quarta-feira, 25 de maio de 2005

2005

Terça-feira, Maio 31, 2005


eu, triste: 
ai, como é ruim ter que te dividir com outro mundo 
eu, medrosa 
ai, como é ruim ter que te dividir com o mundo 
eu, ciumenta: 
ai, como é ruim ter que te dividir com um outro mundo 
eu, possessiva: 
ai, como é ruim ter que te dividir 
eu, respirando: 
ai, como é ruim ter que te dividir com outro mundo 
eu, suspirando: 
ai, como é ruim ter que te dividir com o mundo 
eu, compreensiva: 
ai, como é ruim ter que te dividir com um outro mundo 
eu, aceitando: 
ai, como é ruim ter que te dividir
--------->comenta, vai: 1 

Segunda-feira, Maio 30, 2005


Please, please, please, come back and sing to me and love me and save me and forgive me 
Não fique brabo, eu te amo 
Me desculpe, me entenda, se acalme 
Tenha paciência, seja bom, me ame 
Não me deixe, não vá, não durma, não vire, eu errei 
Esqueça, vá adiante, olhe além, nós 
Juntos, lindos, suados, sorrisos, abraços, pêlos, fique comigo 
Hoje, de noite, na chuva, com frio, cheiro de cigarro, na presença dos outros 
Eu quero, eu quero, eu gosto, eu te amo 
E erro 
Sempre 
E erro e magoo e enfraqueço e choro e desculpo e não melhoro 
Apesar também porém contudo através portanto mas 
Fique fique fique fique 
Mais.
--------->comenta, vai: 3 

Domingo, Maio 29, 2005


"Você sabe que isso tem chances de dar errado, não sabe?" 
Sabia. 
Na noite anterior, quando achou que tudo estava indo por água abaixo, quase ficou impotente porque achava que a profecia estava se cumprindo. Sentiu a grande falta que ele faria. E só tinha sentido como seria essa falta lá. 
Desde o começo sabia que podia acabar, mas tinha resolvido esquecer-se disso e continuar vivendo. Quando viu, estava fazendo planos pro mês que vem, pras férias que vem do ano que vem. A vida estava sendo planejada juntos e isso era bom. 
Sentada distantemente ao seu lado no cinema, esquecera o filme e se dera conta do mal que ele ia fazer longe dela e do mal que ela o faz perto dele. Não. Ele não faria mal longe dela, ele não faria nada, ele ia continuar a vida, ia se esquecer dela. Era isso que era mau. Agora ela sim, ela podia fazê-lo mal estando perto dela. Ela machucava e não sabia, arranhava suas costas enquanto achava que fazia carinho, suas boas intenções não eram suficientes para fazê-lo feliz. Tinha decidido deixa-lo ir. Porém, sua tristeza no segundo seguinte à decisão foi grande o bastante pra que ela corresse até seu braço e o apertasse. Não podia ser tão fácil, não queria ceder assim. 
Você sabe que isso tem chances de dar errado, não sabe? A frase não saía da sua cabeça. Sabia, mas ia se esforçar para prolongar aquela estadia. Amava o hóspede. Amava ficar longos minutos olhando pra ele, seu rosto grande, seus dedos longos, seu cabelo, suas pernas, seu peito. Amava seu toque e ansiava por ele. Confiava num sentimento inominado e custava a acreditar num fim próximo. 
Você sabe que isso tem chances de dar errado, não sabe? 
Sei, e daí? Eu te amo hoje. Depois a gente vê o que faz.
--------->comenta, vai: 2 

Quarta-feira, Maio 25, 2005


Sabe isso? 
Isso de achar que alguém é o "the one"? 
Sabe isso de achar que vai morrer sozinho e que não vai aguentar viver sem aqueles olhos em você? 
Sabe? 
Quando você diz "eu fiz de tudo pra você perceber que era eu"? 
Aí passa um tempinho na música, alguém diz "nananananananananana" e aparece uma nova flor? 
Sabe quando diz "pude então enfim amar"? 
É.... 
As vezes, acontece. 
A Flor - pra ver a animação e lembrar desses pequenos detalhes... 

