domingo, 25 de julho de 2004

2004

Terça-feira, Julho 27, 2004


Falsa, superficial e evasiva. Desculpem. Muitas coisas que tenho escrito ultimamente só refletem o quão rasa eu tenho sido, em geral. Sinto que me falta alma, um pouco mais em cada palavra. Tenho escrito pra revista Nova, como diria o Tezza. Sentimentos? A barreira entre mim e o mundo está cada vez maior. Já não consigo ser mais sincera, não consigo ficar quieta comigo mesma. Ligo a tv, canto músicas, converso com objetos. Onde já se viu? Fico me perguntando se esse é o melhor caminho... Acho que não conheço os meio-termos. Ou eu pareço sofrer como a última das condenadas, ou eu fico intocável. É engraçado, como se ainda existisse um coração quente, encoberto, mas que está lá. Talvez ele esteja tentando bater cada vez mais devagar, pra parecer morto, mas está lá, ainda. 
Depois de algum tempo, sinto-me como curada de uma doença. A dor já não é a mesma. Não é mais a mesma falta, a ausência é pequena, e isso é bom. Parece que o tempo de ficar choramingando passou, e que saio do -1 pra adiante. Sou melhor agora que antes, mais velha. E, talvez, todo sentimento de frieza frente às coisas é conseqüência do já ter acontecido antes. Não me sinto mais inocente. Talvez esteja optando por observar a vida, por enquanto. Olhando pela janela (a "fresh widow", Duchamp), sentada num banquinho de madeira, amarrando meus tênis. 
Gasto tempo demais racionalizando o irracionalizável. 
Enfim, sinto que preciso subir um andar. 7 1/2 andar? Isso! Como se eu estivesse ali. Além de antes e não ainda lá. Quero encher os pulmões de ar, segurar, dar um breve sorriso e deixar que tudo vá embora junto com o espirro. Por enquanto, a vida parece um sorvete de creme. Estou chupando um cubo de gelo. Mas começo a me sentir livre, o que é um pouco esquisito, dá vontade de perguntar: e agora? Bem, quero escrever páginas de causar máximos. 

no vídeo cassete, desde domingo: 
seabiscuit - alma de herói ("não se pode desprezar uma vida toda, apenas porque ela está um pouco machucada")
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Sábado, Julho 24, 2004


Sem nada na mente, mas com muita vontade de escrever, ou de não ir dormir. São três da manhã. Nada na mente. Se engolisse uma mosca, teria mais sinapses no estômago que no cérebro. E agora descobri que o inferno pode estar dentro de mim. Que Deus pode etsra morto e que meu cérebro é a morada de pequenos demônios em forma de pensamentos que me atormentam. Eu sou uma pequena ilha abandonada. Eu sou um Sexta-Feira sem o Robson Crusué. Eu não ultrapasso o limite e sou rígida. Além de tudo, no meu inferno há regras. Eu sou "melhor é impossível", não piso nas linhas e não toco em outras pessoas. Eu sou facilmente decifrável, previsível, pacífica e passional. Eu ainda não cortei meu cabelo, eu não mudo. Eu me obrigo a fazer coisas, crio rituais. Eu sou meu deus e meu povo. Se fosse um herói de desenho animado seria o Freakazóide. Uma mosca agora caía bem. Eu sonho com elevadores, escadas rolantes, carros sem volantes, casas como labirintos, fugas, tombos. Faço ligações desconexas e rio constantemente das minhas próprias mancadas. Roo unha e mordo pontas de canetas. A única pessoa que me dá bom dia é minha cachorra. Preciso acreditar que sou única. ainda bem. Continuo sem nada na cabeça. 3h25. 

em 24 horas, no vídeo-cassete: 
21 Gramas, Casablanca e Conspiração.
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Quinta-feira, Julho 22, 2004


Imagens. Que somos além de imagens projetadas? Pouca coisa, talvez. Sei que é bem estranho ouvir o que as pessoas veem em você. Especialmente quando essas imagens não são exatamente aquela que você pensa refletir. 
Estranho, mas necessário. Resolvi mudar certas atitudes depois de "você é muito defensiva" e "te notei bem fechada", em pouco tempo e de pessoas inesperadas! Tá certo, não é mentira, mas não era o tipo de imagem que eu gostaria de ter. Já que nem tudo o que é realmente parece ser, nem precisa ser tão sincero, então, por que eu acabo sendo tão transparente quando mais procuro a opacidade? Eu que sei o tanto de máscaras escondidas que tenho, que sei não dizer tudo, eu que, na verdade, não sei muito de mim. Que me surpreendo com avaliações pessoais, que criei uma auto-imagem diferente da realidade... eu que... Bah! Estou dando voltas! Estou pensando em mim e em coisas que não mudam. Estou pensando na minha vontade de arriscar os caminhos e me vendo parada, or just keeping walking... Eu que discorro muito sobre mim mesma e nada! Eu que detesto quando me descobrem e me veem fechada, defensiva, Milena. Eu que acabo de virar um adjetivo! 
Não sei, eu que sempre tomo decisões revolucionárias e que não mudo nem o corte de cabelo... eu que continuo tentando, e teorizando... eu que adoro a primeira pessoa e rejeito o ponto final...
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Terça-feira, Julho 20, 2004


Tá vendo esse sorriso maroto? 

