quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Das poucas, as válidas

A única certeza: eu vou esquecer você. Vou colocar seu nome na boca do sapo, na barra da saia, na areia molhada, na garrafa de vidro, mas eu vou deixar você. Não vai deixar de ser mais do que uma imagem do passado, uma lembrança sem sentimento, um penteado desfeito. A minha única certeza no meio de todas as minha necessidades mais básicas é que você vai sumir. E vai ser de corretivo, vai ser de colagem, de retalho, de borracha misturada com cuspe, seja o que for preciso, você vai desaparecer. Nem que todos os dias eu precise passar por cima de você e jogar uma pá de terra fresca para me lembrar de te deixar morto, você vai sumir. Nem que eu tenha que nascer de novo. E eu posso fazer isso.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Por uma vida menos ordinária

Nos últimos dias o que faltam são os sentimentos. Como se o mundo fosse habitado por zumbis, não é possível identificar a alegria ou a dor, as saudades ou a satisfação. O único sentimento é a ansiedade, se é que isso não é apenas uma sensação. Completa incapacidade de se relacionar, de dizer o que quer. De saber o que se quer. Nunca houve a vontade de haver drama, mas, na ausência de vida, melhor o caos à pasmaceira.