segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

2006

Terça-feira, Dezembro 12, 2006


A minha pergunta é: 
Onde estará o verão? 
Inveja da propaganda da Kaiser.
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sábado, 25 de novembro de 2006

2006

Quarta-feira, Novembro 08, 2006


Nunca mais vou atualizar, pode desistir. 
E vou viver apesar de você, ouviu? 
Se eu tivesse toda raiva do mundo, não seria o suficiente para abalar você. Então, foda-se. 
E isso ainda não é tudo.
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quarta-feira, 25 de outubro de 2006

2006

Quarta-feira, Outubro 11, 2006


O blá blá blá de sempre. Sempre blá blá blá na falta de algo melhor. Rabugenta, ranzinza, cinza. Testa frisada, boca fechada, hérnia de hiato. Trabalho extra, música no fone, véspera de feriado. O mesmo blá blá blá de ontem. Carência, carinho, carrinho, pedido negado, choro caído, ponta de estoque. Blá blá blá. Pra que, por quem e pra quando? N A Ó til. Sempre faz tempo. 
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Domingo, Outubro 01, 2006


Eu não consigo me afastar de você, eu estava tentando isso, mas as forças que eu acho que tenho não se mostram quando eu preciso. Estava braba e agora mesmo me peguei sorrindo quando fiz mais um plano com você. É assim, sua imagem aparece e eu esqueço que não quero mais te desejar, não quero mais estar sozinha num caso que é só meu, desde o começo. Pensei em como está frio hoje e como poderíamos viajar para uma cidade bonita, ver neve e fazer as coisas clichês que casais apaixonados fazem. Lembrei das minhas marquinhas que podem se reforçadas no verão e do convite pra ir com você. Não consigo me afastar, nem quero. Quero, quero querer, na verdade. Sem que eu perceba, já desisti mais uma vez e deixei para segunda-feira o meu regime de você. E fico pensando que te amo mesmo. E que preciso de você pra poder ficar feliz de repente. E fico querendo envelhecer com você, querendo deixar você cuidar de mim, querendo ser dependente. Mesmo quando nossos sonhos não são os mesmos, quando fico triste por saber de não vai acontecer, mesmo assim. Gosto de me imaginar com você e a imagem disso me faz tão bem, me leva para cama direto para bons sonhos. 

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

2006

Quarta-feira, Setembro 06, 2006


Há tanta intensidade, que o amor se mistura com a minha raiva e no mesmo momento em que te amo mais do que a mim mesma, ficar longe de você parece ser o melhor que posso fazer. Eu não te amo agora e não sei se poderei fazer isso um outro dia. Eu não tenho nada meu e estou abrindo mão das suas prioridades. Suas ordens não valem mais, eu estou embaralhada agora. 


"eu sei, é um doce te amar o amargo é querer-te pra mim. Do que eu preciso é lembrar, me ver antes de te ter e de ser teu 
O que eu fazia, o que eu queria, o que mais, que alguma coisa a gente tem que amar, mas o quê? não sei mais! 
Os dias que eu me vejo só são dias que eu me encontro mais e mesmo assim eu sei tão bem: existe alguém pra me libertar!" 
Condicional (Rodrigo Amarante)
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Sexta-feira, Setembro 01, 2006


Parece que vou assinar a coluna de um site aí... Vamos ver... 


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sexta-feira, 25 de agosto de 2006

2006

Quinta-feira, Agosto 17, 2006


Me perdi, um pouco.
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Segunda-feira, Agosto 14, 2006


Eu não sei mentir direito, não. Eu tenho andado tão calado, como diz a música. Como diz a música, eu só penso em você. 
Eu escrevo e te conto o que eu fiz e mostro de lá pra você. Eu preciso andar um caminho só. Eu já nem sei quem sou, tão dedicado a ti, um cobertor no frio. Perigo é eu me esconder em você. Eu perco as chaves de casa, eu perco o freio. Como diz a música, estou em milhares de cacos, eu estou ao meio. Eu quero ver gol. 
Eu não sou da sua rua, eu não sou o seu vizinho. Eu moro muito longe, sozinho. Eu sem você, não tenho por que. Eu vou ficar, ficar com certeza. Maluco beleza, como diz a música. Eu, oceano. 
Lá vou eu, como dizem.
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Domingo, Agosto 06, 2006


Possibilidade do dia: re-apaixonar-se.

terça-feira, 25 de julho de 2006

2006

Terça-feira, Julho 25, 2006


Deleitei 17 pessoas do meu orkut. 
Me sinto outra agora.
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Segunda-feira, Julho 10, 2006


"embargado" 


Acepções 
■ adjetivo e substantivo masculino 
1 que apresenta embargo ou impedimento; embaraçado 
2 Rubrica: termo jurídico. 
que ou o que sofreu embargo 
Ex.: sentença e. 
impedido de se manifestar; contido, reprimido 
Ex.: voz e. 


Etimologia 
part. de embargar; ver 1bar- 

Antônimos 
desembargado
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Quinta-feira, Julho 06, 2006


Sabe o quê? 

