sábado, 30 de maio de 2009

Você é o meu erro



Quando eu falo do que está acontecendo entre nós, falo como se fôssemos filme, como se fôssemos personagens de uma comédia de erros. Sou sarcástica sobre nós. Dou risada e consigo enxergar o grande engano que cometo em me envolver com você. Erro não, risco. Você é minha possibilidade. Se eu soubesse o gênero do nosso filme, saberia se daríamos certo ou não. Ficaria tranquila e não teria medo de todas os plot points que virão. Mas eu não escrevi as suas características, nâo sei se você é o cara bom ou o cara com quem a mocinha se envolve achando que é bom mas que só faz ela quebrar a cara mais uma vez. Eu sou a minha mocinha. E você é o meu risco. É a minha aposta. É exatamente a descrição que eu faria do cara bom, do cara manso. Você é o meu erro.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Barriga cheia



Enquanto comia seu sanduíche de requeijão, tomate e alface, pensava em algo que pudesse comovê-lo. Pensou em falar daqueles dias felizes em que passavam tardes da semana vendo filmes. Todos eles, os mais bobos, os mais incompreensíveis. Mas isso já fazia tanto tempo que sabia que ele não ia lembrar. Pensou em falar dos planos que fizeram para um futuro próximo. Conhecer Veneza. Iriam os dois e uma câmera fotográfica. Mas ele foi sozinho e não trouxe nada de lá que lembrasse ela. Nem quis mencionar os filhos, o menino mais velho e as duas garotinhas. O sanduíche no fim e nada bonito o bastante para que pudesse fazer com que uma primeira lágrima caísse do rosto dele. Nunca em tanto tempo ele tinha chorado. Nada foi emocionante o bastante, nada foi dolorido. Nenhuma lembrança que pra ela fosse inesquecível faria com que o coração dele batesse de verdade. Ele gostava dos sanduíches que ela preparava e isso era sincero. Mas ele nunca disse e ela nunca soube. Acabou o seu lanche com a banalidade com que qualquer um acaba de dar o último pedaço num pão. Acabou assim seus planos de provocar algo real nele, real como a sensação de barriga cheia.


terça-feira, 12 de maio de 2009

Não esquecer


Como disse Camilla
apenas uma nota mental:





sexta-feira, 8 de maio de 2009

Um texto bonitinho



Queria te escrever uma coisinha bonitinha. Algo pra você ler um dia e saber que eu estou feliz, que estou bem e que, aleluia!, há felicidade além do amor. Queria te dizer num texto cheio de metáforas que estou sorrindo por não ter dormido, feliz por ter bebido, sonhando por não ter voltado pra casa. Mas hoje eu não estou escrevendo como ela, não estou pensando com lágrimas escondidas, não estou desejando o impossível. E eu queria que, num texto bonitinho, você soubesse o quanto isso é bom!


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Não me diga



Odeio que sua ausência ainda diga algo. Odeio saber que cada palavra não dita significa tanto quanto um som. Seus olhos secos significam, suas mensagens não direcionadas a mim ainda querem falar comigo. Não é apenas a inexistência, a facilidade com que deixamos de ser um para o outro. Não, não é. Eu sei que ainda trocamos frases em silêncio. Sei que ainda olhamos no relógio ao mesmo tempo enquanto desejamos tomar um café matinal no meio da tarde. Sei dos pensamentos em todos os seus dias cinzas. Odeio saber de tudo isso e virar os olhos. Fico quieta, tomo sozinha o meu café preto - o meu, extra-forte, por favor - numa manhã de sol em que tudo não lembra você.