quinta-feira, 25 de dezembro de 2003

2003

Quarta-feira, Dezembro 31, 2003


Em 2004: 
Eu juro ser uma pessoa bem humorada, vou rir ateh doer a barriga! Vou encarar com disposição meus problemas, vou acreditar que eles naum sao tao grandes assim. Vou ter soh mais um pouquinho de feh nas pessoas. Vou tomar menos coca-cola e resistir aa vontade de comer no mc donalds. Vou sair pra dançar e pra andar de bicicleta. Vou juntar dinheiro pra viajar. Vou cortar meu cabelo, bem curto. Nuam vou fazer vestibular no fim do ano. Vou usar mais salto alto. Eu juro que vou atender meu celular sem pensar duas vezes. Durante o inverno, naum subirei na balança. Vou descobrir uma ginastica que eu goste. Vou voltar a escrever cartas a mao. Vou ligar pra minha vó. Eu juro que em 2004 vou dormir menos que 8 horas por noite pra poder aproveitar mais meu dia. Vou ler, pelo menos, 20 livros. Vou agradecer antes das refeiçoes e vou implicar menos com meu irmao. Vou mais ao teatro, ao cinema e a shows. Vou esquecer o passado. Vou fazer festa de 21 anos. Vou praticar ioga e desenvolver meu lado sensivel e otimista. Vou ter menos decepcoes e decepcionar menos. Vou manter meus olhos abertos. Vou ser a namorada de alguem bem bacana. Eu vou estudar muito. Eu juro que vou fazer trabalho voluntário, escrever uma carta pro Bush e outra pro Lula. Ah! Naum vou mais puxar musicas da internet, cd, soh original! Vou aa praia e ficar pelo menos duas semanas bronzeada. Eu vou chorar muito quando for necessário pra naum ter lágrimas pro que for inutil. Vou sair do invisible no icq. Eu vou cumprir minhas promessas! Eu juro que no fim do ano naum fazer promessas para o ano seguinte! 

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Terça-feira, Dezembro 30, 2003


SE EM 2003 ATÉ SADDAM SAIU DO BURACO, ESPERO QUE EM 2004 VOCE TAMBEM CONSIGA! 


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Sexta-feira, Dezembro 26, 2003


Papai do céu, queria te agradecer pelo dia agradável que eu tive hj. Agradecer pelo sol que brilhou lah fora e pelas estrelas que vieram depois. Porque nós tivemos bastante comida na nossa ceia e pq ganhei um presente bem legal de Natal. Ah! Tambem quero agradecer pq meu pai e minha mae me amam e pq meu irmaozinho estah na praia. Dai, tambem queria pedir umas coisinhas... eh que eu sou muito branquinha e naum posso ficar muito tempo no sol, dai eu queria que os cientistas inventassem um protetor bem fortão, mais de 50, pra eu poder brincar bastantao no sol. O senhor podia curar a minha dor de barriga? Eh que tiha muita rabanada no natal e agora tah doendo aqui dentro.... o presente que minha mae me deu eh bacana, mas eh que naum era aquele tipo que eu queria... minha mae sempre erra a cor das coisa que eu peço pra ela... se o senhor puder fazer uma magica pra eu ganhar a que eu quero sem minha mae notar, senao ela pode ficar triste... E, papi do ceu, eu naum quero ver minha mamae triste... Eu sei que ela chora um pouquinho antes de ir dormir... ela sempre diz que tah tudo bem, dai ela dah um sorriso pra mim, me dah um beijinho na testa, apaga a luz e fecha a porta, mas eu jah ouvi ela chorando... papai, eu tambem choro antes de dormir... era isso que eu tinha que te pedir mais de tudo. Eh que eu naum gosto do escuro, dai quando chega a noite, sempre tem um pouco de luz nas estrelinhas, mas eh tudo tao escuro que me dah medo... serio, papai, eu tenho medo do escuro. Dai, a minha mae jah foi dormir, e eu naum consigo descansar direito pq naum gosto do escuro... tenho medo mesmo... dai eu choro, quase todo dia (soh naum choro naqueles dias que eu brinco bastante e vou dormir bem cansada)... o que eu queria te pedir eh que o senhor encurtasse as noites... sabe, que o dia fosse mais cumpridao e a noite curtinha... eu naum gosto do escuro... tambem naum gosto de ficar sozinha... a noite eh muito ruim... por favor, diminua essa escuridao e naum me deixa tanto tempo sozinha... papai, naum gosto de ficar sozinha... nao gosto... naum... por favor... 