Abre essa porta 
Que direito você tem 
De me privar 
Desse castelo que eu construí 
Pra te guardar de todo mal 
Desse universo que eu desenhei pra nós 
Pra nós 

Cala essa boca 
Que isso é coisa pouca 
Perto do que passei 
Eu que lavei os teus lençóis 
Sujos de tantas outras paixões 
Que ignorei as outras muitas muitas 

Do lado de dentro - Los Hermanos (trechos)
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Quarta-feira, Julho 05, 2006


Hoje não. Hoje estou um pouquinho cansada, um pouquinho de saco cheio, um pouquinho sem paciência. Quer saber, passa amanhã. Hoje me deixa aqui, porque não faz mesmo diferença se eu estou ou não sentindo alguma coisa, não é? Então faz apenas o favor de sumir por hoje. Será que você consegue? Ou será que a culpa será minha mais uma vez por querer, apenas, não te ver. Ou não te ter, como sempre nossos celulares insistem em dizer. Vai, vai embora, não liga, não aparece e vê se sofre um pouco. Porque hoje estou sem paciência, estou com dores na garganta, com o saco cheio, com vontade de gritar com você. Eu fui clara? Hoje não. Hoje eu não quero amar você, não quero lembrar de você. Hoje, eu não. 
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domingo, 25 de junho de 2006

2006

Sábado, Junho 24, 2006


Ela saiu de casa e decidiu não voltar mais. Não tinha saído com as roupas, os livros, a escova de dentes porque achou que mais uma vez seria perda de tempo, ia arrumar tudo, jurar que nunca mais voltaria para aquele lugar e não passaria da esquina de casa. Hoje ela foi bem mais realista e só pegou a carteira, o celular e o Halls. Decidiu ir ao cinema, ao parque, às compras, à casa vazia da avó, ao restaurante de comida italiana, dormir na casa de passagem, passear nas ruas vazias de domingo e quando viu estava bastante distante para não precisar voltar. 
Hoje ela viu que não voltaria mais, mesmo sabendo que sentiria falta do cachorro, do perfume que ganhou do tio quando viajou pra Paris. Seu telefone não tocou e em três dias ele ficou sem bateria. Sua última conexão com aquela vida estava desfeita e ela, no fundo, também. Não estava fortalecida mais do que imaginou que estaria, não tinha forças extras pra prestar ao mundo a atenção necessária. Se não tivesse uma farta conta no banco, talvez algo a fizesse voltar atrás, talvez se o telefone tivesse tocado ou alguém tivesse trombado na rua, sem querer, convidasse para um café e falasse coisas enviadas pelos deuses. Talvez se ele aparecesse em um programa de tevê pedindo desculpas. Talvez se ele entendesse sua imperfeição. Mas as esperanças não vinham e os dias passavam rápido sem que nada fosse feito. Algo muito maior do que era possível de se pensar. Um não-acontecer inesperado, um descaso da vida, a realidade injusta. Nada aconteceu depois da saída, nem uma nota no jornal da tarde, nem um pensamento captado pelo inconsciente. 
A realidade. Aquela que aparece para alguns e mostra que não é possível ser feliz, ser completo, ser humano, ser celestial. A realidade. Aquela que é temida, ignorada e imprevisível. Os dias passaram como passou o dia de hoje. Os dias não ligaram para ela e não permitiram que ela sofresse mais nem que sofresse menos. Os dias passaram sem olhar pra ela, ignorando a sua existência como faz com todos aqueles que o reconhecessem. A realidade chegou. 

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Terça-feira, Junho 06, 2006


Chegamos ao fim, não é? Ao inevitável fim. O fim anunciado, que começou há semanas e que eu temei em não vê-lo. Enfim, chegamos aqui. Enfim chegamos onde sempre soubemos que chegaríamos. E nos vemos sem mais ardor, deitamos juntos sem maiores comentários, analisamos a nossa vida pelo o que ela será adiante. Não importa o tempo passado. Pensamos nas coisas práticas e a separação não é prática. O que é o amor, não é? Uma acomodação premeditada, irrealidade sabida. 
Eu chorei porque sei que a tua lembrança vai me doer, porque vou querer falar com você e o telefone estará ocupado. Vou chorar porque cada passo a caminho do retorno a mim mesma já é conhecido, cada música que vai tocar e cada filme que vou ver. E vou voltar a escrever, encontrar os amigos e dormir cedo aos domingos. 
Chegamos mesmo ao fim, não é? Eu já esperava por isso e ainda assim estou surpresa, apesar de você nunca ter sido bom em surpreender. Eu sabia que eu acabaria daquele mesmo jeito, e foi por isso que quis respeitar sua memória desde sempre. Nunca entendi como aquilo terminou e acreditei no teu desinteresse repentino. E mais uma vez a história se repetiu. Pra mim, pra você. Eu busquei você para dessa vez errar diferente, fiz muito para te manter perto e telefonei quando quis te falar. Fui à sua casa, ao seu trabalho. Quis prolongar o nosso tempo, mas chegamos mesmo ao fim, não é? 

sábado, 25 de março de 2006

2006

Quinta-feira, Março 30, 2006


Alguns dos textos que escrevi para o Descubra Curitiba durante o festival... acho que está em ordem cronológica, da primeira quinta até terça-feira, se não me engano. Posso pôr mais depois, se tiver tempo e boa vontade (já que ninguém entra nesse blog mesmo)... 


