domingo, 18 de abril de 2010

Solamente

Muito cansada de estar sozinha. Hoje de manhã, ela colocou o colchão na sala, no exato lugar onde a marca do sol esquentava um trecho da casa que ela nunca reparou. Precisava se sentir aquecida, protegida, acompanhada. Dormiu com o sol na cabeça, com a tv ligada, e acordou só, de novo, triste de novo. Mais um domingo para sobreviver. Começou a ingerir pílulas, a enganar o estÇomago, a dormir dias inteiros esperando o momento em que a cabeça ia parar de doer, o coração ia parar de gemer e as lembranças sossegariam. Dorme, dorme e quando acorda não sabe direito se o que viveu do outro lado foi verdade ou não. Mesmo lá, raramente tem alguém por perto. Tão cansada de cuidar de tudo, de olhar pra trás e ver o tempo perdido e as poucas mudanças. Acha que vai deixar o colchão permanentemente na sala, pelo menos enquanto for inverno e o sol entrar pela janela e puder fazer companhia a ela nos dias em que ela só não queria estar apenas por sua conta.

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