque você está ali. Fica?
--------->comenta, vai: 5 

Sábado, Julho 09, 2005


Se no inverno as pessoas usam preto porque preto é a cor que absorve mais calor, 
EU QUERO VIRAR UMA NEGONA!!! 

--------->comenta, vai: 5 

Quarta-feira, Julho 06, 2005


Sabe quando você acha que deu? Eu acho. Cansei das piadas, da falta de humor, dos tapas. Cansei de me sentir mal e de ficar inventando histórias pra desacreditar de tudo. Cansei de ter que ser eu a procurar, de não ouvir respostas, de frisar meu rosto por causa disso. Cansei de escrever textos em terceira pessoa e fazer de conta que não é comigo, não é comigo, nunca não é comigo. Eu vou viajar. Vou descansar desse pequeno mundo, com essas pequenas pessoas de pequenas idéias em pequenas cabeças. Vou pra longe de mim mesma e dessa história que criei sobre mim. Não vou levar nada comigo, nem lápis, nem lápis, nem lápis. Cada conto vai ficar aqui. Cada canto. Eu vou renascer errada, vou ser feia e irônica e esperta e mentirosa quando preciso e precisa quando preciso e canalha e malandra. Cansei de lutar para ser, de não ver resultados, de não encontrar cuidado, de implorar por atenção. Eu cansei de não ter. Eu vou embora. Eu vou embora e se quiser dar tchau eu atendo o telefone.
--------->comenta, vai: 0 

Segunda-feira, Julho 04, 2005


Auto-piedade sim, e por que não? 
Só. Extremamente só. Com sonhos abandonados e me sentido incompreendida. Silêncio, por favor. Hoje eu quero apenas, uma pausa de mil compassos. Queria que você tivesse dito que me amava. Queria que você tivesse dito também. Não consigo me sentir de forma alguma especial. Eu que sempre achei que teria tudo o que quisesse, apenas porque achava que merecia. Eu sou só como as outras, sem nenhum atrativo, sem inteligência o bastante, sem beleza o bastante, sem nada de novo. Vocês não puderam fazer com que eu me sentisse melhor. Eu não pude ser alguém diferente, não posso oferecer nada, acrescentar nada. Mais cedo ou mais tarde você descobriria isso. Mais cedo ou mais tarde você vai descobrir, e me deixar, e encontrar alguém que mora longe e que é melhor. Porque o mundo não é todo pra mim, eu não consigo fazer todas as coisas que eu sonho fazer, eu não vou ser melhor, nem fazer melhor, nem nada mais. Eu sou uma mulher qualquer. Ver-se comum, ver-se qualquer, dói, ver que seus sonhos são como de qualquer outra pessoa. Que os sonhos não se realizam, que os príncipes não descem dos seus cavalos, que você não tem um destino a cumprir. Vai, Carlos, ser gauche na vida. Maldito anjo torto. 

De Porta Aberta - Los Hermanos 

--------->comenta, vai: 5 

Sexta-feira, Julho 01, 2005


Uma reação adversa. Não esperava esses pensamentos. Sentiu que deixou para trás, em definitivo, uns cinco, seis anos da sua vida e não havia nem sombra de certeza da escolha do caminho. Sabia que tinha escolhido e se prendeu às vozes que acreditam que o melhor mesmo é sair do vai-não-vai. Ela estava mais confortável antes, podia pensar o que quisesse e agir assim também. Tudo bem, pensava. Nunca antes tinha sido tão enfática, tão sincera e tão decepcionada. Falou o que achava importante e não ouviu nada. Continuou no escuro, só que dessa vez estava nua e sem ter onde se esconder. A forma fácil que ele propôs foi fugir. Não suportou ouvir, não queria. Ele mesmo, depois ela soube, não sabia por que estava ali. Estava agindo um pouco menos racional que de costume e ela exigia mais dele. Mais do que ele podia ser, mais do que ele sabia dar. Disse que gostava de estar ali porque era com ela que não se sentia pressionado. Para ela, isso não bastava. Ela é Joana de Áries, é intensa, inteira, apaixonada. E assim foi que o deixou, numa esquina que, sabe, vai ter aquele abraço mal dado, a ansiedade por ouvir mais, a falsidade dos atos. Tchau, e deixou-o, pela primeira vez. 

sábado, 25 de junho de 2005

2005

Quarta-feira, Junho 29, 2005


Imediatamente após deixá-lo sentiu como se tudo caísse. Não tinha brigado, não tinha desistido, não tinha deixado de falar e sentia que algo faltava. Faltava ele, entendeu quando entrou em casa. Aquela que era cada vez menos sua não compartilhava da companhia do dia. Suas paredes brancas de velhos quadros pendurados não acariciavam seus olhos. O banho foi gelado e nem o pulo do cão alegre com o retorno era o bastante para levar para longe todas as vontades não concebidas que a haviam encontrado. Nela, agora, saudade. Palavra sem explicação, a ausência de ser, a incomunicabilidade da alma. 
--------->comenta, vai: 9 

Sexta-feira, Junho 24, 2005


Para VOCÊ pensar: 
"ela é mais sentimental que eu, então fica bem se eu sofro um pouquinho mais..." 