Um Pouco na Rua, Um Pouco no Palco - (Hygiene) 
Engajamento e entretenimento, interatividade e liberdade. Brancos e amarelos. Hygiene é tão cheia de surpresas e de diversidade que chega a carregar seu público para um longo passeio a céu aberto pelas calçadas do Largo da Ordem, antes mesmos que eles entreguem seu bilhete de entrada e acomodem-se na arquibancada da Casa Vermelha. 
Durante todos os dias do festival, às 16h30, sairão de dentro da Igreja do Rosário (na ¿Praça do Cavalo¿) seis versáteis paulistas que irão caminhar, cantar, conquistar e envolver a todos. Não há como ser diferente: em sessenta minutos de apresentação de rua, os atores se dividem em muitos personagens, ocupam antigas casas do Largo, correm de bicicleta, guiam uma procissão e deixam curiosos aqueles que estavam apenas de passagem e resolveram prestar atenção na multidão.
Mas, se há comédia e leveza nas ruas, o público que entrou na Casa Vermelha pode dizer que também há fado nessa festa. Sim, há fado. Tudo muito mais denso do que o samba e os tambores que antes ecoaram nas ruas. Sim, há fardo também. É o peso quem traz a reflexão. 
Dessa forma oscilante entre risos e lágrimas, Hygiene apresenta os muitos sofrimentos e as pequenas esperanças de moradores de cortiços do Brasil de 1899, o ano em que mais de 600 pessoas foram desabrigadas e mortas para dar espaço à limpeza e higienização, clareando, assim, o país do amarelo podre da doença dos pobres. 
Àqueles que aceitarem o convite gentil do Grupo XIX de Teatro, sigam a pequena ¿Santa¿ Amarela e aproximem-se, cheguem bem perto uns dos outros e aproveitem. Estar junto é a única forma de transformar. 


Mirandolina: na medida 
Assistir a uma estréia no teatro sempre nos enche de benevolência. Acontecem desencontros entre o palco e a coxia, entre o palco e os atores, entre os atores e os atores e há até os desencontros entre atores com eles mesmos. Por isso é a benevolência que nos permite chegar satisfeitos ao fim do espetáculo, aplaudindo sinceramente. 
No único espetáculo curitibano selecionado para a Mostra Oficial do FTC - em cartaz no Guairinha hoje, às 21h - a primorosa direção de Roberto Innocente e a comicidade das cenas nos faz esquecer de alguns pequenos deslizes (tropeções no texto, dificuldade de dicção) ocorridos durante a estréia de Mirandolina. 
Mirandolina é uma moça solteira do século XVIII que tem como arte maior fazer com que todos os homens que a conheçam fiquem apaixonados por ela. Ela, por sua vez, não quer saber de se casar, diverte-se às custas de seus quatro enamorados e assemelha-se mais a uma jovem feminista do século XX do que a qualquer italiana do seu tempo. Porém, o texto clássico e inovador de Carlos Goldoni não faz uma apologia ao feminismo, antes, fala do orgulho, rei eterno e onipotente de tantos relacionamentos espalhados pelo mundo. Uma originalidade para os padrões teatrais da Itália de 300 anos atrás. 
No fim, a peça acerta na medida, mas não arranca adjetivos maiores. Uma boa opção para quem gosta de comédias descomprometidas e ainda assim bem executadas. Destaque para o belo e cuidadoso figurino (em detrimento do simplório cenário), o texto fluido e sonoro e a competente apresentação dos atores, desde o reconhecido Mauro Zanatta ao jovem Fábio Lins. 


Fique com o filme, fique com o livro - (Canto dos Malditos) 
Não. Não é Bicho de Sete Cabeças para o palco. A versão teatral para Canto dos Malditos, livro homônimo do também diretor Austragésimo Carrano, é muito mais fraca em seu objetivo-sina de catequizar o público. 
Dentro de um manicômio qualquer, o espírito de Charcot e Freud baixam sobre dois pacientes que passam os dias a psicoanalisar outros pacientes, que, por sua vez, sentem-se aptos a analisar outros pacientes. Todos estão aptos a rotular. 
Entre o tom quase cômico que algumas vezes arranca risadas da platéia, ao tom panfletário e falso-dramático dos quinze minutos finais, ouvimos a voz de algum anormal dizer: ¿Freud esqueceu de rotular o preconceito como uma doença mental¿ ou ¿a loucura é relativa, parem de me rotular¿ ou ainda frases sofridas que diziam ¿ até quando?¿, ¿alguém pode?¿, ¿por quê?¿. 
A vontade que o pregador Carrano tem de que todos entrem na sua luta contra a moderna psiquiatria, que há anos encarcera pacientes em hospícios desumanos, não conquista nenhum fiel e ainda faz sofrer uma companhia dedicada e cheia de boas intenções. 
Há 500 anos, os jesuítas já sabiam que a melhor forma de arrebanhar não era com palestras ou sermões, mas com parábolas, com histórias e com teatro. Canto dos Malditos, a peça, não passa de um epílogo que explica a moral da história que todos já tinham aprendido em Bicho de Sete Cabeças, e era o bastante. 


