sábado, 21 de novembro de 2009

Ausência constante

A ausência dele era uma das presenças constantes. Ela acordava cedo, trabalhava muito, suava pra esquecer, corria pra apagar, enchia a cabeça. Mas a ausência a acompanhava. Hoje, pegou uma mala verde e encheu de roupas limpas. Decidiu ir para longe antes mesmo que pudesse ter certeza que aquilo não era uma boa ideia. Dentro do carro, pegou o telefone para deixar uma última mensagem para quando a ausência aparecesse. E aconteceu. Daquelas coincidências que, ela sabia, prendem a criatura numa maldição sem nome e transforma as manhãs solitárias em pesos ainda mais difíceis de carregar. E, com uma voz boba, um tom inseguro e nada que pudesse fazê-la mudar de planos. Mas mudou. Esqueceu o que estava fazendo dentro do carro, o post-it grudado no computador "acabou", esqueceu a motivação e acordou sozinha de novo, para mais quanto tempo ela nao sabia. Ausência constante.