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Quinta-feira, Dezembro 25, 2003


Coisas inesperadas podem acontecer num dia de Natal. 
Ainda bem. 

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Terça-feira, Dezembro 23, 2003


De como me tornei uma porca capitalista nos últimos dias: 
- $? 
- $$$!! 
- $?$?$!?!?! 
- $$! 
- $$...? 
- $... 
- $! 
- $! 

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Domingo, Dezembro 21, 2003


Senta aqui que hoje eu quero te falar, não tem mistério não, é só teu coração que está muito cheio de impressões do que aconteceu sexta. Eu encontrei e quis duvidar do dia que iria salvar meus últimos dias do ano. Paz, eu quero paz (já me cansei de ser a ultima a saber de ti - mas isso é outro assunto) a gente ria tanto desses nossos desencontros, mas parece que tudo está passando do ponto. Coisas estranhas têm acontecido, mas, juro, tô tentando falar menos do que tem de podre em mim,é a solução de quem não quer perder aquilo que já tem e fecha a mão pro que há de vir. Me dispus a escrever sobre sexta a noite, e não sobre tudo, mas, já ouviram a teoria dos fractais (a parte representa o todo em sua essência)... Eu sei que ainda vou voltar... mas eu quem será? É o que tenho pensado, o que eu sou é também o que eu desconheço de mim, mas, olha só o que eu escrevi: é preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê. Às vezes num 19 de dezembro de um ano único podem acontecer coisas pra que sua mente permita enxergar mais longe. Estranho? É, mas as vezes tá tudo tão ruim que parece que alguém colocou um tampão, uma venda nos nossos olhos... que só há desesperanças... sei que a tua solidão me dói e que é difícil ser feliz, mais do que domos todos nós, você supõe o céu... A verdade é que tô precisando falar de mim, mas, não digam pra eu não me sentir assim pq vai ser difícil, pq eu vou ficar são, mesmo se for só não vou ceder, o mal vai ter fim, um dia a rosa da amargura vai morrer. Dispenso sorrisos falso e aceito de bom grado compreensões. Eu não sei por onde foi só resta me entregar, cansei de procurar o pouco que sobrou, eu tinha algum amor, EU ERA BEM MELHOR, mas tudo deu um nó e a vida se perdeu. Deus às vezes parece se esquecer. Putz, como tenho pensado nisso ultimamente, talvez seja essa coisa com Natal, com a suposta alegria coletiva e com esse sensação de estar só... terrivelmente só... As vezes, quando consigo escapar desse corpo terreno, que precisa ser olhado, cuidado, amado, sou mais uma na multidão, que faz parte do coletivo, da voz do povo, que nem sempre é a voz de Deus. E, quando sou assim, a Milena-Maria-José-João, gosto de fechar os olhos e sentir a massa vibrar, ouvir as vozes, ser, apenas, mais uma. Porque, aqui dentro, o corpo dói, geme a alma e o espírito esqueceu-se de si mesmo. Não tem mistério não, é só teu coração que não te deixa amar. Você precisa reagir, não se entregar assim... Não, não vou me entregar. Apesar das coisas que borbulham aqui dentro. Pausa para análise. Viram À Espera de um Milagre? Pois não tinha aquele negrão que era sensitivo? Ah! Que precipitação! Não estou me comparando ao ser sensitivo, logo eu que demoro a captar as coisas... Quando ele sugava ou expelia a doença dos outros, não me lembro direito, mas parece que entrava um monte de bicho, besouro, na boca dele... pois é assim que tô me sentindo, com vontade de gritar tudo, colocar todos os bichos mais medonhos pra fora de mim. Fim da pausa. QUEM SABE O QUE É TER E PERDER ALGUÉM? EU! EU! EU! Pq ficar com esse azedume todo aqui dentro vai me cortar demais, é muita acidez... ixi... pedidos pra Papai Noel: a colombina só quer um amor que não encontra num braço qualquer e o pierrot só queria amar e dar um basta a essa dor já sem fim. Sério Papai Noel, nunca pensei que uma dor pudesse doer tanto e por tanto tempo. Na verdade, acho que enfeitei demais a vida que eu teria aos 20 e poucos anos... Ah! Ilusão! Falo que não ligo, mas não vivo sem você. Ou, vivo, vivo mal. Ah! Pensar que esse era um post comemorativo ao tão esperado. Comprei o ingresso semanas antes, era o número 25. Chamei amigos, encontrei outros. Cantei, pulei, gritei e pedi bis. Pô... quem podia me dizer que eu ia gostar tanto?  O fato é que o Los Hermanos está devidamente homenageado nesse post. Sou eu. Uma mistura de receitas que se combinam e formam um panetone com frutas secas. Não consigo parar de ouvi-los pq consigo encontrar as coisas que sinto na voz dos barbudos. É, se é assim que quer, assim será. Eu vou pra não voltar... ... ... assustei? It´s a joke... mas vou fazer uma lista de pedidos para 2004. Alguma coisa temos que levar a sério em tantos desejos de FELIZ ANO NOVO. Que sejam novos esses sentimentos, pq daqui a pouco eu vou perguntar QUEM É MAIS SENTIMENTAL QUE EU? E tô com medo de que todos fiquem quietos, sem respostas... 