Capricho, cuidado e risadas, muitas risadas - (Circo Itinerante) 
O espetáculo de rua é sempre democrático. O bom espetáculo de rua sempre consegue reunir. A beleza paralela à cena está em assistir às feições inusitadas das pessoas que acabaram de sair do trabalho e foram surpreendidas pela alegria presente no meio da praça. Elas param também e em minutos já são parte de tudo aquilo. Esqueceram-se que tinham um lugar para ir, um problema para resolver ou uma cerveja para tomar. 
Ao meu lado, uma franzina menininha. Ela deixou a mãe que não quis se sentar mais a frente, mas voltava os olhos constantemente para verificar se aquela satisfação também havia atingido sua mãe. 
Em poucos momentos somos um. Temos todos a mesma idade e rimos todos das mesmas piadas, aplaudimos os mesmos malabares e os malabarismos, as mesmas acrobacias e acrobatas. 
Equilíbrioé assim na platéia. No palco, o palhaço Fofó da Fofoficina precisa mostrar para Vida, uma das filhas do Senhor Universo, que ela vale a pena. A beleza do mundo, então, é mostrada para ela e de uma boneca carrancuda, vemos brotar uma criança sorridente. Talvez exatamente como muitos de nós. 
Os seis atores em cena, além de suas versáteis habilidades e da aprovação do público, contam também com o apoio constante do diretor e operador de som Andrei Moschetto. Mesmo num cantinho afastado, é o sorriso empolgante e o olhar atento que nós encontramos e conseguimos desvendar qual é o veredito do pai. E ele está sempre lá, presente como o Senhor Universo, impulsionando seus filhos durante o espetáculo, sacudindo a cabeça positivamente e concedendo sua benção, orgulhoso. 
Para os que são fãs de teatro de rua, é inevitável a comparação de Fofó com João Grandão, o palhaço paulistano de Marcio Ballas, que há anos vem ao Festival de Teatro de Curitiba com o popular Planeta Clown. Desmérito algum para Fofó. Uma boa matriz para uma cópia legítima. 
Quanto ao resto da trupe, de longe, podem lembrar os simpáticos palhaços do Cirque du Soleil: são malabaristas, acrobatas e comediantes sem o glamour da companhia canadense, mas falando a mesma língua estranha e sem tradução que todos entendem. Entendem, sorriem e aplaudem. Aplaudem muito 


Encontro insólito em Ponto de Fuga 
¿Duas garrafas de uísque, um pacote de cigarros, uma bandeja de canapés. Duas garrafas de uísque, um pacote de cigarros, uma bandeja de canapés. Duas garrafas de uísque, um pacote de cigarros, uma bandeja de canapés.¿ É com esse lembrete mental repetido em voz alta inúmeros vezes que ele consegue incomodá-la e começar um dialogo sempre incompleto e sempre dúbio. E é com essas brincadeiras pronominais que o texto de Ponto de Fuga se estrutura. 
Duas pessoas que estão em algum lugar estranho e conversam ou esperam para conversar porque ali é o lugar mais perto para os dois. Aos poucos, elas descobrem que podem se desligar das ausências e conhecer um ou outro. 
É preciso paciência para assistir a Ponto de Fuga. Nenhuma ação e um diálogo que retorna sempre ao ponto inicial para poder dar um passo adiante podem cansar o espectador desprevenido e não agradar o mais imaturo. 


O inesperado não acontece em Hércules 
Quem leu o resumo de Hércules no guia do FTC, confiou nele e comprou um ingresso para a peça, não se decepcionará. Também não irá se surpreender. Bonecos gigantes, andaimes, caminhão, fogos de artifício e chuva de papel. Tudo em tamanho extra grande para embasbacar os amantes do circo antigo. Aos amantes da literatura e da mitologia grega sobram releituras banais sobre os doze trabalhos do filho de Zeus num contexto ¿Brasil-na-Era-Lula-Bush-desemprego-e-miséria¿. 
As dimensões anunciadas no guia e pouco vistas em outros espetáculos são o grande trunfo de Hércules. É tudo imenso, tudo ¿ão¿. Há belos momentos em que os mais de 25 atores em cena, com coreografias e encenações, fazem o pobre semi-deus penar. Há os problemas com os sons (que atrapalham o entendimento das falas microfonadas), com as comparações baratas, com a falta de carisma. Apesar de querer fazer crer que todos nós homens mortais ¿ por realizarmos mais que doze trabalhos por dia todos os dias ¿ somos também heróis, Hércules não cativa, não empolga, não prende a atenção. 
A plasticidade da Pia Fraus impressiona em alguns momentos e a comicidade dos Parlapatões só arranca gargalhadas quando eles deixam os seus mitológicos personagens para cair em uma improvisada conversa de amigos. 
Decepção para alguns, beleza para outros e inércia para vários. 


