sexta-feira, 25 de março de 2005

2005

Terça-feira, Março 29, 2005


Acordei hoje e teu foi meu primeiro pensamento. Sonhei contigo essa noite. Te contava todos os novos sentimentos e te abraçava forte pra que visses o quão feliz estou. 
Pensava, ontem, em uma forma de te fazer acreditar em mim. 

Agora te chamo de você. 
Quando quiser. 

Eu lamento pelo que passou. Você e ela. Não me sai a tua imagem de junto dela. nervoso ao encontrá-la depois da primeira vez. Posso vê-la chorando pela sua falta hoje e lamento. Sinto uma solidariedade inacreditável, egoísta. Penso o que seria de mim quando descobrir, um dia, que não me amas mais. 
Esbarrei com ela na rua. Sorria. Não sabe quem sou e fico feliz pela bem-vinda ignorância. 
Dormi, ontem, pensando em vocês. Em você me contando como foi que começou. Esqueci o fim da história. Senti ciúmes e medo. 
"Eu te amo". Dentro de mim, a mesma voz gritava "por favor não desista, por favor não deixe, não se afaste". Um turbilhão de pedidos, de desejos, de sonhos, de promessas. Um turbilhão que ia e vinha, chegava à garganta e descia ao umbigo. "Rumina, garota, rumina." A imagem de vocês, tua mão na minha perna, a hora avançada, a porta da minha casa. Apenas, eu te amo. Não houve voz para nada além. 
Queria dormir contigo em uma cama recém-nascida, em uma casa apenas nossa. Não quero essas lembranças, essas imagens, esses telefonemas. Não quero lembrar do teu sorriso orgulhoso pra ela. Quero esquecer teu passado. E o meu. Essa noite não pensei no meu. Não pude. Não quero mais. Eu lamento pelo que passou. Eu lamento por ser egoísta, por ser imatura, por ser criativa. 
Acordei hoje e o meu primeiro pensamento foi teu. Você, sozinho. Gostoso. E era meu novamente. E levantei-me.
--------->comenta, vai: 6 

Segunda-feira, Março 28, 2005


esquizofrenia 

Milena (www.felizessaooscaes.blogger.com.br) e Oliver (www.nonenem.blogspot.com) têm personalidade dupla. 
As personalidades número 2 de cada um deles mantém um blog em conjunto. 
Interessante notar que as personalidades, mesmo alternadas, escrevem os mesmos posts que a personalidade número um. 

Ou, dando a explicação simples, essa cara-de-pau aqui (www.wordsonfire.blogger.com.br) copiou os textos, a descrição e as piadinhas. Original, não? 


(isso, e esse post foi cuspido pela Milana - www.milana.blogger.com.br - em solidariedade à amiguinha aqui. E, sim! VIVA OS CRÉDITOS!)
--------->comenta, vai: 3 

Domingo, Março 27, 2005


Aha! 
Festival de Teatro chegando ao fim. Fiz uma oficina (muito boa!) de crítica teatral (toda vez que falo isso faço cara de "interessante"...). 
Apoiada por uma pessoa deveras importante e depois de ouvir "dá pra ver que começa a ter um estilo, o que é muito bom nesse ramo, acho que se quiser continuar a escrever, dá pra você continuar praticando que tem talento aí" de um dos professores e ficar muito, muito mesmo orgulhosa de mim (categoria modéstia: zero!), resolvi publicar um texto que escrevi. É sobre Foi Carmem Miranda, uma peça dirigida pelo Antunes Filho que estava na Mostra Contemporânea do festival (se alguém assistiu, por favor, conta o que achou?). 
Se isso der certo, e aparecer disposição, vou escrever algumas coisas de vez em quando. Possibilidades de o Felizes ganhar uma concorrência paralela. 
OK. Chega de blablabla. Com vocês, o texto (sem título!): 