 

E essa cara de má? 

 

Pois eles estão sendo ameaçados por um dentista que quer fazer com que eu encare novamente os piores anos da minha vida!!! 
Participe da campanha: APARELHO NA MILENA? DE NOVO, NÃO!!!!
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Domingo, Julho 18, 2004


 
Nesse momento: fome, frio, sono e aquela coisa de quando você está com muita gente em volta e de repente fica só! 
Esse post provavelmente será daqueles "meu querido diário"... 

 

Antonina!!!! OOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!! Dessa vez abusei das atividades mas ainda não tinha aproveitado a cidade tanto quanto agora! (parei um pouco e voltei pra escrever, acabei de desistir de contar como foi! rs inconstancias... é que foi tudo muito bom mas não estou com fôlego pra explicar as 10mile1 coisinhas boas e com resultados inesperados que fiz... - até apareci no paranátv: 
"http://tudoparana.globo.com/tvparanaense/not.phtml?id=17918&ed=12&video=1") 



Pra resumir: o festival é sempre, sempre ("não é uma vez ou outra, é sempre!!!"), bom demais! Dá aquele ânimo pra continuar a vida, e, menos abrangente, as perspectivas pro resto do ano acadêmico melhoram... O problema, como sempre, é o domingo! Sim, aquele em que você volta pra casa e reencontra a família com a mesma cara, não entendendo pq você está tão empolgado e coisas que te fazem descobrir que a vida não pode ser uma eterna semana com os amigos, com batuque, noite até 5 da manhã... ou, nem precisa ser isso, mas, de repente, é impossível parar na frente do computador e ficar lendo e-mail, impossível assistir Fantástico, impossível ficar esperando as coisas acontecerem. 

 

É, tô desanimadíssima agora, é um pouco de vazio que já me acostumei a sentir, que me fazem pensar pq não aproveitei mais enquanto estava no Mundo da Fantasia - mesmo sabendo que sim, que fiz o máximo que dava em 190 horas. E me culpo por ainda não ter aprendido a lidar com o tempo e com cada situação que se apresenta pra mim. Fico a me preguntar quando vou parar de sentir sempre as mesmas coisas, quando vou desencanar de coisas tão simples e apenas viver, cada dia o seu dia. Talvez seja desafio demais pra mim... talvez eu preciso estar sempre presa ao passado ou a uma esperaça no futuro, talvez eu seja menos do que espero, nada mais que uma dependente.... talvez eu seja mesmo esse ser fora do seu tempo que sofre pra se encaixar num momento do mundo que não é seu. Ou não. É possivel que eu seja nada mais que isto, essa pequena Milena que busca se encontrar desesperadamente e acaba correndo de um lado para o outro. 

 
* imagens de momentos em antonina sem direitos de exibição 
* tudo isso ao som de "a voz do morro"!!!
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Sexta-feira, Julho 09, 2004


Eu tenho várias esquisitisses... nunca neguei. Algumas são bacanas e acabam me fazendo ser essa Milena que vcs conhecem... afinal, impossivel me imaginar sem umas manias estranhas. Agora, tem coisas em mim realmente esquisitas. Onde já se viu alguém que passa o ano inteiro esperando chegar 10 de julho pra no dia 09 ter vontade de desistir? Explico: amanhã começa o festival de Antonina (que já mereceu boas linhas por aqui no ano passado), que eu adoro e que fiquei planejando por muito tempo... agora, às 22h27 eu ainda não tenho mala arrumada, nem pasta de dente comprada, quiçá tênis limpos... 
Por que isso? 
Por que sempre em cima da hora eu tenho a maior vontade de não ir? Uma vez eu tava indo pra casa da minha tia em Minas e desisti na noite anterior (!!!) por causa desse mesmo sentimento estranho que me dá agora... 
Por que isso? Esquisitisses da Milena. Esquisitisses tipo escrever o nome com a data embaixo em todos os papéis que ganha, preferir subir escadas a usar elevador, ter problemas pra falar Arthur Bernardes, não atender chamadas no celular e coisas estranhas assim. Pequenas coisas que, contam, fazem de cada um, um. Aliás, hoje li "nascemos originais e morremos cópias", boa frase, mas desbanca todo meu discurso individualista! 
Enfim, como eu - lógico - não vou desistir, até domingo que vem!
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Quarta-feira, Julho 07, 2004