Dia estranho esse meu... 

--------->comenta, vai: 1 

Domingo, Maio 22, 2005


Dizer o quê hoje eu queria dormir 
aí desejar não foi o bastante 
pra mim nesse caso a vontade continua
--------->comenta, vai: 2 

Quinta-feira, Maio 19, 2005


Essa coisa de não conseguir dizer que não gostei não faz bem. 
DÓI, SABIA? 
E não precisa tocar aí toda vez que quiser me atingir. 
EU NÃO GOSTO DOS SAPOS. 
Vou contar que eu não gosto, não vai mais poder dizer o que quer por que eu não vou mais ouvir. 
SABER QUE DÓI NÃO É O BASTANTE? 
Não vou mais ouvir. 

"this is my final fit, my final bellyache, 
no alarms and no surprises, 
silence silence" (no surprises, radiohead)
--------->comenta, vai: 2 

Quarta-feira, Maio 18, 2005


Primeira incursão no mundo musical... 
Mas fazendo o que eu sei (??? - ou gosto, pelo menos, que piada! mas antes isso que cantando...)! 

Deixa que eu conto: 
Domingo, 5h30 da manhã. 
Acordamos às quatro da matina, quase todos mal-humorados, especialmente eu, que dormi com pernilongos se aproveitando de mim. 
Entre resmungos e bocejos, fomos nos preparando para a maratona. 
O povo da banda precisava impedir o trânsito da Marechal Deodoro com a Tibagi, enquanto nós filmávamos uma simpática mocinha de vestido de bolinhas pretas desfilando pelo meio da Marechal. 
O sol nasceu, a cidade acordou, a gente filmou e tudo deu certo. 

(A Marechal vazia graças ao esforço da galera e à soneca a mais do tio da Diretran) 
 

Palavras da Xanda, a vocalista da banda curitibana Criaturas, modificadas por mim, pra poder ter lógica, né, pessoal. 

Superada a etapa Marechal, dormimos por 2 horas e fomos pra Santa Felicidade. 
Deixa eu e a Xanda irmos falando aqui.... tivemos que carregar e montar o palco e os equipamentos no local escolhido ¿ um terreno alto em Santa Felicidade, de onde se tem uma das vistas mais bonitas de Curitiba. O sol castigou, mas não ouvi ninguém reclamar muito (tirando eu, que comecei a sentir um enjôo de grávida que só passou as seis da tarde, quando tudo o mais já tinha cabado também...). Ligamos o gerador e tudo pareceu funcionar perfeitamente. 
Após horas de trabalho intenso, devoramos porções de polenta e frango frito do Madalosso (uma verdadeira farofada!), o povo vestiu os figurinos e iniciamos a filmagem da banda. Mas logo no terceiro take, começou a sair fumaça da caixa que estava reproduzindo a música pro Criaturas poder atuar. Ainda bem que era deles! A variação de corrente do gerador queimou também o aparelho de som do Eduardo, diretor do clipe, e daí em diante tivemos que utilizar os recursos mais absurdos para tentar obter a tal sincronia. Aí foi imprescindível a participação da Maíra, namorada do baixista, que ficava lá na rua, ouvindo a música no carro e regendo a banda com duas baquetas, movimentadas energicamente, como uma maestra maluca, pouco ligando para os curiosos que paravam no local para assistir à gravação (isso foi mesmo uma prova de amor... ela ficava lá, mantendo o ritmo, acreditando no sucesso dos meninos!). 
Diante desses impasses desastrosos, a banda fez o que pôde. O trabalho maior será da equipe de produção (Há!), que vai penar mais do que deveria para conseguir sincronizar as imagens com o som. 
Pra constar, filmamos com uma mini-dv e uma super-8, bacana, nunca tinha visto uma dessas funcionar de perto e tomara que o resultado valha o empenho... 
Fotos? 
A banda com cara de quem acordou e não gostou: 

 

A Bianca (é o nome da música da banda, acho que dá pra ouvir no site da Trama), a atriz. 
Participação especial do cabelo da Milena: 

 

Milena, Eduardo e Taci, cedo, muito cedo... 
 