(e o show ontem foi lindo!) 

--------->comenta, vai: 2 

Terça-feira, Junho 21, 2005


Não volte. Não quero voltar. Não quero não-ter de novo. Há tempos declarei o fim, depois de um ritual em que incinerei suas roupas, as minhas e o que aconteceu comigo depois de você. Agora essa aproximação que você propõe é como uma sessão de mesa branca, da qual eu não vou participar. A tua lembrança já me doeu muito, sentia falta dos teus cabelos nos meus dedos, das mãos, do teu jeito de ver o mundo. Achava que eu era a culpada, que o erro era meu, que eu não era boa o bastante, não me esforçava o bastante, não queria o bastante. Depois, só depois de você é que vi que não preciso de esforço, que pode ser fácil, pode ser bom, pode ser aberto, inteiro, transparente. E que eu sou melhor do que aquilo, sim. Eu preciso falar e você não, nunca. Você nunca precisa de nada. Não quero medir meus atos, pensar no que você vai pensar, respeitar seu espaço intransponível, estar junto com uma ausência que você não supre. Eu não quero voltar. Não quero tentar, não me proponha, não se chegue, não há espaço pra você aqui. Eu não quero me lembrar das tuas conversas e ponderar as minhas escolhas. O monstro morreu no quarto ao lado. A chave foi perdida e eu saí pra tomar um ar nessa tarde fria que fez hoje. Voltei gelada e já tinha esquecido de você.
--------->comenta, vai: 0 

Quinta-feira, Junho 16, 2005


q. raiva 
que raiva 
que raiva! 
Que raiva! 
Que Raiva!! 
QUE RAIVA!! 
QUE RAIVA!!! 

 

E não passa. 

--------->comenta, vai: 3 

Quarta-feira, Junho 15, 2005


Vi "Salt" hoje, e isso mexeu comigo. Mexeu como poucas cenas já puderam mexer. Parecia o sentimento que esse meu blog tem, muito melhor, mais claro e no palco, com uma única atriz em cena gemendo de dor, se contorcendo em busca de seu amado, falando em italiano que "depois lhe direi que te espero embora não se espere quem não pode voltar". Em italiano! Eu que não entendo nada além de ragazzio e amore. O suficiente para abrir outros poros e chorar, copiosamente, chorar como uma menina que assiste Rei Leão pela primeira vez. Queria conseguir reproduzir todo o texto. Queria contar como foi ver uma chuva de sal, literalmente, como foi ouvir aquela música, como foi me purgar ali e sair pisoteada. É sim uma volta ao "diário", mas e daí? Quero chorar de novo ao lembrar dela em cena, ao lembrar da minha dor, da minha vontade de estar no palco, da minha incapacidade de ter escrito algo tão bom quanto isto. E quero ler esse texto mais uma vez, sempre um pouco mais. 


Gostaria de lhe escrever uma carta, uma carta verdadeira, atravessando os estratos de lava e de argila que a vida foi sedimentando sobre todas as coisas. Lhe diria que continuo sendo eu e que conservo sonhos. Lhe diria que ainda amo, embora os sentidos estejam cansados. (...) 

Procurei você, meu amor, em cada átomo seu que está disperso no universo. 
Recolhi quantos deles me foi possível, na terra, no ar, no mar, nos olhares e nos gestos dos homens. (...) 

Lembra-se daquela senhora especialista em Tchekov... 
Lembra da explanação que deu sobre as últimas palavras do escritor russo? 
Ficamos ambos maravilhados. 
Nem eu nem você sabíamos que Tchekov ao morrer tivesse dito: Ich sterb! Eu morro! 
Pois é, morreu numa língua que não era a sua. 
Que estranho, amou em russo, sofreu em russo, odiou em russo, viveu em russo e morreu em alemão.(...) 

Aconteceu de modo natural, assim como surde a lua ou como neva 
Alguém se aproximou nas pontas dos pés me tocou na nuca e sussurou: 'cabelos de mel...' 
Virei e te beijei. 
Depois com o indicador na frente dos lábios que tinham te beijado, sussurei: psssiu. 
E te beijei novamente. 
Pensava em você todos os dias. E as poucas horas do ano em que podia vê-lo naquele hotel de montanha eram quase um suplício. 
E você era feliz, entretanto. 
Porque as pessoas podem ser felizes nos seus entretantos. Eu também. (...) 