A ausência, a nostalgia, os estereótipos, os fetiches e muito do que foi Carmem Miranda e o que ela deixou na memória do mundo está na recém estreada montagem de Antunes Filho. Essa experimentação é um desafio para o público que vai à peça à procura do ¿tico-tico no fubá¿, ou tem a expectativa de conhecer sua vida, sua história, sua carreira. Foi Carmem Miranda desafia a platéia a descobrir o que é que a baiana tem, ou teve. 
Foi Carmem Miranda mostra ao público o que sobrou da vida de uma mulher que nasceu em Portugal, criou-se no Brasil e fez sucesso nos Estados Unidos como uma latina exótica, provocante e excêntrica. Carmem Miranda nunca está em cena. Os personagens que fazem referência a ela estão sempre incompletos: não têm voz, mas corpo; não têm rosto, mas dançam; e sorriem, tristes. 
Essa composição só é possível porque todo o espetáculo converge para mostrar essa nostalgia, essa ausência. A escolha pelo palco nu, a princípio, e sua composição pelos próprios personagens, é uma representação que provoca a imaginação do espectador ao longo da peça. Aos poucos, vamos entendendo o jogo, decifrando o código da montagem, vamos ganhando dicas, símbolos, fazendo ligações, tendo referências que nos levam à Carmem, mesmo que ela nunca esteja inteiramente ali. Para isso, Antunes preocupa-se essencialmente com o trabalho de corpo de suas quatro atrizes, o que possibilita a Foi Carmem Miranda o desenvolvimento de uma narrativa quase muda e muito particular. 
As atrizes têm domínio de cada ação, de cada gesto e de cada passo. Andam pelo palco vendadas, ficam paralisadas por minutos, feito três velhas de Beckett, ou sambam sobre saltos altíssimos. São elas o foco das ações. Elas é que sonham, que ouvem a Carmem no rádio, são elas que sorriem, que dançam, que enchem o palco. Os belíssimos figurinos, o cuidado com os adereços, a luz presente e simples, por exemplo, apenas colaboram para a encenação, acrescentam ao trabalho das atrizes e à direção de Antunes mais brilho e coerência. 
O fã inveterado de Carmem Miranda à procura de um novo dado sobre ela tem grandes chances de sair do espetáculo frustrado. Depois de 50 minutos, temos apenas uma nova versão dessa mítica mulher. O que vemos é a Carmem que não está mais, vemos o que sobrou. Parece que podemos ouvir todo o tempo que nem o teatro e todos seus rituais podem ressuscitar algo que já se foi. Por mais ilusório que ele seja, o teatro nunca chega a ser verdade, não é a vida em cena, mas uma parte dela, uma possibilidade, uma visão. A Carmem que existe hoje é aquela que esteve no palco de Antunes Filho, é a mulher-lenda, a mulher-lantejoula, a mulher-personagem. 
Assim, voltamos para casa curiosos, instigados. Sem respostas, assobiamos e sorrimos, cheios de saudade. 

------- 

Importante, e eu já ia esquecendo! 
Inscrições para o II PUTZ - festival universitário de cinema e vídeo de curitiba prorrogadas até 30/03! 
Você que tem vídeos, que sabe de alguém que tem, que quer que os outros vejam, ou não é nada disso mas tem boa vonatde no coração, ajude-nos a divulgar! 
WWW.PUTZ.UFPR.BR 
Não sei se eu podia dizer isso, mas teremos palestra com o Zé do Caixão (sobre cinema trash!) e Henry Breitrose (sobre cinema documentário!). è isso, gente: fama, glória e dinheiro!
--------->comenta, vai: 4 

Quinta-feira, Março 24, 2005


OS DECRETOS DEFINITIVOS DA HORA EM QUE NASCI 
ou Post de (des)Aniversário - parte 2 


Nome? 
Nascimento? 23/03/1983 
Hora? 13h40 
Cidade? Rio de Janeiro 

Seu signo ascendente é CÂNCER e seu planeta regente é LUA. 
Seu ASCENDENTE está no signo de CÂNCER, esta é a estrela que orienta sua evolução durante esta vida. Dois caminhos irão misturar-se em seu destino, e chegará o momento em que você terá de reconhecer qual dos dois é o seu. A partir desse momento, um deles minguará, e o outro brilhará com mais intensidade. 

Um desses caminho será o da inquietude, o da energia quase inesgotável que fará com que você procure esgotá-la por meio da atividade. Parecerá que você nunca se cansa, e que sua inteligência a leva a apropriar-se das experiências, suas e de outras pessoas, resultando isso numa nova e criativa mistura. Precisará estar sempre em movimento, fazendo alguma coisa, mesmo que descansando, porque nesse caso o descanso só será apropriado por meio de uma atividade dedicada a ele. 
O segundo caminho será o da ordem, o de fazer todas as coisas de acordo com o manual, tentando assim respeitar as regras e convenções do mundo, de modo a obter os melhores resultados possíveis. Por meio desse caminho você se convencerá que não veio a revolucionar coisa alguma, mas a reproduzir o que o mundo lhe oferecer de melhor. A prosperidade dependerá de tempo, e do respeito às leis e regras. 
(tão entendendo? eles tão dizendo o quão ferrada eu estou destinada a ser...