(coloquei essas fotos que achei j, 01/01/04, no Afther Hour, alguma dessas cabeças eh a minha!!) 

   

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Domingo, Dezembro 14, 2003


Fui descalçar as botas, que estavam apertadas. Uma vez aliviado, respirei `a larga, e deitei-me a fio comprido, enquanto os pés, e todo eu atrás deles, entrávamos numa relativa bem-aventurança. Então considerei que as botas apertadas são uma das maiores venturas da Terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar. Mortifica os pés, desgraçado, desmortifica-os depois, e aí tens a felicidade barata. Eh! Antes fosse meu o texto. Sim, sim, caro leitor (rs), eh sim, mais uma vez, Machado de Assis (rimou!)! Que posso eu fazer se o cara eh bom? Ah? Render-me... pois foi assim, pensando sobre a felicidade barata que meu dia melhorou. É incrível como pequenas coisas podem dar um brilho à vida, faer com que as botas possam der descalçadas! Ainda bem! Ah! Naum ia dah pra aguentar soh encheção o tempo todo, eh por isso que Havaianas vende tanto, todos merecem andar com os pés a larga!!! Quanto a mim, me delicio vendo filme na tv, lendo Eisenstein, dormindo ateh as 10h e comendo Chandele com morango. Pouco, pensarao alguns... "mas, ela tambem fica tão chateada por umas coisas nada a ver..." eh... estao pegando o felling da coisa! Benditas botas apertadas que me fazem aproveitar enquanto posso andar com os pés descalços!!! 

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Sexta-feira, Dezembro 12, 2003


[para que seja possível entender como foi que quis dizer isso, imagina alguem no deserto pedindo por áaaaaguaaaa... (ou, pra quem lembra do Luisão, do Dom,dá na mesma)...] 
- ÂAAAANIIIIMOOOOO!!!!!!!!! Ou qualquer coisa que me faça levar adiante esses últimos suspiros de 2003... 

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Quinta-feira, Dezembro 11, 2003


O VELHO E O MOÇO 
(Los Hermanos - Rodrigo Amarante) 

Deixo tudo assim. 
Não me importo em ver a idade em mim, 
ouço o que convém. Eu gosto é do gasto 
Sei do incômodo e ela tem razão 
quando vem dizer que eu preciso sim 
de todo o cuidado. 
E se eu fosse o primeiro a voltar 
pra mudar o que eu fiz, 
quem então agora eu seria?
 
Tanto faz que o que não foi não é. 
Eu sei que ainda vou voltar... mas eu quem será? 
Deixo tudo assim, não me acanho em ver 
vaidade em mim. Eu digo o que condiz. 
Eu gosto é do estrago. 
Sei do escândalo e eles têm razão 
quando vêm dizer que eu não sei medir 
nem tempo e nem medo. 
E se eu for o primeiro a prever 
e poder desistir do que for dar errado? 
Ah, ora, se não sou eu quem mais vai decidir o que é bom pra mim? 
Dispenso a previsão! 
Ah, se o que eu sou é também 
o que eu escolhi ser aceito a condição.
 
Vou levando assim 
que o acaso é amigo do meu coração 
quando fala comigo, quando eu sei ouvir... 