(repararam nos óculos? aiai... esses cineastas famosos!!!) 

--------->comenta, vai: 1 

Segunda-feira, Maio 16, 2005


Agora é tarde. 
Você não vai conseguir se aproximar novamente. À minha volta, muros, árvores, cercas, fiações. Barreiras suficientes para te manter longe. As poucas vezes em que te dei a senha para acessar o atalho que te traria aqui, você preferiu ficar na porta, gritando qualquer coisa que eu não quis ouvir. Agora você não tem mais o direito de pedir para se aproximar. Eu já não me lembro mais de você e você não me reconheceria. Eu não tenho mais os teus traços, não ando como você. Nos meus pesadelos você não aparece mais. Eu deixei meus cabelos crescerem, como você não gosta. Você entende? Não há espaço para você aqui. Eu enchi a minha casa com pequenos objetos de valor. Comprei discos de bossa nova, canetas coloridas, fotos do meu corpo, listas, listas, listas. Eu sinto sono agora. Vou dormir sozinha, acordar com o meu despertador laranja e viver mais um dia sem lembrar de você. Hoje a tarde eu ergui mais uma cerca; agora é tarde o bastante para você bater à porta. Agora vai.
--------->comenta, vai: 1 

Quinta-feira, Maio 12, 2005


Hoje eu não... 
Eu quero saber onde está aquilo? Qual é o meu problema? Por que, de um jeito estranho e conhecido, eu me sinto tão mal? Por que eu precisei ficar fazendo de conta pra você? Por que não chorei, por que não me abri, por que não esperei que teu colo aparecesse pronto pra me cercar? Por que eu tive incerteza de nós? Porque eu sinto que preciso estar rindo o tempo todo, mesmo quando não sou eu. 
Porque eu esperava receber um sorriso toda vez que me visse nua, sincera. E agora tenho medo de ser uma chata instável que precisa de chocolate e carinho. Quem, além de mim, senta no meio da rua pra escrever suas tristezas? Quem faz isso quando tem pressa de voltar pra casa, quando se sente feia e tem fome? Por que eu estou assim? Que tipo de tristeza é essa que aparece de manhã e não me deixa mais? 
Queria poder te encontrar de novo, começar de novo, receber um abraço forte e responder não ao tudo bem. Ser sincera mesmo que você não gostasse. Dizer que esses pequenos insultos me magoam e que eu gostaria tanto quanto você de não mais voltar pra casa. EU TAMBÉM QUERO. E não quero ouvir as pessoas ao meu redor, não quero voltar pra casa, nem ir pra aula, nem falar com você. Uma cápsula de vidro ia bem, uma maracujina forte e uma noite de 15 horas. E, amanhã, amanhã sim eu quero você, o você que sabe quem eu sou, que me deixa entrar na cápsula e que não responde a todas as perguntas. 
Mas, amanhã, amanhã. 

(ouça, pra ficar feliz, #41, Dave Mattew´s Band.) 

--------->comenta, vai: 3 

Terça-feira, Maio 10, 2005


Ficou deitada na cama nua sentindo o cheiro cru da noite dormida 
Bom dia 
Ela sorriu bom dia não não levanta 
Você precisa ser menos romântica 
Não é romantismo pensou eu só quero te olhar daqui pela última vez 
Ele não sabia da partida o café está pronto 
Levantou-se contrariada tomou o último gole vestiu-se desculpando-se nós nunca tivemos uma interrupção até hoje é o fim até
--------->comenta, vai: 5 

