terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Verdades sobre o amor

Uma verdade: love's sucks. Não há beleza no amor ou no amar. Não há felicidade em desejar compartilhar sua alegria e o melhor de vc com nenhum outro ser. Não existe prazer em descobrir quem te faz inteiro. Nunca mais haverá liberdade. Não há felicidade no amor. Não há paz. Não há beleza nos textos e nem rima nas frases. Não há verdade nas canções romãnticas, nas histórias romãnticas, nos romances românticos. Amor é uma droga. Um vício para perdedores, um azar na sexta-feira treze. Amar é nunca mais crescer, é nunca mais viver, é perder-se por completo, é cair num buraco sem fundo, é desejar a morte. O amor é um saco.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Tão 2008

Eu esqueço da dor passada, dos dias insones, da falta de você. Faço tudo para convencer todas as partes do meu corpo de que você já foi. Não falo mais sobre você. Não ouço mais as mesmas músicas, fujo. Me convenço de que aquilo tudo não era nada e que você não foi o culpado por meus dias sem esperança. Fujo. Aprendi bem a fazer isso. E sem querer, revivo uma seleção 2008 no ipod e dois acordes são o bastante pra me colocar no mesmo ponto em que eu fingi que tinha abandonado: a vulnerabilidade completa. Não sei mais como fugir. O choro no meio do trabalho, a vontade de que você sofra também, a raiva, dor, dor. Tudo em mim parece sentir você de volta. Dias insones. And so on, so on.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Diálogos Surreais

S: comprei um apontador fiquei contente
eu: apontador?
S: sim
eu: eu queria ter o sorriso dessa menina
S: tenho uns 4 lápis aqui que nao dá pra usar pq nao tenho apontador
eu: ah
e sua felicidade custou tipo, 1,50
S: 2,50
caro, né?
nao achei nada demais no sorriso dela
eu: ah
ela parece feliz
S: ela só é magrela e tem cabelo curto
S: essa mina tem cara de ser feliz pq é meio burra, sabe?
haha
eu: tudo bem
queria ser meio burra
ser feliz
e cantar numa banda massa
com MIL pessoas
S: vc tem um sorriso feliz e é inteligente
vale mais
eu: mas, EU SOU FELIZ?
S: haha
ninguem precisa ficar sabendo

domingo, 5 de setembro de 2010

Abra a porta


Um cachorrinho na porta de casa, sujo e molhado, pedindo, por favor, me ame, por favor, seja meu dono. Um maltrapilho que implora por comida. Ele sabe que tem todo o amor pra dar, será fiel, será companheiro, leal, comportado, só vai fazer xixi onde deixarem e só precisa passear uma vez por dia. Mas, por favor, ame-o. Faça um carinho de vez em quando na sua cabeça e desça a mão pelo resto do corpo, deixe que ele deite de costas e descanse o braço em sua barriga. Ele será feliz, mais feliz do que qualquer cachorrinho carente já foi. Ele não quer muito, só quer amor, só quer ser lembrado e querido. Ele promete fazer festa todas as vezes que você chegar em casa e promete te esperar ansiosamente até que você volte. Assim será até quando você não souber mais viver sem ele. Ele promete.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Banalidades

A tristeza que sente hoje é também conhecida por saudade. Sente falta de algo próximo, de algo que pode pegar e que não é mais o mesmo. A saudade do ser presente. Ela sente agora uma dor nova, a certeza de que perdeu o que já teve, algo que era branco, sincero e muito, muito interior. Não sabe agora se quer ficar com o corpo sem a alma, não sabe mais o que tem a ganhar ou o que pode esperar acontecer. Não deseja nada que não possa ter e ainda acredita que será agraciada com a tão esperada felicidade. Todos os sentimentos bobos, todas as palavras simples, todos os desejos puros.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Mensagem de amor

