segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Lips like sugar

Graxa na mão, portão de casa emperrado, cabelos sujos, possibilidades impensadas, pensamentos apreensivos, esquecera que podia encontrá-lo. Entra às pressas, foge do cachorro louco, pula a barreira da porta e descobre a meia-calça furada. O fim de toda uma preocupação estética. Lips like sugar. Nada, nada diferente poderia estar tocando. A mesma sensação, a normalidade, o abraço lógico, só mais uma noite comum para ser guardada. No lugar do baralho, a massa branca de pizza. Tudo pode ali. E tudo continua exatamente igual, para sua felicidade conformada. Sugar kisses.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Histórias de ônibus

Essa é uma história que eu ouvi no ônibus, dia desses. Não sei se é verdade, não me importo com isso, mas adoro quando as pessoas contam histórias e não ouvem (alto) suas músicas. Mesmo quando a história é triste como essa. A menina, amiga da prima da menina maís gordinha e de cabelos bem pixainzinho que estava sentada na minha direção, tinha amado um único rapaz na vida dela. A amiga da prima sabia disso porque todo mundo comentada como a tal menina sempre foi recatada a vida toda. Na família diziam até que ela devia ser sapatona. Sabe como é... mas ela teve essa paixão. Se conheceram, se adoraram, não se desgrudaram mais, até o dia que ela viu o amor da vida dela com uma desconhecida. Feia. Diz que era feia o motivo da traição. Pois a tal menina que não era sapatona, caiu de cama e nunca mais levantou. A gordinha de cabelo pixainzinho disse que já faz três anos e meio. E meio! Que a amiga da prima não sai de casa. Parece que os cabelos caíram – ela era dona de uma cabeleira bonita de ver – e que ela ficou viciada naqueles canais que passam jogos interativos. Ela fica a noite toda acordada sem falar e só come pra não morrer mesmo. A outra, do lado, que eu só conseguia ver a ponta da cabeça, cabelos bem engomados e com uma xuxinha de tecido azul, xuxinha, como se dizia antes, concluiu que a tal menina, a amiga da prima, só podia gostar de sofrer, que era esse o prazer dela. É a única explicação, disse. Porque se não quisesse mais sofrer, ou já tinha dado o troco à altura no tal amor da vida, ou já tinha desistido de vez de viver. Ah, essa daí gosta de sofrer, falou com o sotaque de mineira típica. Ruim mesmo era se tivesse grávida, se já tivesse casada. Ela nem era nada do rapaz, ah... não acredito em mal de amor, declarou. Assim, deu dois beijos na amiga do cabelo pixainzinho, pegou as sacolas que tinha descansado no chão, apertou a campainha e desceu, sem não antes acenar três vezes uma pra outra. A que ficou, pulou pro banco do lado da janela, fechou os olhos e em pouco tempo vi que ela, mesmo sorrindo bem calma, deixava escapar umas lágrimas no canto do rosto. Eu, hipnotizada, aumentei o volume do meu fone e fiz o mesmo.