Te procuro no resplendor desse mar porque você o viu, e nos olhos do dono da mercearia, do farmacêutico, do velhinho que vende café gelado, naquela pracinha, porque talvez eles tenham visto você. 
Estas coisas também coloquei no bolso, este bolso que sou em mesma e os meus sentidos. 

Meu amor, me desculpe se ainda o chamo assim como chamava naquela época, depois de todos esses anos, mas não sei mesmo como chamá-lo. 
Como é que uma pessoa se dirige ao homem amado que disse ' tchau, ate amanha', e nos abandonou sem deixar sequer um bilhete de explicação? 
Porque você continuou sendo o meu amor por toda a minha vida. Os raros homens que tive foram encontros furtivos para satisfazer a carne, porém todas as noites quando eu tentava pegar no sono, abraçando o vazio da minha cama solitária, eu dizia "meu amor" e imaginava que voltaria a viver o milagre de ter você entre os braços.(...) 

Gostaria de lhe escrever uma carta verdadeira, atravessando os escuros estratos de lava e de argila que a vida foi sedimentando sobre tudo. 
Lhe diria que continuo sendo eu e que conservo sonhos. 
A magnólia floresce. E também as crianças crescem. 
Lhe diria: o tempo não espera. É feito de gotas. 
Basta uma gota a mais para que o líquido se derrame no chão, se expanda e se perca. 
Lhe diria que ainda amo, embora os sentidos estejam cansados. 
E que preparei as palavras para a minha lápide: 
poucas, porque entre a data do meu nascimento e a que será a da minha morte todos os dias são meus. 

Seja o sal da terra, seja o sal do mar. 
Seja o sal do suor de todo o meu amor. 
Seja o sal sob o sol, seja o sal sobre a ferida. 
Seja o sal das lágrimas, o sal da minha vida. 

E depois lhe direi que te espero embora não se espere quem não pode voltar. 

Todas essas ilhas eu percorri, todas procurando por você. 
E esta não é a última. Quem poderia continuar a procurá-lo senão eu? 

(Salt - direção de Eugenio Barba, textos adaptados de Carta ao Vento e Está Ficando Tarde Demais, de Antonio Tabucchi. - e aí, Lielson, conhece esse?) 
!!! 

--------->comenta, vai: 2 

Domingo, Junho 12, 2005


Você me deixou. Voltei pra casa sozinha, como sempre estive. Só. Não há nada que eu faça que me deixe mais preenchida. Você não conseguiu isso, nem nunca tentou. Pra você, eu não tenho problemas grandes demais, não sofro demais, não aproveito demais, não sou nada além da média. Por que eu dei essa importância pra você? Porque é assim que eu sou, pra você, alguém que valoriza demais as pequenas coisas. Mas, escuta, isso tudo foi importante pra mim. Foi divertido, foi proveitoso, foi eu e você juntos, o tempo que foi necessário. Eu não quero que essa solidão continue. Não quero esperar que você solucione um problema que é meu. E sim! Eu tenho as minhas dores. Não importa o quão grandes elas são, não importa se pra você é tudo ridículo: essa sou eu, e em mim dói. Dói ficar longe de você. Abrir a porta de casa e falar tchau. Dói ouvir você gritar. Saber que prendi tua sombra no armário e nunca mais vou conseguir usar as chaves. Eu quero que você fique. Quero que bata na porta e me aperte. Por que você nunca me beijou? Eu coloquei o meu vestido vermelho. Pus brilho nos lábios, nos olhos, nas maçãs do rosto. Você disse boa noite sem olhar pra mim. Por favor, não vá, mas olhe pra mim. Olhe pra mim. Eu quero você. Quero tudo de você. Quero teus defeitos, as coisas que me irritam, a minha vontade de te deixar, eu quero sentir isso também. Quero te desejar como hoje desejei. Quero ouvir cada história que você repete sem saber. Quero estar na tua vida, quero que você volte pra minha casa, durma na minha velha cama, afague meu cão. Volta. Eu quero estar insatisfeita com você. Volta. Bata na porta e só hoje não fale comigo, me olhe nos olhos, pega na minha mão, seja clichê, beija a minha testa, meu nariz, minha bochecha, minha boca. É pedir muito? Eu quero você. Eu quero voltar atrás, quero ser um só, o tempo todo, até logo.
--------->comenta, vai: 1 