E de repente, todas as palavras foram pra você. Cada combinação dos versos, as rimas de amor. Os sentimentos honestos dos poetas viram um motivo para uma história. De repente, você se tornou herói. Defeituoso e incompleto, brilhante. E, como num filme, você virou poesia, caixinha de música, composição de Mozart.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Da vontade firme

Ela aguentou. Você sabe? E acha que a maior parte do tempo só pra mostrar que conseguia. Conseguia mudar ou se adaptar, adequar-se, ela conseguiria, se isso mudasse algo. Conseguiria só pra mostrá-lo que se realmente quisesse, ela mudava de verdade. E nascia de novo. Por um tempo ela fez, queria prová-lo e provar a ele. Mudou as roupas, os cabelos, o jeito de falar. Os filmes que via agora eram cheios de conteúdo e a comida que gostava mudou de gosto. Por um bom tempo, ela só queria comprovar que podia fazer o que quisesse. Menos, ela descobriu, menos o que não acreditava. Era movida a fé cega. Não queria tê-lo deixado e, sabia, toda a mudança valia pouco quase nada. Ainda era uma pequena egoísta, impossibilitada de dividir-se e dividir. Mas, continua firme em seu propósito de esconder, de agüentar, de conseguir. E sabe que é capaz de conseguir se aguentar firme, sabe?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

She's back

A volta da ansiedade. Uma frase de quatro palavras e a certeza de uma sentença. Quando acordou e prorrogou por horas o momento em que teria que levantar, sabia que seria uma segunda difícil. Não mais que as outras. Ou, um pouco. Na verdade, nunca teve problemas com as segundas. Ela mesma nunca foi muito primeira. Era nota oito e meio na escola, depois oito na faculdade e, antes disso, só passava em segunda chamada nos vários vestibulares que prestou. Um número, nada mais. E a dificuldade de lidar com eles. A volta definitiva da ansiedade. Palavras que se desenhavam na sua cabeça e não correspondiam a nenhum sentido conhecido antes. Sabia que queria escrever, sabia que queria contar o que realmente pensava, mas, mais uma vez, ou pela quarta vez, usou metáforas pobres e ficou muda ao telefone. Só sabe dizer o que quer no momento errado e com as expressões alteradas. A volta da ansiedade. O frio sem nome na barriga, a falta do lado da cama, certas incertezas, medos sem destinatários, cartas para ninguém.

domingo, 20 de junho de 2010

Eu. Se.

Se houvesse palavras pra transformar o que aconteceu em um conto bonito, em que toda a parte triste tivesse contornos suaves e aquela beleza difícil de engolir. Se eu as conhecesse, criaria uma história chamada "Keep Going", ou qualquer coisa que nos deixasse melhor. Se eu pudesse te dizer mais uma vez tudo o que vc já sabe, em uma língua nova, que te fizesse entender a irracionalidade por detrás das pequenas certezas. Se eu soubesse como se transforma as possibilidades e imaginações em um simples domingo tranquilo. Eu. Eu. Se.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

I know what she's thinking

Graxa na mão, cabelos sujos, possibilidades impensadas, pensamentos apreensivos, esquecera que podia encontrá-lo. Entra às pressas, foge do cachorro louco, pula a barreira da porta e descobre a meia-calça furada. Lips like sugar. Nada, nada diferente podia estar tocando. A mesma sensação que tantas vezes já reconheceu, a normalidade da reunião, o abraço lógico, mais uma descrição para uma noite comum e que merece ser guardada. No lugar das cartas, a massa branca de pizza. Tudo pode ali. Sugar kisses.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Porque tem provocações que nunca envelhecem

...


Gostaria de lhe escrever uma carta, uma carta verdadeira, atravessando os estratos de lava e de argila que a vida foi sedimentando sobre todas as coisas. Lhe diria que continuo sendo eu e que conservo sonhos. Lhe diria que ainda amo, embora os sentidos estejam cansados. (...)