Devido aos fatos fatidicos (aliterações a parte) da tarde de hoje e que responde pelo inchaço inegável no meu rosto. Devido às minhas últimas vontades, já recolhidas ao mundo perfeito das idéias platônicas. Mas, continuando loshermanicamente, tudo vai ficar bem, "eu que já não sou assim muito de ganhar junto às mãos ao meu redor faço o melhor que sou capaz só pra viver em paz."!!! Boa noite! 

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MÃE MILENA-DINAH ENGANOU-SE!!! Sim, houve chuva durante a semana e a chuva trouxe novos ares, com direito a entardecer cor-de-rosa choque, e depois da chuva veio a abonança e com ela a esperança de novos dias novos. E, mesmo com o pedido para prever o que será de Escorpião, Mãe Milena irá calar-se, ou, mais sinceramente, vai atuar na surdina ateh ter mais confiança em sua previsões. Ateh que o destino resolva andar como ela quer. Ateh que ela aceite que as coisas acontecem, independente da vontade dela. Ateh que isso ocorra, Mãe Milena só dará palpites, dicas de moda e receita de bolo de cenoura! 

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Domingo, Dezembro 07, 2003


Mãe Milena-Dinah prevê: 
Dias cinzas para a próxima semana. Há possibilidade do aparecimento do Astro-Sol para iluminar o dia e alma, pequena, mas há, fique atento e não despreze a menor corda de auxílio. Más notícias: como os dias tendem a ficar nublados, sem massas de ar quentes (ou frios), a chuva não cairá, portanto, não haverá arco-íris. As pessoas de Áries têm que estar preparadas para resolver distúrbios com seu próprio humor, e outras derivações pessoais. As vibrações astrais da semana recomendam momentos de introspecção, para que reflita sobre conflitos presentes, passados e futuros. Boa notícia (repare na infeliz singularidade): com um pouco de flexibilidade para saltar as pedras do caminho será possivel resolver os desatinos de ontem e a espantar a melancolia, levando em conta que nem tudo está perdido. 

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Segunda-feira, Dezembro 01, 2003


Falando francamente... minhas pretensões são maiores que as minhas pernas... por exemplo, minha pretensão de escrever coisas que cheguem à alma nunca vai ser algo realizado. Coisas que cheguem à alma não são falar de amor, de morte, de grandes eventos da humanidades, mas conseguir falar de ver nascer um pé de milho perto do muro de casa, sem que ninguém o plantasse, e isso emociona. Tem uma crônica do Rubem Braga que gosto muito, pela cores e pela simplicidade dele. Tá ai em baixo pra dar uma olhadinha... po! eu sou fã do cara pq ele eh simples... pq ele gosta de passarinhos e de os ver chegar na janela da nossa casa como se estivesse curioso por nos conhecer, pq parece que me ensina a dar valor a esses pequenos prazeres que nos enchem de alegria, como aquelas coisas que escrevi lá embaixo sobre Curitiba. Eh sério, essas coisinhas bobinhas são ótimas! Mas, voltando a minha frustração de nunca me tornar uma escritora-de-coisas-intimas, ah! jah nem sei mais pq comecei a escrever tudo isso... acho que eh por isso que gosto dessa idéia de blog... de certa forma eh minha maneira de contar as coisas banais, e leia quem tiver disposição!!! hehe Então, em homenagem ao meu momento meta-literário entediante, vou colocar uma, melhor duas! Duas cronicas do queridinho da Milena! Vou começar com uma coisa bem rapidinha de ler, dai, vcs gostam e se animam a ler a segunda, que - tah, eu tenho consciencia que eh um pouco compridinho - que fala das coisas simples que eu disse, poxa, como diria aquela musica sertaneja brga pra ca**** "sensivel demais, eu sou um alguem que chora..." hehehe!!! tah, era soh pra dar um ponta-pé de empolgação pra leitura que os espera!!! 


O pavão 

Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. 
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade. 
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico. 


O padeiro 

Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a "greve do pão dormido". De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo. 
Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando: 
- Não é ninguém, é o padeiro! 
Interroguei-o uma vez: como tivera a idéia de gritar aquilo? 
"Então você não é ninguém?" 
Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: "não é ninguém, não senhora, é o padeiro". Assim ficara sabendo que não era ninguém... 
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina - e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno. 
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; "não é ninguém, é o padeiro!" 
E assobiava pelas escadas.