Silêncio e satisfação em Oito 
Silêncio. O público entra e eles já estão lá em silêncio. A peça começa e minutos se passam até que algum som seja ouvido. A platéia permanece imóvel. Logo, presenciamos uma série de corridas e interrupções e falas e silêncios e exitações e continuidades. Eles são Oito, oito atores que vieram da USP para falar da pressa que o mundo tem, do silêncio e do barulho que ele faz, das manias de cada um. 
Oito é aquele tipo de encenação sensível, que surge de um processo de criação coletiva e que comunica sem precisar falar muito. Os fragmentos de pensamento se transformam em pequenas cenas que tratam do inesperado e de situações que até parecem incomuns mas que tem aquela ponta de realidade como em um filme de David Lynch. 
Domínio do corpo, das ações, da técnica teatral. Espaço cênico vazio de adereços ou cenários. Uma luz que preenche o espaço e determina o sentimento de cada instante. No final, um arrepio corre o público quando um dos atores nos convida a cruzar a fronteira e ir até o palco para fazer qualquer coisa. Fazer qualquer coisa e experimentar a passagem de um tempo diferente que só existe nos palcos. Ninguém decide ir e todos nós perdemos a oportunidade de romper nossos limites e experimentar o que aqueles oito estavam vivendo há cinqüenta minutos. Ficamos apenas com a sensação do silêncio, da delicadeza e da satisfação. O bastante para deixar o teatro sinceramente admirados. 


Otelo da Mangueira: surpreedente 
¿Mangueira teu cenário é uma beleza que a natureza criou¿, ¿soberba, garbosa, minha escola é um cata-vento a girar. É verde, é rosa, oh abre alas para a Mangueira passar¿, ¿alvorada lá no morro que beleza...¿ Muitas músicas para um só amor: a Mangueira. O que é só uma escola de samba para muitos curitibanos e outros não-cariocas, é uma paixão, um estilo de vida, um ideal de comunidade, uma bandeira, um estandarte para muitos amantes do samba tradicional e da cultura do morro da Mangueira. Esse amor dedicado à escola de samba é o tema de Otelo da Mangueira. A inveja, a intriga, o ciúmes, a desconfiança, a paixão e a morte também. 
Otelo da Mangueira é um espetáculo no sentido mais puro da palavra. Um cenário simples e belo, bons atores, bons cantores, bons músicos, figurinos muito bem trabalhados e belos, belas músicas, belos textos, bela encanação. São quase duas horas de encher os olhos e os ouvidos. O cuidado com a adaptação da obra de William Shakespeare para um Rio de Janeiro de 60 anos atrás é digna dos vários minutos de aplausos arrancados da platéia no final da peça. Dá tão certo, que vemos um Dirceu mais maldoso, mais astuto e mais sarcástico que o próprio Iago. É um malandro carioca da pior estirpe, sem escrúpulos e que quer acabar com Otelo para poder ser o ¿cidadão-samba¿ do carnaval, quer que o seu samba vá para a avenida, quer acabar com a felicidade de Lucíola (Desdêmona) e com o talento do jovem Candinho. 
A trama mantém a estrutura do original e em nada fica para trás. Como bônus, há o acréscimo dos momentos cômicos especialmente criados para as personagens cariocas, para quem tudo é motivo para um bom samba, uma boa dança, uma boa briga. As músicas que permeiam a encenação são fruto da pesquisa de Gustavo Gasparani sobre os compositores mangueirenses, e são elas que ajudam a narrar momentos como a sensação de morte, misto de saudade e paixão por Otelo, que Lucíola tem e que expressa com a comovente ¿As Rosas Não Falam¿, do compositor Nelson Cavaquinho. 
Simplesmente belo e atual. Só é uma pena que tão poucas pessoas tenham comparecido ao Guairão na estréia. Aos curiosos e aos interessados, para assistir Otelo da Mangueira em Curitiba só mais hoje e amanhã, às 20h30. 