Procurei você, meu amor, em cada átomo seu que está disperso no universo.
Recolhi quantos deles me foi possível, na terra, no ar, no mar, nos olhares e nos gestos dos homens. (...)

Lembra-se daquela senhora especialista em Tchekov...
Lembra da explanação que deu sobre as últimas palavras do escritor russo?
Ficamos ambos maravilhados.
Nem eu nem você sabíamos que Tchekov ao morrer tivesse dito: Ich sterb! Eu morro!
Pois é, morreu numa língua que não era a sua.
Que estranho, amou em russo, sofreu em russo, odiou em russo, viveu em russo e morreu em alemão.(...)

Aconteceu de modo natural, assim como surde a lua ou como neva
Alguém se aproximou nas pontas dos pés me tocou na nuca e sussurou: 'cabelos de mel...'
Virei e te beijei.
Depois com o indicador na frente dos lábios que tinham te beijado, sussurei: psssiu.
E te beijei novamente.
Pensava em você todos os dias. E as poucas horas do ano em que podia vê-lo naquele hotel de montanha eram quase um suplício.
E você era feliz, entretanto.
Porque as pessoas podem ser felizes nos seus entretantos. Eu também. (...)

Te procuro no resplendor desse mar porque você o viu, e nos olhos do dono da mercearia, do farmacêutico, do velhinho que vende café gelado, naquela pracinha, porque talvez eles tenham visto você.
Estas coisas também coloquei no bolso, este bolso que sou em mesma e os meus sentidos.

Meu amor, me desculpe se ainda o chamo assim como chamava naquela época, depois de todos esses anos, mas não sei mesmo como chamá-lo.
Como é que uma pessoa se dirige ao homem amado que disse ' tchau, ate amanha', e nos abandonou sem deixar sequer um bilhete de explicação?
Porque você continuou sendo o meu amor por toda a minha vida. Os raros homens que tive foram encontros furtivos para satisfazer a carne, porém todas as noites quando eu tentava pegar no sono, abraçando o vazio da minha cama solitária, eu dizia "meu amor" e imaginava que voltaria a viver o milagre de ter você entre os braços.(...)

Gostaria de lhe escrever uma carta verdadeira, atravessando os escuros estratos de lava e de argila que a vida foi sedimentando sobre tudo.
Lhe diria que continuo sendo eu e que conservo sonhos.
A magnólia floresce. E também as crianças crescem.
Lhe diria: o tempo não espera. É feito de gotas.
Basta uma gota a mais para que o líquido se derrame no chão, se expanda e se perca.
Lhe diria que ainda amo, embora os sentidos estejam cansados.
E que preparei as palavras para a minha lápide:
poucas, porque entre a data do meu nascimento e a que será a da minha morte todos os dias são meus.

Seja o sal da terra, seja o sal do mar.
Seja o sal do suor de todo o meu amor.
Seja o sal sob o sol, seja o sal sobre a ferida.
Seja o sal das lágrimas, o sal da minha vida.

E depois lhe direi que te espero embora não se espere quem não pode voltar.

Todas essas ilhas eu percorri, todas procurando por você.
E esta não é a última. Quem poderia continuar a procurá-lo senão eu?

(----> de uma peça chamada "Salt", que assisti em 2005 e por algum motivo tem voltado à memória constantemente)
direção de Eugenio Barba, textos adaptados de "Carta ao Vento" e "Está Ficando Tarde Demais, de Antonio Tabucchi

