terça-feira, 25 de dezembro de 2007

2007

Quinta-feira, Dezembro 20, 2007


Se não for agora, não será. As coisas mudaram, a estabilidade acabou e tudo será novo. Escrevo apenas para não desistir, para acreditar, para prometer e afinar. Não há inspiração, motivação ou desejo. Mas, há agora futuro.
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Segunda-feira, Novembro 19, 2007


Um corpo inutilizado. A busca pelo belo não faz as pernas se mexerem mais. Eu não me importo se você não se importar, te digo. No fundo, eu desejo que tudo volte. Desejo aquele primeiro beijo desajeitado dentro do carro, a primeira meia noite dormida em cima da barriga nua. Hoje somos dois corpos perdidos, uma afinidade descartável já que não sabemos mais nos divertir. Hoje sou eu sua, você sendo meu e dois criados solitários. Perdidos na noite fria de todos os dias e com horário marcado para um chá. Dois corpos inutilizados. Dois corpos feios, velhos, sujos, gastos, cansados e sozinhos, mesmo unidos. Hoje meu coração aperta por dois segundos, meu sonho sai dos teus braços e volta para o primeiro amor dos quinze anos. Desejo aquele menino como uma garota que não sabe o que é desejar. Imagino um dia novo com ele e o novo parece possível. A busca acabou, te digo. Vou parar aqui e descansar um pouco. Ainda há alguns dias para nós, dias menos nublados e mais curtos.
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Domingo, Setembro 30, 2007


O domingo amanheceu triste como poucos. Longo, inchado. Desde muito tempo não lembrava o que era estar só. Por mais esperado que fosse, fugia do óbvio, agarrava-se ao pouco que ainda tinha e ia levando a semana. Agora não, agora tudo foi dito, tudo foi posto à luz e nem uma parte do seu corpo deixa de doer. Doer de solidão, doer de medo. Ainda existe amor e ele não salva, desespera. Nem uma gota de ódio para aplacar a melancolia de mais um domingo estupidamente cinzento. Não há para onde ir e a idéia da morte ganha espaço. Achava que a solidão era capaz de ocupar o espaço de um corpo, de uma casa, no máximo. Mas não há lugar do mundo que não reflita a falta que ele faz, não há para onde ir. Não há mais fuga. Sentada no quarto, planejando os próximos passos, a luz apaga, o corpo esfria e ninguém sabe que ela se vai. 


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Terça-feira, Setembro 18, 2007


Novamente, o fim. 

Um pouco antes de morrer (eles sabiam que aconteceria inevitavelmente), ele implorou para que a cerimônia fúnebre fosse rápida, sem músicas nem fotos, apenas o necessário para satisfazer familiares e curiosos. Queria ser cremado. E queria, ao lado do seu corpo no caixão, que algumas coisas fossem queimadas com ele. Seu "corpo" - era assim que ele sempre se referia a ele mesmo depois da morte. Era possível que tivesse clareza que, depois do fim, aquela carne só seria a representação do que ele "foi", só seria um corpo, e não mais todo ele. Toda aquela junção de sonhos, esperanças, raivas, protestos, lembranças e feitos não seria mais ele. "Ele" iria continuar, malfeito, inacabado, fora de si, sem pouso, mas ia continuar. Na cama do quarto deles, onde seu corpo permaneceu por instantes depois do fim, ela relutava em satisfazer o desejo dele. Nunca acreditou que a morte chegaria perto dela. A cama deles, os corpos deles, os desejos deles. Ela desejava acreditar que ele ainda estava presente apesar do frio no corpo, apesar da imobilidade. Queria ficar ali por mais alguns dias, queria reunir forças para se separar do corpo amado, do seu cheiro ainda tão vivo, das suas mãos e daquele cabelo tão liso como o dela nunca pôde ser. Queria ser forte para poder colocar dentro do caixão todas as cartas e presentes que havia recebido dele. Queria jogar as fotos. Esse era o combinado. Combinaram não reviver seus momentos juntos, combinaram queimar a lembrança física e deixar que o resto se apagasse com o tempo. Ele achava que seria justo com ela. "Justo?", ela pensava agora. Justo seria que ele ainda estivesse lá, que seus corpos não viessem nunca a se separar. Nunca. Não gostava dessas palavras com efeitos generalizantes. Uma vez, contou-lhe um ditado budista (a verdade é que ela já não mais lembrava a origem - seria esse o primeiro indício da verdade sobre as memórias dos vivos?), algo como "amar é saber viver sem a pessoa amada". Ela entrou em pânico, ele, calmamente, disse acreditar que se fosse para ela ser um pouco (que fosse) mais feliz longe dele, abriria mão de sua presença. Ela, ainda em pânico. Ele tentando explicar sua crença num amor doador, ausente. Eram essas diferenças que a tinham atraído. Traído, agora. O corpo tinha sido levado ao cemitério sozinho. Ele não carregou nada de suas crônicas de amor, ele não levou nenhuma peça de roupa, nenhuma imagem, não levou nenhum disco nem o livro sobre crítica teatral. Não foi nem queimado. Todas as promessas foram traídas pela agonia de queimar o fim. Ela desejou ter morrido primeiro. Queria ter podido decidir pelo fim. Queria que aquele fosse o seu corpo. Queria, ao menos, poder saber onde o corpo estava, queria cartas para ler, fotos. Queria poder ler seu nome numa pedra e poder enfeitá-lo com coroas de orquídeas. E, agora estava só, era ela quem decidia. Escolheu ter um lugar pra regar com lágrimas.
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Terça-feira, Setembro 11, 2007