Segunda-feira, Maio 09, 2005


Fica 
Por um momento eu senti a minha vida longe de você. Por um momento eu fiquei vazia e sua voz ficou muda ao telefone. Eu quero estar contigo hoje e em todas as próximas noites de domingo. Quero acordar com o teu bom dia e responder com beijos secos à tua presença ao meu lado. Quero não falar nada quando você estiver comigo. Quero ficar sorridentemente quieta quando sua mão pousar na minha perna e me fizer desejar prolongar esse teu toque pra sempre. Mais do que eu posso entender, eu quero estar aí. Eu quero acordar de manhã com o alarme da casa ao lado disparado e ver que você está mesmo ali. Quero olhar através das cartas do baralho e te encontrar, lindo. Quero entender essa falta que você provoca, quero te deixar preenche-la. Porque eu estou livremente presa a você. Porque é bom não ter medos, não ter jogos, não ter esconderijos. Porque com você eu sou, sem estar longe. Eu quero essas mesmas lágrimas sem sentido, essa dor de quem ama, a ansiedade do encontro. Eu quero você, desse jeito que eu estou (agarrada em você). Fica?
--------->comenta, vai: 7 

Quinta-feira, Maio 05, 2005


Bobeira. 

Está no site da Uol
"Um bombeiro que ficou gravemente ferido e sofreu uma lesão cerebral quando apagava um incêndio em 1995 recuperou de forma espontânea a capacidade de comunicar-se com as pessoas a sua volta e pediu para ver a esposa. (...) Herbert reclamou a presença de sua mulher, Linda, de seus quatro filhos, ao lado dos quais e de outros familiares passou 16 horas, até que entrou em um estágio de sono profundo que se prolongou por mais de um dia. (...) A família se mostrou muito cautelosa com a surpreendente mudança no estado do paciente, que é analisado por uma equipe de especialistas e de quem se deverá ter mais notícias amanhã." 

Na hora do almoço, sentada com os familiares, o assunto acima entre em pauta. 
- Vocês viram...? 
- È.... 
E a Milena, distraída, deixa escapar "que mulher trouxa!". Os familiares, espantados, procuram saber por quê ela pensa diferente dos demais. 
Sentindo a pressão e vendo o olhar de reprovação paterno, ela procura explicar, sem mentiras ainda. 
- Veja bem. 
Toda vez que começa uma frase com "veja bem" ela está fazendo uma piada interna. 
- Veja bem, são dez anos. Dez anos e não dez dias. Como alguém pode esperar um morto levantar da cama depois de 10 anos? 10 anos! 
- Milena, o que você sentiria se fosse você a estar em coma? 
- Pai, as pessoas mudam. É isso, eu ia ficar triste, lamentar, mas as pessoas mudam. São dez anos. 
E alguém, sabiamente, mudou o rumo da conversa. Eles já estavam questionando onde estavam os meus "conceitos sobre familia". A Maria perguntou "e o juramento que você fez na igreja?". Meu saco! 

Qual é o problema das pessoas mudarem. Há algo de não digno nisso? Quer dizer, são dez anos, sua vida precisa continuar e, naturalmente, você vai se distanciar daquela pessoa que não mais está com você. Sim, pouco romântico mas deve ser assim mesmo. 
E eu que acredito em juramentos, promessas e amores eternos, acho que as juras de altar não cobrem estado de coma, agressões físicas, falta de amor, abandono em uma ilha semi-deserta. 
Julgamentos de família - a gente diz que não liga mas sempre fica de cara com o que eles podem pensar da gente. 

--------->comenta, vai: 5 

Segunda-feira, Maio 02, 2005


Vai. 

No começo, minha cara, no começo eu não te conhecia. 
Não sabia que um dia eu iria embora. 
É por isso que fiz planos. Por isso que quis passar muito da minha vida ao teu lado. Acho que te amei o tempo que foi preciso te amar e hoje não sei como agir com você. 
Eu recebo teus telefonemas com pesar. Quer dizer, sei que você está depositando em mim algo que eu não posso mais receber e por isso quero fazê-la parar. 
Nossas vidas não combinam. Não quero estar longe de você quando quero estar perto. Não quero essas muitas regras que você me impõe. Não quero te deixar em casa. Não quero esse seu mundo confuso, essas suas culpas, suas mudanças de humor, esse teu passado nublado e teu futuro inóspito. 
Por favor, afaste-se. Deixe que eu vá aos poucos, porque pra mim também não é tão fácil. Mas ainda vejo tempo de evitar piores sensações. 
Eu não tenho mais paciência pras tuas histórias, pros teus carinhos e aproximações. Deixe-me ir. 
Desculpe-me por só poder fazer parte da sua vida como história. Vou receber tuas ligações que virão. Não vou ser um idiota com você. Mas não posso dar mais, não te amo mais, não posso ir além. 