Muito bom, muito inteligente e muito barato - (O Homem que Era uma Fábrica) 
Comédia da melhor qualidade. Críticas sarcásticas. Peça vibrante e incansável. E a satisfação de presenciar tudo isso em um domingo de manhã. 
O homem que era uma fábrica é Bonifácio da Silva. Ele está desempregado e resolve ir para os Estados Unidos. No consulado, após entregar os exames de saúde, um médico descobre que Mister da Silva tem o melhor e mais puro produto fecal que um brasileiro já produziu. Bonifácio, então, vira o ¿homem do cocô da televisão¿. Todos o admiram por ser um exemplo para a nação. 
A fábrica é ele mesmo. Sem dinheiro para nada, Da Silva e seu amigo começam a vender o excremento para os candidatos a entrar nos EUA. Tudo vai bem até que o consulado descobre que tudo o que está nos laboratórios ¿é a mesma m.¿. 
Descrevendo assim, pode parecer escatológico. Mas, não, não é. Nada de ofensas, nada de mau gosto, o texto de Augusto Boal é muito inteligente e atual quando critica o Brasil e os brasileiros, a América e os americanos e o sonho latino de enriquecer a qualquer custo. As inserções de temas retirados do jornal de hoje ¿ técnica que Augusto Boal chamava de teatro-jornal ¿ faz com que a peça esteja fresca a cada dia. A montagem da companhia paulista Arthur-Arnaldo é brilhante, moderna e ritmada. Enfim uma peça que critica com humor e inteligência, em um cenário enxuto e funcional, com atores perfeitos para uma encenação de alto-risco que não deixa nada a desejar. 
O Homem que Era uma Fábrica fez apenas duas apresentações no Solar do Barão. Os ingressos para estudantes custavam só R$3,00 e o prazer de assistir a um ¿achado¿ como esse dificilmente poderia ser comprado. 


Sem surpresas em Metamorphosis 
Indicado a seis prêmios Gralha Azul, que esse ano será entregue durante o Festival de Teatro, Metamorphosis é uma adaptação do texto clássico de Franz Kafka, em que um caixeiro-viajante, Gregor Samsa, acorda metamorfoseado em um inseto repugnante. 
O que se vê de especial nessa montagem do diretor Edson Bueno é a interpretação quase silenciosa do ator Elder Gattely, no papel de Gregor, que sem qualquer artifício externo, transforma seu corpo humano em um corpo de inseto no qual vemos várias patas, olhos arregalados, andar turvo e a sensação de desconforto. 
A diferença no conteúdo do livro para o conteúdo da peça está no viés clownesco que pai, mãe e inseto adquirem em Metamorphosis e na rigidez acentuada com que todos tratam Gregor desde o primeiro instante. Dois personagens narradores se tornam os hóspedes dos Samsa e o chefe de Gregor. A casa é protegida por telas e arame farpado e se transforma na fortaleza em que a família se escondeu depois da transformação do filho mais velho. 
É bom para quem conhece o texto, bom para quem quer conhecer e bom para ver uma boa peça local, que surpreende pouco e não desagrada. 


A memória é uma ilha de edição - (Capitu ¿ Memória Editada) 
O desafio de Capitu ¿ Memória Editada é apresentar um texto conhecido por todos, que quase chega a ser um mito sobre o ciúmes, a partir de diversos pontos de vista possíveis da história. Então, o que logo entendemos é que a peça irá nos mostrar algumas lembranças e pensamentos de Capitu, pensamentos de Dona Gloria, pensamentos de Bentinho novo e de Bentinho mais velho. Pensamentos que se cortam, falas que quebram a lógica convencional. 
A peça acredita que ¿a memória é uma ilha de edição¿, como disse Glauber Rocha e Wally Salomão eternizou em uma música dO Rappa, e que por isso o que está escrito em Dom Casmurro é apenas uma das lembranças sobre o que realmente aconteceu com um dos casais mais conhecidos de Machado de Assis. Essa lembrança, pra piorar, é ainda de uma pessoa que conta uma história muitos anos depois, e que está cheia de rancores, de esquecimentos, de parcialidades. Por isso, em Capitu, outros personagens também têm sua vez de contar um pouco de seus pensamentos e memórias. 
Assim como no original machadiano, aqui nada é resolvido ou clareado. As dúvidas continuam e aumentam, mas outras questões também são suscitadas e os mistérios da memória são discutidos de uma forma descontraída e inteligente. 
Indicado para o Gralha Azul de melhor espetáculo, ator, ator coadjuvante, direção e melhor texto. Destaque ainda para a iluminação pontual e marcante, para o cenário que ganha quadros novos no decorrer da história, para a agilidade da encenação e para as quebras que dividem o texto em capítulos, que são nomeados como em Dom Casmurro. 