Nos dois caminhos você desenvolverá uma natureza tranqüila e reservada, porém também altamente emotiva, e sujeita a tormentas passionais tormentas passionais é ótimo!!!. Escolhendo o segundo caminho, essa parte de sua natureza não se expressará com tanta intensidade. Mesmo assim, você viverá momentos de profunda impulsividade. Você tomará atitudes baseando-se em sensações que raramente compartilhará, e por isso, aos olhos das pessoas, elas parecerão repentinas e descabidas. Lhe encantarão (ou, encartar-lhe-ão) as situações estranhas e as aventuras. 
Seu poder de adaptação à forma de ser das pessoas com quem se relacionar será fantástico, e a capacidade de assumir outras idéias também. Mas no íntimo, e apesar desta flexibilidade, você continuará teimando em sua própria e particular maneira de ver o mundo. (He! Bem do meu tipinho mesmo, isso!) Haverá uma necessidade imperiosa e vital por carinho e amizade, e isto pressionará continuamente seu destino para novos lugares, novas pessoas e novas aventuras. Em tudo, você será sempre discreta e independente (Milena discreta e Milena independente é uma coisa que pago pra ver!), desenvolvendo muita habilidade para uma grande variedade de afazeres, porque grande será também sua capacidade de adaptação. Porém, o grau de irritabilidade nervosa também será muito alto e isto será fruto, também, de sua sensibilidade. 

As relações públicas e as negociações de todo tipo serão seu forte(Relações Públicas NÃO!!!!) e não lhe faltarão ambições sociais e materiais. Suas atitudes variarão muito, podendo ser em alguns momentos extremamente impetuosa, ou muito tímida. A verdade é que você nunca saberá ao certo qual será a atitude que tomará perante a mesma situação. (A verdade é que eu vou ser uma louca indecisa!) Você poderá tanto ser precavida, desconfiada e prudente, como entregar-se a excessos passionais e a divertimentos descontrolados. Este signo por Ascendente exporá você a muitos perigos, tanto misteriosos quanto públicos e sociais; mas esteja certa que a providência a protegerá e salvará antes de acontecer um desastre maior. Essa, sem dúvida, a parte mais engraçada do meu destino! 

Aguardem, em breve você verá o que o Sol em Áries, o que a minha LUA em Câncer e o que os dois juntos dizem sobre mim! 
HA! 

--------->comenta, vai: 2 

Quarta-feira, Março 23, 2005


Então... post de aniversário? 
- Como assim, Mila? Quem fica em casa (e, pior, no computador), no dia do próprio aniversário? E quem consegue escrever boas coisas nesse dia? 
É, meus amigos... então, 22! HOHOHO! 
Não muito mais a declarar! Um aniversário muito melhor que os outros, melhores companhias, melhores perspectivas, melhores ambientes e quase nada de ansiedade! UHU! Acho que tô começando a falar que nem gente grande ("grande? vc? hehehehe!!!"). 
FATO: 
Hoje, sem festas! Quem sabe a tão famosa e esperada Quarta Rock, no James. Quem sabe. 
No sábado, para os queridos que aqui estiverem, FESTA! 
Eu aviso na seqüencia... 
E, nada mais de post. 
Só pra não dizer que não falei de flores (HE! "tá se 'metidando', Milena?")! 

----- 

FOTOS! 
só pra deixar o dia de hoje mais animado! 

HE! Milena feliz, escondida e articulando... 
 

Tá vendo isso? 
 
É o que acontece quando tento colocar fotos do filme! 
Não dá! 
Chega! 
Eu desisto! 
Blergh!! 

--------->comenta, vai: 6 

Sexta-feira, Março 18, 2005


Eu não tenho medo de dizer EU ACHO. Acho que já disse isso uma vez. 
Também não tenho medo de dizer COISAS. Eu acho que tem coisas que não são certas. Apesar de eu gostar muito de coisas certas. Gosto das erradas também. Mas, gosto de estar certa do erro delas. 
Eu tenho medo das oposições. Acho que sou uma dessas coisas opostas em forma de ser humano que assusta os seus semelhantes. Na verdade, não me acho semelhante a ninguém. 
Eu gosto de falar de mim. Gosto de dizer EU, de dizer EU GOSTO. Eu gosto quando posso não falar de mim, também. 
Eu acho que mudo de opinião muito rápido. Uma coisa que gosto hoje posso não gostar hoje ainda. Certas coisas têm várias versões, afinal. As erradas têm, também. 
Eu gosto de me opôr às coisas óbvias, e gosto que elas continuem a existir mesmo depois da minha oposição. 
Eu não sei onde queria chegar, mas acho que nem sempre isso é um problema.
--------->comenta, vai: 7 