(Me deixa, O Rappa.)
--------->comenta, vai: 4 

Domingo, Maio 01, 2005


Esperando Godot 
Eu estava dormindo, enquanto os outros sofriam? Estarei dormindo agora? Amanhã, quando eu estiver pensando que acordei, que direi do dia de hoje? Que junto com Estragon, meu amigo, neste lugar, até o cair da noite, eu esperei por Godot? Que Pozzo passou com seu escravo e falou conosco? Sem dúvida. Mas o que haverá de verdade em tudo isso? Que esperamos por Godot há tanto tempo? Certamente. (...) O que haverá de verdade? Com um pé na cova e um nascimento difícil. Do fundo do buraco, indolentemente, o coveiro aplica seu fórceps. Temos o tempo de envelhecer. O ar está cheio de nossos gritos, mas o hábito é uma grande surdina. Não posso continuar... o que foi que eu disse? Ele não saberá de nada. Ele falará dos golpes que recebeu e eu lhe darei uma cenoura. Também para mim alguém está olhando, também sobre mim alguém estará dizendo: Ele está dormindo, ele não sabe nada, deixe-o dormir. 
(Samuel Becket) 



Esperando Godot. (versão da Milena escrita antes de ver a Eva Wilma recitando emocionada o texto acima) 
"O ser humano é passado, não consegue VIVER. Os dias passam e continuamos esperando Godot. Espera desesperançosa." 08/04(2004) (porque sempre anoto a data das minhas anotações, pra não perder o tempo que se foi). 
Esquisito isso, não é? Esquisito como estou sempre tentando "não perder o tempo que se foi". Porque sempre tento negar isso, dia após dia. Como corremos de um lado para o outro, como vamos para a faculdade, para a academia, para o Inglês, para o cinema, para o curso de extensão, e como acreditamos que tudo isso é vida. Mas, a faculdade não é feita para o hoje, e sim, para quando formos procurar emprego, estarmos mais qualificados. A academia é pra quando formos mais velhos, bem mais, conseguirmos subir as escadas do nosso apartamento com um mínimo de autonomia. O Inglês é para uma viagem, num dia, quando der. E assim vai. 
E enquanto isso, continuo, no íntimo, esperando. Esperando quem? Ah é! Estamos esperando Godot! Mas, quem é Godot? Não importa, ele pode ser a felicidade, um deus, uma pessoa, pode ser uma oportunidade, um amor, um dia, a morte. Continuamos esperando o que só virá quando não mais estivermos acordados. Eu continuo esperando o "há de vir", mesmo que ele seja como o 29 de fevereiro, mesmo que seja como a copa do mundo, como ônibus de madrugada, como festa de Centenários. Sempre à espera de algo, desse Godot. Algo que pode chegar ou não. É o velho problema do tempo, das "horas". Como busco ocupar todo tempo que tenho com coisas banais e depois, quando o dia passa, não seria capaz de responder o que de relevante foi feito do dia. Por que sempre esperamos o super-homem capaz de satisfazer nossas aspirações, de nos levar para longe de nossos medos, para vivermos num local seguro e divertido? Por quê, a todo o momento, tento tirar de mim a responsabilidade sobre minha própria vida? Porque estou sempre esperando Godot e mesmo sabendo que ele não vai chegar, eu vivo exatamente igual, ainda esperando por ele? É o eterno problema com o presente, com a transitoriedade da vida, com o medo do segundo seguinte. E eu não vivo, eu só espero. Ansiosa pelo dia de amanhã, chorando pelo que aconteceu ontem. É sempre isso, nunca são aflições pelo que está acontecendo agora, porque, tristemente, nunca tenho consciência do que está acontecendo nesse momento. É sempre tarde ou cedo demais, nunca no momento exato. É sempre uma espera ou um lamento. E, dia depois de dias, esperando... olhando a janela... esperando "Godot". Infelizmente.