sábado, 27 de agosto de 2011

Resignação

Era simples, apesar de ninguém entender: não acreditava que tivesse algo pra mostrar para os outros. Se alguém dissesse que queria conhecê-la, ela ia duvidar. Por quê? Meu humor é estranho, tenho preguiça de falar sobre mim, meu trabalho é chato e tenho poucos amigos. Por que mesmo vc quer me conhecer? Era isso. Não achava que isso era a tal baixa auto-estima, mas tinha consciência de que as pessoas mentem na noite e que não querem ser vistas à luz do dia. E o que não conseguiam entender é que, na maior parte das vezes, ela estava feliz como estava. Gostava dos que tinham ao redor e, não fosse por umas questões apenas hormonais, não precisava mudar nada. Viu num filme outro dia, um senhor velhinho que perdeu a esposa de anos e, enquanto o jovem lamentava a perda do outro, o velho, resignado, explica: “nós não gostávamos tanto assim um do outro, mas éramos íntimos”. Pra ela, isso resume um bom tanto de sentimentos. A resignação também.