Terça-feira, Março 15, 2005


Saiu para tomar um ar, que não encontrou. Bebeu um pouco de água morna e caminhou até a sacada. Estava tudo silencioso, muito diferente do normal. Encostou-se na mureta que a distanciava dos três andares acima do chão. Sem vento, sem vozes. No prédio ao lado, o objeto obscuro perambulava por entre salas, corredores e escadas. Por meses, manteve-se 10 metros distantes do algo que tanto quis. Aquela sacada não estava acostumada com os pensamentos que agora lhe passavam. Ela sabia desejar, sabia lamentar, sabia se culpar. Se não fosse pelo vento que não circulava, hoje sentiria-se leve. Como, perguntou-se, como o tempo pôde se sobrepôr às crenças? Um dia, acreditou não ter vida além daqueles 10 metros. Suas esperanças estavam ali. Sua vontade de viver, de esperar, de morrer, também. Hoje, não ouviu nenhuma antiga risada. Hoje, sentia cansaço físico, sentia sede e sono. E não estava só, nem triste, nem longe. Hoje sentia por hoje, e só. Voltou para sua caixa de paredes pretas e para o calor. Ouviu música, conversas e pedidos. Subiu as escadas, para entre os degraus e pôde entender o tempo. Hoje, sentiu-se outra.
--------->comenta, vai: 3 

Domingo, Março 13, 2005


ISSO NÃO É UM TEXTO 
Hoje você não ganha um texto. 
Hoje eu cheguei em casa e tudo estava escuro. As portas dos quartos trancadas, as cortinas cerradas, a cama descoberta. 
Hoje eu demorei pra dormir, depois dormi mal e depois acordei cedo. Sonhei com você em diversas situações e depois não sonhei com você. Sonhei com sonhos que passaram e neguei, em sonho, a possibilidade de voltar atras, porque agora existia você. 
Hoje eu desconfiei de mim, me questionei, fiquei triste e não me permiti chorar. 
Quando eu acordei, hoje, tinha um gato preso na roseira da minha casa. A vida é mesmo frágil. 
Eu, hoje, acordei com vontade de estar com você como era antes. Queria pular um dia das nossas vidas e acreditar novamente em tudo. 
Hoje estava quente, claro e ventando. 
Eu coloquei um cd pra tocar, deitei no sofá e li a revista que acabara de chegar. 
Hoje eu estou cheia de medos. Estou esperando você. Estou querendo entender. Estou presa ao seu "boa noite" ao telefone. 
Hoje não quis te preocupar, não quis te invadir, não quis pesar. Decidi, então, que hoje você não ganharia um texto meu.
--------->comenta, vai: 12 

Quinta-feira, Março 10, 2005


Eu estou muito n. N. de se sentir na pele. N. orgânico. N. de tremer a mão e ter vontade de correr muito até não ter mais fôlego e sensação de n. Eu estou me sentindo como uma mão cheia de dedos. Eu, inteira, como uma mão. Ela está cheia de não-me-toques. Eu estou m. pessoas que eu amo. Eu não tenho vontade de falar com mais ninguém. Eu tenho frisos permanentes no rosto, as unhas roídas, um roxo no lábio e uma expressão de dor. Cuidado, eu estou n. Estou p. na bola. Estou ausente. Eu não estou. Uso frases sem nexo, inspiro com muita força e não desfaço o nó. Uma mão esconde meu rosto e a outra coça a perna por dentro da calça que está grudada por causa do calor. Eu quero pedir desculpas. Meu humor está p. e ninguém tem culpa disso. Eu preciso dormir. O meu pé d., meu pescoço d., minhas costas. Devagar, a cidade anda. Eu quero colo. Colo, silêncio e doze horas de sono. Tudo bem se forem seis. Eta vida besta, meu Deus! 