Domingo, Junho 05, 2005


A tarde, um telefonema mais que inesperado. "Oi, Má, é o Wilson." Um longo silêncio que traz à memória a imagem daqueles que foram dois velhos conhecidos. Um antigo silêncio entendido. "Surpresa." Não pôde esconder o tudo de sentimentos que invadiu seu corpo. Tremeu um pouco. Num segundo iluminador, decidiu que não esconderia nada e que, depois do "alô", estava disposta a ser justa com suas vontades, encarar esses pequenos medos de frente, enfim, esquecer a Má-bundona que reinava. "Tava com saudade de você", ele repetiu. Ela desabafou. Achou que era seu direito - depois da tarde interrompida - de dizer que estava chateada e blablabla. Ele achou-a surreal, seja lá o que isso quer dizer. Silêncios e pausas e velhas perguntas e novas histórias e risadas e interrupções e mais silêncios e saudade e necessidade de ir embora e nenhuma vontade de voltar atrás. Tranquilidade depois de vinte minutos. Ela, feliz de conversar, daquela voz no telefone ser significativa mas não doer, não trazer vontade de mudar de vida. Ele, não sei. Ele ligou num fim de uma bela e caricata tarde de sábado, disse que estava enrolado no cobertor. Ele perguntou da vida, contou da sua, disse dos planos e anotou o novo numero de telefone. Ela mandou ele ligar de novo e precisou ir. Desligou o telefone aliviada, ele virou pro lado e foi dormir. "Nada de novo, debaixo do sol." E a vida seguiu. 

---- 

Pensamento do dia: 
preciso perder essa barriga!
--------->comenta, vai: 5 

Quinta-feira, Junho 02, 2005


Outras cartas já foram escritas. Outros bilhetes já foram deixados. Outros beijos, outros cabelos, outras memórias. E agora, você não é a única, nem a última, nem diferente. Você repete padrões, você se repete. Não há nada novo nisso. Não fale mais, não escreva mais. Escreva. Em outra língua, palavras novas, inventadas pra mim. Escreva de um sentimento novo. Escreva o que eu te provoco. Seja direta, não quero mais histórias, não quero mais outras pessoas. Ponha "eu". Diga meu nome. Grite. Faça algo pra mim. Só. Eu já vi isso que você aponta, cansei. Não seja delicada, não pense de novo, não pense mais. Seus atos planejados, sua vida planejada, seus beijos planejados. Isso não é novo. Não é nada. Você é pouco, insuficiente, insapiente. Eu já vi outros iguais a você, já conheci outros. Você é como todos. Fala como eles, escreve igual. Eu fico com você. Custa quase nada pra mim, é indiferente. Mas. Faça algo pra mim. Mas me deixa. Você não é novidade. Outras cartas já foram escritas. Entenda.

quarta-feira, 25 de maio de 2005

2005

Terça-feira, Maio 31, 2005


eu, triste: 
ai, como é ruim ter que te dividir com outro mundo 
eu, medrosa 
ai, como é ruim ter que te dividir com o mundo 
eu, ciumenta: 
ai, como é ruim ter que te dividir com um outro mundo 
eu, possessiva: 
ai, como é ruim ter que te dividir 
eu, respirando: 
ai, como é ruim ter que te dividir com outro mundo 
eu, suspirando: 
ai, como é ruim ter que te dividir com o mundo 
eu, compreensiva: 
ai, como é ruim ter que te dividir com um outro mundo 
eu, aceitando: 
ai, como é ruim ter que te dividir
--------->comenta, vai: 1 

Segunda-feira, Maio 30, 2005


Please, please, please, come back and sing to me and love me and save me and forgive me 
Não fique brabo, eu te amo 
Me desculpe, me entenda, se acalme 
Tenha paciência, seja bom, me ame 
Não me deixe, não vá, não durma, não vire, eu errei 
Esqueça, vá adiante, olhe além, nós 
Juntos, lindos, suados, sorrisos, abraços, pêlos, fique comigo 
Hoje, de noite, na chuva, com frio, cheiro de cigarro, na presença dos outros 
Eu quero, eu quero, eu gosto, eu te amo 
E erro 
Sempre 
E erro e magoo e enfraqueço e choro e desculpo e não melhoro 
Apesar também porém contudo através portanto mas 
Fique fique fique fique 
Mais.
--------->comenta, vai: 3 