Minha capacidade de estar com mal humor constantemente e por longos períodos é surpreendente. Acabei de assistir Dogville, que era um filme que há tempo estava na minha lista. Hã! Só contribuiu pra aumentar minha indisposição. A história me incomodou, daí juntou com a minha cachorra, que fica latindo quando a Maria Rita canta, eu tbm odeio participar de listas de e-mails em que as pessoas enchem a caixa dos outros com emails pessoais ou besteiróis de internet, meu irmão comeu meu penúltimo pedaço de chocolate-branco-escondido-no-armário, os bancos de imagem cismam em colocar uma marca dágua que não consigo tirar no photoshop, meu pai fica me chamando pra resolver problemas no outlook que eu não uso, e por aí vai. 
Isso tudo pq estou de férias! Imagina se ainda tivesse que sair pra aula hj a noite? Bah! Era capaz de etsrangular uma criancinha no ônibus! Tem dias que nem eu me aguento, o fim da linha, mesmo. Daí, a gente olha pro relógio na esperança de já serem 8 da noite e faltarem 2 horas pra vc voltar a hibernar! Que nada... 15h50!!! 15h50? Essa hora é sempre cheia de planos, de perspectivas, de idéias... mas hoje, HOJE, nem ela traz algo de proveitoso. 
Aliás, falando em cachorro, talvez eu nem precise esperar pra me encontrar num outro ser, digo, num filho, ou em mim mesma, mais velha, olhando pra trás. A máxima de que os cães adquirem o comportamento dos donos, putz, grande verdade! A Maia (a cã!) está insuportável ultimamente, ciumenta comigo como nunca vi, odeia que alguém entre no quarto de manhã e não deixa meu pai se aproximar muito. Deve estar enloquecendo com tanto barulho aqui em casa, assim como eu... por ela, só ficava no meu colo dormindo o dia todo, tá engordando pra caramba e precisa ir no salão, urgentemente. 
Apenas um dia ruim, assombrado por uns pesadelos da noite anterior e agitado com pensamentos dos dias que vão vir. Nada sobre-humano. 
Se considerar que as pessoas mais bem resolvidas são as não-felizes, as que não fingem, as que procuram o ser, em tanto parecer, as que sabem que a vida não é uma coisa fechada e única, mas sim um, talvez, caleidoscopio sombrio e surpreendente, então, bem-aventurada seja eu entre as mulheres! 
E a Maria Rita continua cantando "meu coração já se cansou de falsidaaadiiiiiiiiiiii"...
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Sexta-feira, Julho 02, 2004


PAZ 

Engraçado como as piores coisas, às vezes, parecem que não vão acabar nunca. 
Quando alguém tá te fazendo cócegas, aquilo parece que é o momento mais intenso e último da vida. 
Quando tá com vontade de fazer xixi e não tem nada por perto, ou tá no ônibus a muitos quilômetros da sua casa, parece que o mundo vai acabar ali. 
Enfim, tem certas coisas que, em geral, são tão pequenas (comparando-se com a imensidão que esperamos encontrar pela frente) e conseguem ganhar um valor tão maior do que normalmente lhe é atribuido, que já não sei o que é realmente prioridade pra mim. 
Passei uma semana esfregando meus dentes, mordendo os maxilares de nervoso, pra agora, numa sexta a noite, eu ficar aprendendo a fazer tricô com a minha tia. Tá, as provas acabaram e...? E? Esquisito como priorizamos algumas coisas que, na verdade, "são um grande nada", que não valem a pena de verdade. Ou, não sei, de repente elas valem a pena enquanto estão ali, de repente não há valores eternos e tudo que podemos esperar é a grandeza de cada momento, o brilho que cada situação (por pior que pareça) consegue trazer. 
Sei lá, talvez. 
A idéia era mostrar pra vcs como agora eu já posso respirar um pouco mais em paz, mas, ao que parece, a cabeça ainda continua em ritmo acelerado. 
Que bom!
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Quinta-feira, Julho 01, 2004


Quando alguém deve realmente se afastar de mim: 
1 - quieta demais 
2 - olheiras aparentes 
3 - cabelo mais arrepiado que do comum 
4 - muitas espinhas pela bochecha 
5 - bolinhas esquisitas no couro cabeludo 
6 - esmaltes descascados e a mão constantemente na boca 
7 - cochilos no ônibus 
8 - incapacidade de completar uma frase simples 
9 - "tô sem tempo, tô sem tempo" - repetidas vezes 
Me encontrando assim, ou, com pelo menos 3 desses topicos juntos, saia correndo, estou em semana de provas!