Três monólogos em uma peça - (Rastro de Luz) 
Uma das últimas falas de Frank Constantin, em Rastro de Luz ¿ Molly Sweeney é sobre o dia em que ele e seu amigo Dick foram a um lugar escondido para pescar e lá encontraram uma toca de texugos. Cavaram, cavaram, cavaram e retiraram o casal de texugos de lá. Depois, fizeram força para levá-los ao topo de um morro onde tinha uma toca, segundo Frank e Dick, muito melhor para eles viverem. Quando estavam no topo, os texugos, que tem pouca visão, arrebentaram as amarras e voltaram em desespero para a antiga toca que ficava perto da água e onde eles poderiam viver longe de outros olhares. 
Molly Sweeney é um desses texugos cegos. Convencida pelo marido, interessado pelas bizarrices do mundo, a realizar uma cirurgia que poderia fazê-la voltar a enxergar, Molly vai ao encontro do Dr. Peter Rice, um médico que vê no sucesso da operação a possibilidade de conseguir fama e reconhecimento. 
Contada em forma de depoimentos, a peça é valiosa graças ao texto do irlandês Brian Friel, que tenta esmiuçar o ponto de vista de cada um dos personagens sobre um mesmo momento da vida deles. Assim, a partir do que cada um deles contam, é que vemos revelada a personalidade ferida do Dr. Rice, a forteleza destruída em que Molly se transforma, e a fonte de conhecimento inútil que Frank é. 
Em determinado momento, Rastro de Luz proporciona ao público uma experiência interessante ao fazer com que todos nós voltemos a enxergar. Interessante também é a interpretação de Julia Lemmertz, que tem um ponto dramático ideal para a representação dessa mulher segura, que não precisava enxergar, mas que faz isso para suprir a expectativa das pessoas a sua volta. Interessante a construção de três monólogos em uma única peça, apesar de, em certo ponto, isso nos fazer questionar sobre a fé da companhia no teatro e nas possibilidades que ele dá (pensamento que não é original meu, mas que também me fez pensar). 
Um pouco longa, um tanto prolixa, Rastro de Luz é valiosa por nos questionar sobre a validade das ¿boas ações¿, ela nos leva a pensar sobre se realmente todos temos as mesmas necessidades, se querer que o outro tenha tudo que nós temos é algo bom, importante, altruísta. A resposta que encontramos em Molly Sweety é não: o texugos cego arranca as amarras e retorna desesperado para sua toca escura e molhada e lá vive feliz, ao seu jeito.
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Segunda-feira, Março 27, 2006


25 de março de 2006, Wonka. 
"Cara, esse é o melhor aniversário da minha vida!" 

 

- para a Comentadora Maluca e aqueles amigos malucos também que passaram lá!
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Sexta-feira, Março 24, 2006


Estou sofrendo de um mal, silenciosamente. Estou mais sozinha do que nunca na vida e não consigo pedir pra ninguém falar comigo. Meu Deus, estou com dó de mim mesma. Entre ser eu mesma e ser eu com mais alguém, algo se perdeu. Não consigo me imaginar como há um ano ou dois e tenho medo de ter o mesmo fim dela. Meu mal é desejar desesperadamente. Meu mal é ter certeza que alguma semente de desafeto cresceu em duas semanas. Eu não quero ouvir a verdade se ela não for boa, mas não posso mais viver desse jeitinho sofrido. Tenho vontade de ser extremamente especial. Meu Deus, como estou sozinha agora. Meu Deus, como eu queria mudar a minha vida. É meu aniversário e uma tristeza gigante se alojou aqui. Idealizações nunca me levaram a lugar algum. Antes melhor se choramingar aqui me tornassem uma grande mulher... inferno astral sem fim! 
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Segunda-feira, Março 20, 2006


Ok, então, não tenho escrito mais com muita frequencia, mas tenho uma notícia: 
www.descubracuritiba.com.br 
Festival de teatro está aí e o povo desse site resolveu me deixar escrever coisas que eu penso lá. Massa! 
entrem no site pra ter informações sobre o festival e encontrar alguns textos meus... he! que orgulho! 
olha: 

 

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Domingo, Março 12, 2006


aquilo que há tanto não me contagiava, voltou. é domingo. é domingo a noite. o antigo e conhecido de todos nós: o nó. o nó e seu amigo medo. o senhor medo é tão quieto. tão opaco. ele chega e não fala nada. deixa seu amigo nó começar a enrolar-se por entre a tripas, as veias, os nervos. ah, os nervos. esses já chegaram à pele, à flor dela. e a ansiedade pela segunda. fazia tempo que eu me sentia livre dela. manter-me ocupada até as onze da noite aliviava todos esses pequenos demônios e me permitia chegar e dormir. agora choro. temo o senhor há de vir. e a senhora noite. temo. temo estar só. quando? me pergunto, quando vou ter alguém mais que o cão ao meu lado? quero a companhia difícil. quero a alegria difícil. quero a realidade difícil. porque eu temo todas as coisas reais. porque eu temo meus próximos momentos. temo perder o pouco que tenho. e temo ter mais. preciso parar de fazer listas e escrever algo para você se divertir. afinal, eu sou uma piada.
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Sexta-feira, Março 10, 2006


 
III PUTZ - festival universitário de cinema e vídeo de Curitiba 
www.putz.ufpr.br --------- link -------------------> 
entrem, conheçam, divulguem e participem! 