Domingo, Maio 29, 2005


"Você sabe que isso tem chances de dar errado, não sabe?" 
Sabia. 
Na noite anterior, quando achou que tudo estava indo por água abaixo, quase ficou impotente porque achava que a profecia estava se cumprindo. Sentiu a grande falta que ele faria. E só tinha sentido como seria essa falta lá. 
Desde o começo sabia que podia acabar, mas tinha resolvido esquecer-se disso e continuar vivendo. Quando viu, estava fazendo planos pro mês que vem, pras férias que vem do ano que vem. A vida estava sendo planejada juntos e isso era bom. 
Sentada distantemente ao seu lado no cinema, esquecera o filme e se dera conta do mal que ele ia fazer longe dela e do mal que ela o faz perto dele. Não. Ele não faria mal longe dela, ele não faria nada, ele ia continuar a vida, ia se esquecer dela. Era isso que era mau. Agora ela sim, ela podia fazê-lo mal estando perto dela. Ela machucava e não sabia, arranhava suas costas enquanto achava que fazia carinho, suas boas intenções não eram suficientes para fazê-lo feliz. Tinha decidido deixa-lo ir. Porém, sua tristeza no segundo seguinte à decisão foi grande o bastante pra que ela corresse até seu braço e o apertasse. Não podia ser tão fácil, não queria ceder assim. 
Você sabe que isso tem chances de dar errado, não sabe? A frase não saía da sua cabeça. Sabia, mas ia se esforçar para prolongar aquela estadia. Amava o hóspede. Amava ficar longos minutos olhando pra ele, seu rosto grande, seus dedos longos, seu cabelo, suas pernas, seu peito. Amava seu toque e ansiava por ele. Confiava num sentimento inominado e custava a acreditar num fim próximo. 
Você sabe que isso tem chances de dar errado, não sabe? 
Sei, e daí? Eu te amo hoje. Depois a gente vê o que faz.
--------->comenta, vai: 2 

Quarta-feira, Maio 25, 2005


Sabe isso? 
Isso de achar que alguém é o "the one"? 
Sabe isso de achar que vai morrer sozinho e que não vai aguentar viver sem aqueles olhos em você? 
Sabe? 
Quando você diz "eu fiz de tudo pra você perceber que era eu"? 
Aí passa um tempinho na música, alguém diz "nananananananananana" e aparece uma nova flor? 
Sabe quando diz "pude então enfim amar"? 
É.... 
As vezes, acontece. 
A Flor - pra ver a animação e lembrar desses pequenos detalhes... 

Dia estranho esse meu... 

--------->comenta, vai: 1 

Domingo, Maio 22, 2005


Dizer o quê hoje eu queria dormir 
aí desejar não foi o bastante 
pra mim nesse caso a vontade continua
--------->comenta, vai: 2 

Quinta-feira, Maio 19, 2005


Essa coisa de não conseguir dizer que não gostei não faz bem. 
DÓI, SABIA? 
E não precisa tocar aí toda vez que quiser me atingir. 
EU NÃO GOSTO DOS SAPOS. 
Vou contar que eu não gosto, não vai mais poder dizer o que quer por que eu não vou mais ouvir. 
SABER QUE DÓI NÃO É O BASTANTE? 
Não vou mais ouvir. 

"this is my final fit, my final bellyache, 
no alarms and no surprises, 
silence silence" (no surprises, radiohead)
--------->comenta, vai: 2 

Quarta-feira, Maio 18, 2005


Primeira incursão no mundo musical... 
Mas fazendo o que eu sei (??? - ou gosto, pelo menos, que piada! mas antes isso que cantando...)! 

Deixa que eu conto: 
Domingo, 5h30 da manhã. 
Acordamos às quatro da matina, quase todos mal-humorados, especialmente eu, que dormi com pernilongos se aproveitando de mim. 
Entre resmungos e bocejos, fomos nos preparando para a maratona. 
O povo da banda precisava impedir o trânsito da Marechal Deodoro com a Tibagi, enquanto nós filmávamos uma simpática mocinha de vestido de bolinhas pretas desfilando pelo meio da Marechal. 
O sol nasceu, a cidade acordou, a gente filmou e tudo deu certo. 

(A Marechal vazia graças ao esforço da galera e à soneca a mais do tio da Diretran) 
 

Palavras da Xanda, a vocalista da banda curitibana Criaturas, modificadas por mim, pra poder ter lógica, né, pessoal. 