--------->comenta, vai: 4 

Segunda-feira, Março 07, 2005


Ela estava com os braços queimados do sol, e com uma faixa branca no pulso esquerdo, marcas do primeiro ano de seu relógio marrom, de largas pulseiras de plástico e dono de um tique-taque perene, digno de um despertador de corda. Quando vestia saias, sentia-se uma estrangeira num país tropical. Podia, com pouco esforço, ver as próprias veias da perna, e sabia que poderia morrer de vergonha se algum dia alguém comentasse sobre elas. Nunca quis ser tão transparente. Ela gostava do resultado de seu olho escurecido pelo uso do lápis e de muito rímel. Gostava de olhar as pessoas nos olhos. Não por buscar a sinceridade entre o discurso ("ah! Os clichês..." ela pensava), mas para apreciar o embaraço da presa frente ao caçador. Tinha apreço, também, pelo dedo mindinho do pé direito, que escondia uma pinta de nascença. Ela tinha várias pintas de nascença e nunca entendeu como se deu a formação delas. Com os anos, muitas desapareceram, outras surgiram, e outras aumentaram tanto que foram extraídas daquele corpo maior. Maior. Ela foi a maior da turma até a segunda série, e durante anos ficou com uma imagem alterada de si mesma. Ela se achava grande. Só se viu menor do que o imaginado quando tentou pular por cima de uma árvore e faltaram-lhe pernas. Olhou para o lado e não tinha ninguém. Encostou-se ao barranco e chorou. Hoje a tarde, ela estava conversando sobre o cenário musical paranaense. Ela entende de música as sete notas, se bem que de dó a dó sempre vão oito. Prestava atenção nos outros braços, pensava se as pernas daquelas pessoas seriam tão brancas como as dela. Pensava que sol, mar, amor eram palavras que nunca estavam juntas numa mesma música curitibana. Como podia querer que suas pernas fossem bronzeadas se fazia meses que ela não tirava a calça jeans? De repente, ouviu, "eu vou embora". Eu vou embora. Essa frase e um frio. Um arrepio. Ar-re-pio de pan-ca-da. Pan-ca-da de ar-re-pio. Cantarolando assim, tinha saudades do tempo em que se separavam corretamente as sílabas. Ele foi embora. Em seguida, sentiu-se invadida por dois sentimentos opostos e completamente necessários, entendeu. Seria possível que não desejava que ele se fosse? E, que maravilha! Estava tão triste por perder aquela presença, triste de dar um aperto entre o umbigo e o encontro das costelas. "Não, fica...", era a sua vontade. Tão triste. E tão empolgada por, enfim, dizer "não, fica...", por poder sentir aquela tristeza romântica, por desejar encontrar, enfim, as pernas maiores que a ajudariam a sair de detrás do barranco. Ele foi embora, "tudo bem...", nunca acreditou em telepatia. Nunca quis ser tão transparente. Hoje a noite, olhando-se no espelho - o resto de maquiagem nos olhos proporcionava-lhe um uma sensação particular - via-se bela e triste como o fim de um dia de sol. Descobriu uma pinta nova. 


------ 

O amor, pensaram, era isto. 
Uma dor de morte, um sorriso constante, uma disritmia. Mordeu-lhe os lábios mais uma vez e entrou em casa. No minuto seguinte, sentiu uma falta de 150 anos. O amor, sentiu, era isso. 
Em casa, tinha vontade de publicar suas tardes. Queria contar sobre os últimos meses. Colocar uma foto dos dois juntos. Mas, sabia que não era capaz de nada que fosse bonitinho e escreveu sobre algo que não sentia mais. 
Um dia depois, queria pedir perdão. 

--------->comenta, vai: 6 

Domingo, Março 06, 2005


Pegou na sua mão como se fosse a última vez. Queria acreditar que teria forças para deixá-lo. Olhou pro seu rosto e se despediu. Mordeu os lábios que tantas vezes tinha desejado não como se fosse a útima vez, mas como se fosse a mais importante. Sentia que o amava, mesmo sem ter muita certeza o que isso significava. Queria que ela pudesse fazê-lo feliz e sabia do potencial que tinha para magoá-lo. No carro, de volta pra casa, sentia suas mãos em suas pernas e procurava entender aquele toque. Queria não esquecê-lo jamais. Ela sempre sorria quando estava com ele. Hoje, enquanto ele falava sobre a diferença ululante entre os dois, ela só tentava decorar cada parte dele. Olhava seus dedos, ouvia a voz que narrava misturada com o motor do carro, guardava o formato do nariz e o desenho do queixo. Queria ter certeza que ia ficar melhor longe dele. Ele, também, precisava ficar sem ela. O amor, pensaram, não pode ser isto. Uma dor de morte, um sorriso constante, uma ruga na testa, uma disritmia. Mordeu-lhe os lábios pela última vez e entrou em casa. No minuto seguinte, sentiu uma falta de 150 anos. 