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Quinta-feira, Março 02, 2006


Pessoas normais são agridoces, são inconstantes. Desinteressantemente inconstantes. De um inconstante preterido, deferido, conhecido. Inconstantemente previsíveis. Pessoas normais suam, fedem. Pessoas normais desejam não desejar, desejam passar incólume, desejam anonimato e autonomia. Pessoas normais não sabem lidar com a normalidade, mas tem soluções extraordinárias para situações extraordinárias. Elas são chatas, enfadonhas, fáceis, macias. São mamão com açúcar, são meio moles meio duras. Pessoas normais começam a fazer algo e não chegam ao fim. Ou não têm força ou não tem vontade ou desistem mesmo. Pessoas normais choram sem razão, reclamam sem razão, desejam sem razão, amam sem razão. Pessoas normais não são isso só. Pessoas normais são insípidas, incolores, inodoras. Desinteressantemente inconstantes.

sábado, 25 de fevereiro de 2006

2006

Quinta-feira, Fevereiro 23, 2006



"She dreams in color, she dreams in red 
Can´t find a better man 
Can´t find a better man" 
(better man - pearl jam) 

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Quarta-feira, Fevereiro 15, 2006


Eu não sei porquê ela deixou que teus olhos a regassem. Não sei porque nem porquê ela trancou-se em você e permitiu uma dependência. Autorizou sua entrada exclusiva e dispensou os empregados. Dispensou os amigos, os amantes e todos os outros olhos. Não sei porque acreditou ser você o escolhido. Onde estão as suas palavras de amor, seus presentes escondidos na bolsa, as suas confissões destinadas a ela? Ela não precisa se sentir sozinha. Ela não precisa de você mais. Eu acho. Não precisa mais do que isso. Ela se engana. Está dependente, no escuro, incomunicável e irreconhecível. Eu a perdi em um jardim secreto. Minha pequena! Não só minha, não tão minha. Ela: "Meu pequeno... não só meu mais, não mais meu..." Ela se perdeu como tudo o que ama. Ela: tão fraca, tão dúbia, tão só. 
***** 
Não desanime, isso vai acabar.
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Terça-feira, Fevereiro 07, 2006


Há alguma coisa de errado em voltar para casa e se sentir fora dela. Há alguma coisa estranha em não pertencer mais. É errado mentir tanto e encontrar a felicidade graças à mentira. Existe ressentimento nas duas vidas, existe peso pelas novas escolhas. Há alguma coisa de errado com o passado, há sonhos errados, há grandes esperanças. 
Eu não sou mais aquela. Eu quebro as regras, eu transgrido minha moral (que moral?), eu choro, eu ando, eu desejo, eu não penso. Eu quero sair daqui, quero não precisar voltar mais, quero me livrar de um fardo, levantar a cabeça, não temer as múltiplas escolhas, ser um pouco mais eu. (Eu?) Quando eu descobrir quem eu sou. O que eu quero, o que eu não quero, o que eu nunca vou saber. Ser um pouco mais eu só então. Porque hoje eu só não queria ter voltado, não queria ter amado, não queria ter deixado, não queria ter dito, nem ter não dito, não queria estar amarrada, enjoada. Queria estar feliz de ter você e estar longe. Quantas pessoas te tem! E eu fico querendo mais. Exijo cumplicidade, exclusividade, tempo. Eu sei tão pouco sobre mim e quero deixar esse tanto pra lá. Entro na cama e aperto os olhos desejando voltar, desejando uma chance de começar de novo, começar de novo, começar de novo. Abro os olhos e está tudo igual. Tudo andando, como sempre, tudo rodando, como sempre. Há alguma coisa de errado comigo e com esses três quilos de cérebro que eu comprei num brexó da Treze de Maio. 
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quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

2006

Quarta-feira, Janeiro 25, 2006


Queria tanto conseguir voltar a escrever. Queria calar a boca, ganhar um carro, desobedecer as regras, entrar num crazy dance. Queria encontrar as pessoas certas, conhecer as pessoas boas. Queria falar menos e falar mais. Queria comprar uma saia jeans acima do joelho. Queria escrever coisas sobre mim, sobre os outros, sobre quem ainda não existe. Eu queria ser a pessoa certa, a que não decepciona, que não machuca, que não arranha, que não esquece, que não some. Queria que minha cabeça não doesse tanto, não coçasse tanto, não fransisse tanto. Queria digitar mais rápido. Queria ter um pouco mais de coragem, um pouco mais de peito, um pouco mais de brio, um pouco mais de ânimo, um pouco mais de centímetros. Queria escrever mais. Queria escrever melhor. Queria querer menos. 
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Sábado, Janeiro 07, 2006


Eu me sinto culpada e não me movo. Eu prometo a você e a mim mesma que vou mudar. Olho pra trás e enxergo a mesma pessoa. Sinto falta de coisas que já se foram e não posso confessá-las. Eu sinto raiva, dor de cabeça, solidão, apatia, sono. E não posso mais escrever. Eu não sei mais. Você dormia do meu lado enquanto Papai Noel estava batendo na janela. Que proposta é essa?, eu penso. Por que você quer desistir? Eu não sei mais. Ontem eu sabia. Ontem nós sabíamos o quanto eu queria estar com você. Eu tenho saudades de uma vida ainda não vivida. Quero desligar a tua televisão e ouvir sonhos vizinhos. Não posso mais te escrever. Você tem o dom de me fazer pequena e pessoas pequenas não escrevem cartas de amor. Pessoas pequenas não amam. Pessoas pequenas esperam deitadas a vida chegar. 
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