domingo, 18 de abril de 2010

Solamente

Muito cansada de estar sozinha. Hoje de manhã, ela colocou o colchão na sala, no exato lugar onde a marca do sol esquentava um trecho da casa que ela nunca reparou. Precisava se sentir aquecida, protegida, acompanhada. Dormiu com o sol na cabeça, com a tv ligada, e acordou só, de novo, triste de novo. Mais um domingo para sobreviver. Começou a ingerir pílulas, a enganar o estÇomago, a dormir dias inteiros esperando o momento em que a cabeça ia parar de doer, o coração ia parar de gemer e as lembranças sossegariam. Dorme, dorme e quando acorda não sabe direito se o que viveu do outro lado foi verdade ou não. Mesmo lá, raramente tem alguém por perto. Tão cansada de cuidar de tudo, de olhar pra trás e ver o tempo perdido e as poucas mudanças. Acha que vai deixar o colchão permanentemente na sala, pelo menos enquanto for inverno e o sol entrar pela janela e puder fazer companhia a ela nos dias em que ela só não queria estar apenas por sua conta.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

não-ensacado

e vc tão perto, tão perto, tanto que se esticar os braços agora encosto em vc do outro lado da rua. Sorrindo um sorriso fresco, gostoso, quente num dia frio enrolado até o pescoço de lã vermelha. do meu colchão de molas não-ensacadas, recebo mensagens que não são suas, mas finjo que sim, e me divirto de novo e prometo te pegar com as pontas dos dedos. a alegria que encontro nos outros. e sei que se me alongar um pouco mais, encosto em vc, vc mesmo, ei, vc, oi? aqui do meu lado da rua, aqui do meu edredon roxo, do cheiro de lavanda, do cabelo preso, da bexiga cheia, aqui do meu estranho lugar no mundo, estou pequena, braços e pernas reunidos, convencidos de que não vai mais, nem mais um pouco. não vou. meu casaco de tricô desfiado, minha unha descascada. e vc ali tão perto.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Wait

De repente, me dei conta que resolvi uma antiga questão fazendo o que todos dizem que é pra fazer e ninguém, de fato, consegue. Esperei. Esperei pacientemente. Mentira. Foi sem paciência alguma, bastante enfado, irritação, melancolia, corridas e horas de lágrimas desperdiçadas depois de um filme bonito, uma música bonita, um dia bonito. Uma noite inteira e um pouco da manhã dançando ao som de tudo e a volta pra casa vazia apertou um pouco o peito. Fiz de tudo para preencher a falta que eu achava que tinha nome. TV ligada, janela aberta, luz acesa, vida online, doce no prato, banho quente, música no rádio. Duas horas de pensamentos soltos e a falta que achava que era sua se dissipou com o sono. Com a resposta automática de um email avisando “sua mensagem será entregue ao destinatário”. O extraordinário é que no lugar da falta, que nada é, mas que preenche, ficou nada. Nada de verdade, uma imensa possibilidade de ser alguma coisa qualquer, ou de apenas esperar, mais um pouco. Um nada. Alguém para tomar um vinho chileno.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Colapso

Despertador toca 40 minutos antes do necessário. Banho quente para esquentar os pés e acordar a mente. Café preto, pão na chapa, requeijão com queijo derretidos, banana com granola, iogurte e uva passa. Desenhos passam na tv. Não são tão bons quanto os que passavam cinco meses atrás. Por que mudam tanto a programação? Sem forças para ir caminhar. O que preciso fazer hoje? Branco. Pânico. Desestímulo, dor, nenhuma resposta. Por que mesmo estou aqui? O que queria antes? E de mim? Nada na mente. Sentimento algum. E não é o vazio. Vontade interrompida de chorar. Mas, pelo quê? Por? Não. Não agora. Pelo quê? Pelo quê? E choro, choro, quero me esconder embaixo da cama suja de pó. Não posso sair hoje, não posso falar com ninguém. Por que alguém apenas não me tira daqui? Lágrimas sem sentido, mas, para baixo, com insistência. Nenhuma resposta, nenhuma razão. A saliva não desce direito, o coração não bate direito, as músicas não salvam, o som da sua voz. Não há calma. O dia passa, como os outros. Os olhos inchados de chorar antes de realmente ter acordado. Impaciência, preguiça, viver não é o bastante. Penso, penso. Ou não. Quero sentir mais, mas não suporto. Fim do dia. Carro na porta de casa. Nenhum sentido. Cama grande. Quarto quente. Sonhos epopéicos. Tv ligada, copo de água, chinelos a postos, porta trancada, vento pelas frestas na janela. Tudo de novo. O medo, a ânsia, a solitária. Despertador toca 70 minutos antes do necessário.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Do blog das perguntas

Milena
Nas melenas de Milena, moram mil caracóis.