------- 

O V PUTZ (o interno) aprovou meu fracasso. 
Meu filme (sim, ele é ruim, mas só EU posso admitir isso...) foi indicado ao prêmio "que porra é essa?". Não ganhou. 
Nem pra ganhar o prêmio de pior filme eu presto. 
Sobraram-me as sábias palavras do gênio Leonardo Bonassoli sobre o Marcados: 
"Um boa trama, uma boa trilha, um som horrível. Porém a boa trama tornou-se um tanto truncada com o som mal captado. Seria uma espécie de "Andando na Linha" feito por Classificados ao invés de ser feito na linha do ônibus. O paralelo que fiz foi com relação à mensagem do filme que é similar, porém a execução foi bem diferente." 
E, aí?! Fracassada ou não? 

--------->comenta, vai: 2 

Quinta-feira, Março 03, 2005


De como minha vida (acadêmica) já não deu certo: 

Aos 17 anos você tem algumas opções: 
1- fazer vestibular para o curso que sonha e estudar muito para isso. 
2- fazer vestibular para o curso que sonha e não estudar. 

Afinal, aos 17 anos você só sonha em fazer aquilo que sonha. 

Depois de não passar no vestibular (independente da escolha que fez), você reavalia o seu sonho. 

Opções: 
1- desiste do curso e descobre sua verdadeira vocação nas Ciencias Biológicas 
2- desiste da faculdade e resolve viajar pelo mundo 
3- mantém o curso e considera estudar em uma faculdade particular 
4- mantém o curso e acredita que com um pouco mais de sorte você conseguirá entrar numa instituição pública, gratuita e de qualidade 

Como você ainda era novinho, imaturo e sonhador, escolheu a alternativa 4. 
Matriculou-se num cursinho, foi pra aula, aguentou as piadas e trocadilhos infames dos professores, fez simulados, exercícios, tomou calmante, foi pro vestibular, esperou o resultado e descobriu que não passou por muito pouco. 

O que você faz? 
1- desiste do curso e descobre sua verdadeira vocação em Biblioteconomia ou Matemática Industrial 
2- desiste da faculdade e resolve viajar pelo bairro 
3- mantém o curso e considera se matricular na faculdade particular que passou 
4- mantém o curso e acredita que com só mais um pouco de sorte você conseguirá entrar numa instituição pública gratuita e de qualidade 

Escolheu a 4? 
Resposta errada! Mas como você ainda não sabia disso, repete essa mesma escolha por mais uma vez. 
No ano seguinte, já numa instituição pública paralela mas fazendo um curso que não lhe atrai, você decide mudar de ramo. 

O que deveria ter feito? 
1- ter se contentado com o curso pos-medio e com o tecnologo que ja fazia, esperar que os dois terminassem pra começar a fazer outra coisa 
2- ter terminado os dois ultimos anos do curso de artes graficas e entao fazer uma pós numa área mais agradável 
3- ter começado a trabalhar pra pagar o curso que queria numa faculdade particular 
4- decidir entrar na instituição pública, gratuita e de qualidade nem que precisasse escolher um curso um pouco menos concorrido 

Lógico que deveria ter escolhido qualquer uma menos a 4. Pois você é teimoso e foi lá fazer vestibular de novo. 
Mudou de habilitação porque achou que isso facilitaria sua vida. 
Passou. 
Começou a cursar alguma-coisa-parecida-com-o-que-queria e não gostou. 
Decidiu ser malandra na hora das matriculas pra poder deixar de lado a coisa-parecida-com-o-que-queria e não funcionou. 
Agora não está matriculada em disciplina nenhuma na tao-querida-instituição pública, gratuita e de qualidade, trancou a centro de estudos tecnologicos paralelo e perde tempo num curso pos-medio de formadores de fraudes. 

Como se sente agora? 
1- "Eu tenho orgulho de mim porque eu tentei." - Pollyanna 
2- "Se eu pudesse eu voltava atras e fazia tudo direito." - Fernando Henrique Cardoso, Daniela Cicarelli, Herbet Viana 
3- "Eu tenho vontade de matar os funcionarios públicos." - aposentados anônimos 
4- "Eu sou um fracasso." - Milena Emilião 

--------->comenta, vai: 14