Superada a etapa Marechal, dormimos por 2 horas e fomos pra Santa Felicidade. 
Deixa eu e a Xanda irmos falando aqui.... tivemos que carregar e montar o palco e os equipamentos no local escolhido ¿ um terreno alto em Santa Felicidade, de onde se tem uma das vistas mais bonitas de Curitiba. O sol castigou, mas não ouvi ninguém reclamar muito (tirando eu, que comecei a sentir um enjôo de grávida que só passou as seis da tarde, quando tudo o mais já tinha cabado também...). Ligamos o gerador e tudo pareceu funcionar perfeitamente. 
Após horas de trabalho intenso, devoramos porções de polenta e frango frito do Madalosso (uma verdadeira farofada!), o povo vestiu os figurinos e iniciamos a filmagem da banda. Mas logo no terceiro take, começou a sair fumaça da caixa que estava reproduzindo a música pro Criaturas poder atuar. Ainda bem que era deles! A variação de corrente do gerador queimou também o aparelho de som do Eduardo, diretor do clipe, e daí em diante tivemos que utilizar os recursos mais absurdos para tentar obter a tal sincronia. Aí foi imprescindível a participação da Maíra, namorada do baixista, que ficava lá na rua, ouvindo a música no carro e regendo a banda com duas baquetas, movimentadas energicamente, como uma maestra maluca, pouco ligando para os curiosos que paravam no local para assistir à gravação (isso foi mesmo uma prova de amor... ela ficava lá, mantendo o ritmo, acreditando no sucesso dos meninos!). 
Diante desses impasses desastrosos, a banda fez o que pôde. O trabalho maior será da equipe de produção (Há!), que vai penar mais do que deveria para conseguir sincronizar as imagens com o som. 
Pra constar, filmamos com uma mini-dv e uma super-8, bacana, nunca tinha visto uma dessas funcionar de perto e tomara que o resultado valha o empenho... 
Fotos? 
A banda com cara de quem acordou e não gostou: 

 

A Bianca (é o nome da música da banda, acho que dá pra ouvir no site da Trama), a atriz. 
Participação especial do cabelo da Milena: 

 

Milena, Eduardo e Taci, cedo, muito cedo... 
 
(repararam nos óculos? aiai... esses cineastas famosos!!!) 

--------->comenta, vai: 1 

Segunda-feira, Maio 16, 2005


Agora é tarde. 
Você não vai conseguir se aproximar novamente. À minha volta, muros, árvores, cercas, fiações. Barreiras suficientes para te manter longe. As poucas vezes em que te dei a senha para acessar o atalho que te traria aqui, você preferiu ficar na porta, gritando qualquer coisa que eu não quis ouvir. Agora você não tem mais o direito de pedir para se aproximar. Eu já não me lembro mais de você e você não me reconheceria. Eu não tenho mais os teus traços, não ando como você. Nos meus pesadelos você não aparece mais. Eu deixei meus cabelos crescerem, como você não gosta. Você entende? Não há espaço para você aqui. Eu enchi a minha casa com pequenos objetos de valor. Comprei discos de bossa nova, canetas coloridas, fotos do meu corpo, listas, listas, listas. Eu sinto sono agora. Vou dormir sozinha, acordar com o meu despertador laranja e viver mais um dia sem lembrar de você. Hoje a tarde eu ergui mais uma cerca; agora é tarde o bastante para você bater à porta. Agora vai.
--------->comenta, vai: 1 

Quinta-feira, Maio 12, 2005


Hoje eu não... 
Eu quero saber onde está aquilo? Qual é o meu problema? Por que, de um jeito estranho e conhecido, eu me sinto tão mal? Por que eu precisei ficar fazendo de conta pra você? Por que não chorei, por que não me abri, por que não esperei que teu colo aparecesse pronto pra me cercar? Por que eu tive incerteza de nós? Porque eu sinto que preciso estar rindo o tempo todo, mesmo quando não sou eu. 
Porque eu esperava receber um sorriso toda vez que me visse nua, sincera. E agora tenho medo de ser uma chata instável que precisa de chocolate e carinho. Quem, além de mim, senta no meio da rua pra escrever suas tristezas? Quem faz isso quando tem pressa de voltar pra casa, quando se sente feia e tem fome? Por que eu estou assim? Que tipo de tristeza é essa que aparece de manhã e não me deixa mais? 
Queria poder te encontrar de novo, começar de novo, receber um abraço forte e responder não ao tudo bem. Ser sincera mesmo que você não gostasse. Dizer que esses pequenos insultos me magoam e que eu gostaria tanto quanto você de não mais voltar pra casa. EU TAMBÉM QUERO. E não quero ouvir as pessoas ao meu redor, não quero voltar pra casa, nem ir pra aula, nem falar com você. Uma cápsula de vidro ia bem, uma maracujina forte e uma noite de 15 horas. E, amanhã, amanhã sim eu quero você, o você que sabe quem eu sou, que me deixa entrar na cápsula e que não responde a todas as perguntas. 
Mas, amanhã, amanhã. 

(ouça, pra ficar feliz, #41, Dave Mattew´s Band.) 