São gorduchos e tão exibidos que esbarrar em Milena é tropeçar, primeiro, nas infinitas melenas de mil caracóis.

As melenas, muitíssimas, ocultam a Milena e, no entanto, quem vê as melenas enxerga só caracóis.

Onde, então, encontrar a Milena se a Milena se encontra perdida no meio de tantas melenas e mil caracóis?

Será que, no fundo, a Milena é melena e, em vez de Milena, existam apenas os mil caracóis?

postado por Armando Antenore

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Tudo, tudo, tudo

E quando eu penso em tudo, nas certezas mais certas, nas horas mais felizes, nos encontros mais banais, nos telefonemas interrompidos, nos sonos profundos, na mão na perna, no cabelo grisalho, nas noites de domingo, o sushi, o cinema, o Manhattan Conection, quando eu penso em tudo, tudo parece sinceramente correto, perfeitamente no lugar, alegremente bom. E quando eu penso em tudo que foi, esqueço o quanto eu te odiava tantas vezes, quanto me irritava com as manias, quanto te via egoísta, me via menor, me queria outra, desejava a distância. E quando tenho tudo junto de novo, o que foi e o que somos, quero tudo de novo, quero tudo, a proximidade e a separação, teu corpo e teu silêncio, meu ódio e a necessidade do seu olhar, a cumplicidade e a incompreensão, a incerteza e o medo, a calma e o futuro. E quando peso tudo, decido que vou partir novamente, ir, fugir, correr, sofrer, chorar, mentir, quebrar, sumir, doer até que você saiba listar tudo o que quer de mim, de você, dos outros, do mundo e, claro, de nós.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Não há fé

Às vezes penso que o que tivemos foi único. A união. E que a intensidade com que amamos e odiamos nos diferencia de todass as outras histórias de amor. Mas olho em volta e vejo que fomos feitos do mesmo material que todos os outros romances impossíveis. E eternamente fugazes. Inventados. Nada do que vivemos foi único, não é? Nesse exato momento, enquanto, cansada, eu tento me livrar dos meus pensamentos, você experimenta em outra todas as palavras que já testou em mim. Funcionou, não? O efeito semelhante faz nascer mais uma nova velha história de amor. A-M-O-R. Não. Nós não somos nada especiais. Não somos nada. Não há especialidade no insucesso, não há porque eu esperar que com você seja (ou fosse) diferente. Porque todas as histórias de amor são feitas de fé. Só é isso. A certeza no que não se vê. Fé. E não há fé em nós, assim como não há mais amor por você.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Textos velhos para sentimentos antigos

Eu queria que me despedir de você fosse banal assim. Assim como acordar ao teu lado foi banal tantas vezes. Almoçar com você. Comer você.
Queria te dizer tchau como quem pede uma penca de bananas. Virar as costas e não ter a sensação de que tudo morreu ali. Que eu morri. Queria saber ficar do teu lado sem sofrer, sem amar tanto, sem te esperar, sem desejar que cada momento fosse único e intenso como só seria se fôssemos um livro sobre tragédias.
Eu desejo saber me separar de você e continuar a desejar o mundo. Queria que viver ao teu lado doesse menos e que a tua ausência fosse uma possibilidade fácil.
Eu queria te ver sofrer, amar, chorar, doer, cantar, gozar, rir, desejar, reclamar. Queria que fosse suportável e que tudo fosse só uma música triste.