terça-feira, 25 de outubro de 2005

2005

Quinta-feira, Outubro 27, 2005


"Dor de crescimento" - foi o diagnóstico. 

Ontem você me disse sobre as coisas que eu quero. Foi bom te ouvir falando sobre mim dessa vez. Voltei ao médico hoje, o mesmo que fui até os oito anos, quando sentia dores nos ossos e nas articulações. Disse que tinha voltado a doer e pedi que ele fizesse parar. Suspirou, me olhou com aquele olhar compreensivo e balançou negativamente a cabeça. ¿Mas você fez parar uma vez!¿, insisti. As dores agora, ele disse, eram minhas. Eram minhas as enxaquecas, as palpitações, as certezas e as não, os cansaços, o músculo, a vontade, a desistência, a responsabilidade era minha. Era como quando eu tinha oito anos, mas sem relaxante. Disse que eu podia desistir também, se eu quisesse. ¿Você quer o quê?¿. Ia sair da sala, preferira o uso do martelinho pro reflexo a essas pequenas questões. Mas ele sempre teve razão, sempre esteve certo: o diagnóstico mais inicialmente inaceitável sobre as dores de crescimento era consistente. Doeu muito por pouco tempo, mas eu também só cresci até os 12! Ah se eu pudesse mudar isso! Então eu fui te encontrar e você falou das coisas que deseja pra mim, falou comigo depois de muito tempo, senti um carinho que parecia perdido e tive coragem. Coragem. Depois de molhar um pouco o rosto, me senti como a mulher mais cheia de potencial que já viveu. As articulações voltaram a doer e eu agüentei firme. Agora deixo o recado na porta de casa: Estou aceitando ajuda para chegar a 1,75m. 

"It's not going to stop... 
It's not going to stop, 
Till you wise up." 
(Wise Up - Aimee Mann, porque eu estou muito musical...) 


--------->comenta, vai: 2 

Segunda-feira, Outubro 24, 2005


Você já sentiu MEDO? 

--------->comenta, vai: 1 

Sábado, Outubro 15, 2005


PRIMEIRO ANDAR 
Eu decidi, eu preciso ir. Sei que era o que você queria pra mim, mas meu medo de deixar para trás tudo o que nós conseguimos era tão grande que me impedia de ver o lógico: é preciso ir. Ontem, ontem depois que deixei a tua casa e peguei o trem uma clareza inundou minhas idéias e resolvi assinar aquele papel. Agora eu vou. Vou porque estou muito ligada a você, muito dependente daquelas outras pessoas e incapaz de deixar minha segurança conhecida para aproveitar essas novas oportunidades. Talvez não dê certo. Talvez quando eu voltar você já não esteja mais aqui, ou talvez esteja, mas já tenha se acostumado com a sua vida sem mim. E talvez isso seja duro, imaginar essas mudanças já doem muito mais do que eu pensei. De repente, as férias que tanto esperamos vão ser deixadas pro ano que vem e eu posso nunca saber o que é estar com você, calmo. E essa decisão. A verdade é que estou com medo. Um medo tão grande que eu não quero enfrentar, que eu poderia deixar passar porque não há algo que realmente me obrigue a ir. Daí, quando eu voltava pra casa ontem, depois de um dia difícil e cheio de impressões ruins, entendi que nada na minha vida vai mudar se eu não for embora agora. Você pode me entender? Tem muito pouco a ver com você, mas se eu passar por isso agora, são as nossas vidas que podem melhorar. Isso se nós pudermos esperar. E eu não sei o quão forte nós somos. Eu fiquei tão feliz quando o sol voltou a brilhar nessa cidade, parecia que eu estava mofando como as paredes, desejei mais que tudo poder viver num local que me deixasse sempre disposta como naquela quarta-feira. E lá não vai ter mensagens enviadas no começo da manhã, não vai ter um almoço rápido no meio da semana só pra matar um pouco das saudades. Eu não sei se eu estou pronta. Não sei se é questão disso também. Mas hoje está tudo tão difícil aqui, tudo tão cheio de mentiras, de dependências, de loucura, tão cheio de tudo que eu não quero mais, tão cheio de coisas que não sou eu mesma. E eu acho que pode mudar, que sou eu quem pode fazer isso. Me desculpa, mas eu vou ter que deixa-lo aqui. 

Ou, em outras palavras: 

Já vou, será 
eu quero ver 
o mundo eu sei não é esse lá 
Por onde andar eu começo por onde a estrada vai 
e nao culpo a cidade, o pai 
Vou lá, andar 
e o que eu vou ver eu sei lá 
Não faz disso esse drama essa dor 
é que a sorte é preciso tirar pra ter 
perigo é eu me esconder em você 
e quando eu vou voltar, quem vai saber 
Se alguem numa curva me convidar 
eu vou lá 
que andar é reconhecer 
olhar 
Eu preciso andar um caminho só 
vou buscar alguém que eu não sei quem sou 
Eu escrevo e te conto o que eu vi 
e me mostro de lá pra você 
guarde um sonho bom pra mim.
--------->comenta, vai: 6 

Terça-feira, Outubro 11, 2005


Tô com tanta raiva de algo que não deveria estar. 
Perco a calma por motivos idiotas e não consigo encontrá-la depois. 
Coço a testa pra conseguir três segundos de ar puro. Não passa. 
Agora me tornei uma invejosa e egoísta também. Mas isso não faz parte da raiva. É constatação das coisas podres que poluem a minha existência e que fico espalhando por aí. 
Prendam-me. 
--------->comenta, vai: 2 

Domingo, Outubro 09, 2005


- As coisas são mais do que isso, entao?! 
- É, não é bonito? 
- Vou precisar que você cuide de mim. 
- Ah, você não vai precisar. Fique tranquila. 
- Tá tudo bem, só quero ter certeza que se algo der errado você vai estar de olho. 
... 
Não vai dar pra contar, né? 
- Você nem conseguiria. Deixa entre nós, eu entendo, eles entendem... 
- Talvez eu nunca mais consiga expor nada, contar algo, escrever. 
- Relaxa, você consegue contar as outras coisas ainda, você é boa nisso. 
- ... tá tudo tão bonito hoje, tão macio...
--------->comenta, vai: 0 

Domingo, Outubro 02, 2005


E de repente você me manda embora. E eu não posso mais dizer que ela sou eu, como sempre fomos a mesma pessoa. E pelo jeito tudo vai acabar logo, talvez estejamos com dias contados. E se eu quiser voltar? Quer dizer, e se eu não quiser ir? Mudar-nos-emos. E depois? E se eu ainda quiser você? Agora eu não penso nisso, agora eu te imagino comigo, longe. Agora eu me engano, faço de conta que tudo vai ficar como está e sonho com a seqüência dos dias que virão até tudo entre nós se esgotar.