--------->comenta, vai: 3 

Terça-feira, Maio 10, 2005


Ficou deitada na cama nua sentindo o cheiro cru da noite dormida 
Bom dia 
Ela sorriu bom dia não não levanta 
Você precisa ser menos romântica 
Não é romantismo pensou eu só quero te olhar daqui pela última vez 
Ele não sabia da partida o café está pronto 
Levantou-se contrariada tomou o último gole vestiu-se desculpando-se nós nunca tivemos uma interrupção até hoje é o fim até
--------->comenta, vai: 5 

Segunda-feira, Maio 09, 2005


Fica 
Por um momento eu senti a minha vida longe de você. Por um momento eu fiquei vazia e sua voz ficou muda ao telefone. Eu quero estar contigo hoje e em todas as próximas noites de domingo. Quero acordar com o teu bom dia e responder com beijos secos à tua presença ao meu lado. Quero não falar nada quando você estiver comigo. Quero ficar sorridentemente quieta quando sua mão pousar na minha perna e me fizer desejar prolongar esse teu toque pra sempre. Mais do que eu posso entender, eu quero estar aí. Eu quero acordar de manhã com o alarme da casa ao lado disparado e ver que você está mesmo ali. Quero olhar através das cartas do baralho e te encontrar, lindo. Quero entender essa falta que você provoca, quero te deixar preenche-la. Porque eu estou livremente presa a você. Porque é bom não ter medos, não ter jogos, não ter esconderijos. Porque com você eu sou, sem estar longe. Eu quero essas mesmas lágrimas sem sentido, essa dor de quem ama, a ansiedade do encontro. Eu quero você, desse jeito que eu estou (agarrada em você). Fica?
--------->comenta, vai: 7 

Quinta-feira, Maio 05, 2005


Bobeira. 

Está no site da Uol
"Um bombeiro que ficou gravemente ferido e sofreu uma lesão cerebral quando apagava um incêndio em 1995 recuperou de forma espontânea a capacidade de comunicar-se com as pessoas a sua volta e pediu para ver a esposa. (...) Herbert reclamou a presença de sua mulher, Linda, de seus quatro filhos, ao lado dos quais e de outros familiares passou 16 horas, até que entrou em um estágio de sono profundo que se prolongou por mais de um dia. (...) A família se mostrou muito cautelosa com a surpreendente mudança no estado do paciente, que é analisado por uma equipe de especialistas e de quem se deverá ter mais notícias amanhã." 

Na hora do almoço, sentada com os familiares, o assunto acima entre em pauta. 
- Vocês viram...? 
- È.... 
E a Milena, distraída, deixa escapar "que mulher trouxa!". Os familiares, espantados, procuram saber por quê ela pensa diferente dos demais. 
Sentindo a pressão e vendo o olhar de reprovação paterno, ela procura explicar, sem mentiras ainda. 
- Veja bem. 
Toda vez que começa uma frase com "veja bem" ela está fazendo uma piada interna. 
- Veja bem, são dez anos. Dez anos e não dez dias. Como alguém pode esperar um morto levantar da cama depois de 10 anos? 10 anos! 
- Milena, o que você sentiria se fosse você a estar em coma? 
- Pai, as pessoas mudam. É isso, eu ia ficar triste, lamentar, mas as pessoas mudam. São dez anos. 
E alguém, sabiamente, mudou o rumo da conversa. Eles já estavam questionando onde estavam os meus "conceitos sobre familia". A Maria perguntou "e o juramento que você fez na igreja?". Meu saco! 

Qual é o problema das pessoas mudarem. Há algo de não digno nisso? Quer dizer, são dez anos, sua vida precisa continuar e, naturalmente, você vai se distanciar daquela pessoa que não mais está com você. Sim, pouco romântico mas deve ser assim mesmo. 
E eu que acredito em juramentos, promessas e amores eternos, acho que as juras de altar não cobrem estado de coma, agressões físicas, falta de amor, abandono em uma ilha semi-deserta. 
Julgamentos de família - a gente diz que não liga mas sempre fica de cara com o que eles podem pensar da gente. 

--------->comenta, vai: 5 

Segunda-feira, Maio 02, 2005


Vai. 