Ele anda tão desavergonhado que se mostra no ônibus, aparece no consultório do dentista, despenca no meio da rua. Sente falta das minhas tardes de sóis tórridos. Sente que em breve será derrotado novamente. Rins, próstatas, testículos e úteros vulneráveis. Nosso rosto não vai estar nas capas de revista, afinal. Afinal, não há por quê se esconder, nem pelo que sorrir ou chorar. 
Ele é urbano, banal, viril e tolo. Eu sou simples. 



 


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Sábado, Setembro 01, 2007


Nao fale desa Jurema se voce nao a conhece. 
Nao fale dessa Jurema se vc nao a conhece 
NÈ semente eh JUrema 
è semenete que vira o remedio, o corondureiro 
E semente 
Cai lah busca 
Bai bus 
É semete 
ªe semente 
ºE rJurema 
Vai cura 
E semente 
E semente 
E Jurema 
E jurema 
queima 
queirma 
jurema 
nao fale dessa jurema 
se voce nao a conhece 
nao fale dessa jurema 
se vc nao a conhecde 
e semente que nexe na mata 
e se,ante 
e semente que vira remedio, o curandeiro vai la buscar 
e semente 
e semnte 
e jurem,a 
e semente 
e esemnte 
e sjurema 
e semete 
vai la curar 
e semete 
e semente 
e jurema 
e semte 
foi buscar foi buscar 
encontrou 
jurema 
e semente 
e semente 
e jurema 
mas vai curar 
e emente 
e semente 
é semente 
e jurema 



+++++ uma pira muito louca +++++ 


Terça-feira, Agosto 28, 2007


Alguém conhece uma oficina de criatividade? 

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Quinta-feira, Agosto 16, 2007


Eu tenho uma série de desaforos pra te cuspir. Uma boca suja e torpe esperando o momento errado pra gritar todas as porcarias mais justas e injustas que você deve ouvir. Eu tenho raiva, rancor e pouca paciência. Coragem me falta, mas eu vou comprar ali na esquina e já volta. Te prepara.
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Terça-feira, Agosto 14, 2007


O amor é pouco. A certeza do cotidiano calmo e certo é pouco. Ela quer mais, precisa de mais ardência e de mais extremos. Não consegue imaginar um mundo em que não seja desejada todos os dias, com toda a alma, com desejo de morte e de vida. Ela precisa de mais, precisa de declarações à luz da lua, precisa de certezas gritadas, apertadas, sangradas. Não consegue viver sem ser a única. Ela quer mais do que tem, mais do que pode, mais do que sabe. Isso, pra ela, é a vida. Nada menos do que como a vida deve ser: suada, marcada, afônica; e brilhante, absurda, desmedida.