No começo, minha cara, no começo eu não te conhecia. 
Não sabia que um dia eu iria embora. 
É por isso que fiz planos. Por isso que quis passar muito da minha vida ao teu lado. Acho que te amei o tempo que foi preciso te amar e hoje não sei como agir com você. 
Eu recebo teus telefonemas com pesar. Quer dizer, sei que você está depositando em mim algo que eu não posso mais receber e por isso quero fazê-la parar. 
Nossas vidas não combinam. Não quero estar longe de você quando quero estar perto. Não quero essas muitas regras que você me impõe. Não quero te deixar em casa. Não quero esse seu mundo confuso, essas suas culpas, suas mudanças de humor, esse teu passado nublado e teu futuro inóspito. 
Por favor, afaste-se. Deixe que eu vá aos poucos, porque pra mim também não é tão fácil. Mas ainda vejo tempo de evitar piores sensações. 
Eu não tenho mais paciência pras tuas histórias, pros teus carinhos e aproximações. Deixe-me ir. 
Desculpe-me por só poder fazer parte da sua vida como história. Vou receber tuas ligações que virão. Não vou ser um idiota com você. Mas não posso dar mais, não te amo mais, não posso ir além. 

(Me deixa, O Rappa.)
--------->comenta, vai: 4 

Domingo, Maio 01, 2005


Esperando Godot 
Eu estava dormindo, enquanto os outros sofriam? Estarei dormindo agora? Amanhã, quando eu estiver pensando que acordei, que direi do dia de hoje? Que junto com Estragon, meu amigo, neste lugar, até o cair da noite, eu esperei por Godot? Que Pozzo passou com seu escravo e falou conosco? Sem dúvida. Mas o que haverá de verdade em tudo isso? Que esperamos por Godot há tanto tempo? Certamente. (...) O que haverá de verdade? Com um pé na cova e um nascimento difícil. Do fundo do buraco, indolentemente, o coveiro aplica seu fórceps. Temos o tempo de envelhecer. O ar está cheio de nossos gritos, mas o hábito é uma grande surdina. Não posso continuar... o que foi que eu disse? Ele não saberá de nada. Ele falará dos golpes que recebeu e eu lhe darei uma cenoura. Também para mim alguém está olhando, também sobre mim alguém estará dizendo: Ele está dormindo, ele não sabe nada, deixe-o dormir. 
(Samuel Becket) 



Esperando Godot. (versão da Milena escrita antes de ver a Eva Wilma recitando emocionada o texto acima) 
"O ser humano é passado, não consegue VIVER. Os dias passam e continuamos esperando Godot. Espera desesperançosa." 08/04(2004) (porque sempre anoto a data das minhas anotações, pra não perder o tempo que se foi). 
Esquisito isso, não é? Esquisito como estou sempre tentando "não perder o tempo que se foi". Porque sempre tento negar isso, dia após dia. Como corremos de um lado para o outro, como vamos para a faculdade, para a academia, para o Inglês, para o cinema, para o curso de extensão, e como acreditamos que tudo isso é vida. Mas, a faculdade não é feita para o hoje, e sim, para quando formos procurar emprego, estarmos mais qualificados. A academia é pra quando formos mais velhos, bem mais, conseguirmos subir as escadas do nosso apartamento com um mínimo de autonomia. O Inglês é para uma viagem, num dia, quando der. E assim vai. 
E enquanto isso, continuo, no íntimo, esperando. Esperando quem? Ah é! Estamos esperando Godot! Mas, quem é Godot? Não importa, ele pode ser a felicidade, um deus, uma pessoa, pode ser uma oportunidade, um amor, um dia, a morte. Continuamos esperando o que só virá quando não mais estivermos acordados. Eu continuo esperando o "há de vir", mesmo que ele seja como o 29 de fevereiro, mesmo que seja como a copa do mundo, como ônibus de madrugada, como festa de Centenários. Sempre à espera de algo, desse Godot. Algo que pode chegar ou não. É o velho problema do tempo, das "horas". Como busco ocupar todo tempo que tenho com coisas banais e depois, quando o dia passa, não seria capaz de responder o que de relevante foi feito do dia. Por que sempre esperamos o super-homem capaz de satisfazer nossas aspirações, de nos levar para longe de nossos medos, para vivermos num local seguro e divertido? Por quê, a todo o momento, tento tirar de mim a responsabilidade sobre minha própria vida? Porque estou sempre esperando Godot e mesmo sabendo que ele não vai chegar, eu vivo exatamente igual, ainda esperando por ele? É o eterno problema com o presente, com a transitoriedade da vida, com o medo do segundo seguinte. E eu não vivo, eu só espero. Ansiosa pelo dia de amanhã, chorando pelo que aconteceu ontem. É sempre isso, nunca são aflições pelo que está acontecendo agora, porque, tristemente, nunca tenho consciência do que está acontecendo nesse momento. É sempre tarde ou cedo demais, nunca no momento exato. É sempre uma espera ou um lamento. E, dia depois de dias, esperando... olhando a janela... esperando "Godot". Infelizmente.